[Auto narrada] Andarilho no Reino dos Elfos.

Estava caminhando já algum tempo por uma trilha ao qual haveria me direcionado ao reino de Eldacar. Não seria a primeira vez que iria para lá. Contudo, já faziam bons anos que não colocava meus pés naquela região repleta de florestas e Elfos em toda parte. Sinceramente, eu não possuía nenhum problema com os Elfos, talvez sua pompa toda fosse algo irritante, mas para mim pouco importava. Se eles queriam ficar se achando o cálice sagrado, dane-se. Nada iria mudar em minha vida.

O motivo que eu havia ido para Eldacar? Bom... este era em razão de estar servindo de escolta a uma jovem Elfa; talvez nem tão jovem assim, já que, pelo que ouvia falar ela já deveria ter mais de trezentos anos. De qualquer forma, estava caminhando em frente a carruagem enquanto outros dois elfos seguiam na retaguarda. Típica estratégia de escolta simples, porém, eficaz. Havia aceitado este trabalho em uma cidade há algumas centenas de quilômetros atrás, já que, o grupo da Elfa havia me avistado em uma taverna em busca de serviço. Eu era um aventureiro cujo objetivo era ganhar dinheiro para enfim encontrar um local em que pudesse chamar de casa, construindo uma família digna aos Onis.

Mas almejar e alcançar seus sonhos era algo difícil, e olha que já havia estado em algumas guerras; de longe eram tão árduas quanto o que desejava. Servir de babá não era lá o melhor dos serviços, mas era algo que eu sabia fazer bem. O real problema era ter que aguentar a cara de mal humor dos guardas-elfos em razão de minha má reputação. Eu ouvira seus cochichos e já estava me aporrinhando o saco algum tempo. Entretanto, optei por não falar nada e seguir meu caminho até completar o serviço, afinal.

Um pouco mais de tempo e logo chegaríamos na entrada de Eldacar. Em algum momento, havíamos feito uma pausa em nossa viagem. O motivo? Bom... a jovem Elfa havia exigido uma pequena pausa para um almoço. Eu estava com fome, então havia sido em boa hora. Afinal, estava com fome já faziam algumas horas. Não sabia dizer quem era de fato aquela jovem, também não importava muito, mas o banquete que havia servido era bastante luxuoso. Apesar que era típico dos Elfos esse requinto. Eu por outro lado, havia me sentado em um tronco de madeira velho cujo fora suficiente para servir de banco ao tempo que pensava sobre o que iria comer.

Graças a benção que carregava comigo do Deus Jord, comida jamais seria um problema. Aonde havíamos parado, entre algumas arvores e um pequeno rio, cuja sombra das nuvens confortavelmente acobertava boa parte do local, propusera um lugar adequado para descansarmos; pelo menos os Elfos, eu estava com muita energia apesar da fome.

Logo então, aproveitei do rio para apanhar alguns peixes, juntamente com algumas algas com proposito de salientar o sabor dos peixes. – Agradeço as suas vidas, pois faram parte da minha. Proferia em honra aos peixes, pois, tirar a vida de um animal para alguém cujo caminho era o mesmo de Jord, era estritamente proibido; exceto para sustento próprio. Qualquer coisa que possuísse sabor me era agradável, então era fácil me alimentar. No entanto, eu realmente comia em grandes quantidades. Tal fato é, que os elfos estavam atônicos com quantos peixes havia comido.

Eu havia me aproximado e oferecido a eles um pouco, afinal. Compartilhar era um dos dogmas do Deus da Fartura e eu apreciava. ~ Gostariam de aproveitar um pouco? Os elfos comiam carne como de ovelha e carneiro cujo sabor era divino, apesar de pouco, eles não desperdiçavam nada. Infelizmente eles haviam recusado minha generosa oferta, mas logo me obstei deles e retornei a comer sentado em frente ao lago.

Era complicado trabalhar com os Elfos, ainda mais para os da classe nobre. Todavia, era um serviço fácil e de bom pagamento. Até porque eles eram comprometidos a pagar, sempre. Diferente de outras raças que eram larápios, elfos eram esnobes e grande parte de boa índole. A jovem elfa não me discriminava, apesar de minha má reputação e de seus subalternos, ela simplesmente evitava qualquer assunto sobre meu passado. De certa forma isso me acalentava, afinal, já não era mais aquele homem vil e buscava novos horizontes, diferentemente do passado que me satisfazia com a gloria e avidez da batalha.

Não tardou para seguirmos outra vez pela mesma estrada. A elfa não havia falado nada e nem perguntado nada, isso era até algo bom, se comparado aos outros que perguntam mil coisas sobre os Onis. Entretanto, o silencio também era um pouco inquietante a mim. Determinada hora que pensei em puxar assunto, um grupo de ladrões saíram de trás de algumas rochas. “Huffs. E eu pensando que ia ser algo fácil.” Ponderei comigo, fazendo sinal para o motorista da carruagem frenar e esperar meu sinal. ~ Esperem aí. Eu resolvo. Havia sido pago para isso, então era o mínimo resolver sem a ajuda deles.

Havia me comprometido em ser pago para proteção, e era isto que iria fazer. ~ Acho melhor irem embora com suas integridades físicas intactas... antes que eu mude isso. Proferia com um rosto um pouco mais sério. – Huahahaha! Vejam só galera! O barão contratou um guarda costa bastante impressionante para proteger sua amada filha. O risco vale apena né não?! O líder dos saqueadores estava com seu rosto coberto. ~ Compreendo. Então já sabiam que estávamos chegando. Concluirá sem descruzando os braços.

– Uoow! O grandalhão tem cérebro além de músculos. Eles puxavam suas adagas e espadas durante o tempo que pareciam ansiosos e nervosos. Olhava sutilmente para trás e percebia os guardas-elfos acuados. Afinal, deveria ter por volta de uns dez ladrões. Contudo, para mim não passavam de moleques ranhentos desesperançosos com a vida. – Ataquem! O líder encapuzado gritava e logo eu era cercado pelos ladrões, sendo atingido por todos os lados.

Nada acontecia. Suas lâminas nem se quer penetravam minha armadura e suas forças nem se quer faziam meu corpo se mover. ~ Eu lhes avisei. Pontuava, logo desferindo um tapa na cabeça do mais próximo e nocauteando ele com impacto. Rapidamente todos se afastavam e ficavam olhando um para o outro, exceto seu líder que inconscientemente sabia a merda que havia feito.

Foi então que um dos ladrões gritou. – Eu falei chefe, só pode ser ele! Ele apontava para mim. – É o Terror Negro! Foi então que o líder arregalou os olhos e em dúvida, se continuava ou corria, tentou argumentar. – V-V-Vá e-embora, e não iremos atrás d-de você. Era até lamentável ver aquilo, mas eu precisava cumprir minha parte. ~ Você quer dizer que “irá embora” e “eu” não irei atrás de vocês, correto!? Pisava com pé a frente e então cerrava os punhos. Foi neste momento que alguns dos ladrões deram fuga. ~ Oh! Uns já foram... sorte a deles. Então mais um passo a frente fora suficiente para o restante dar no pé.

Havia sido mais fácil do que esperava. Detestava minha má reputação, mas por outro lado as vezes era útil. Os ladroes havia corrido floresta a dentro e os guardas elfos pareciam mais calmos. ~ Vamos continuar cocheiro. Falava para o homem que estava dirigindo a carruagem que estava a elfa. Um dos guardas havia amarrado e prendido o ladrão que havia derrubado, provavelmente para descobrir mais tarde o arquiteto do assalto.

Sem delongas, havíamos atravessado a entrada de Eldacar e foi então que ouvi a voz da jovem elfa. – Obrigado por não os matar sem necessidade. Sua voz era doce e parecia ser uma boa pessoa, apesar das aparências. ~ Não se engane, jovem. Se eles houvessem tentando tomar minha vida outra vez, eu teria o direito de tomar a deles sem pensar duas vezes. Cordialidade e misericórdia devem ser dadas sabiamente. Ela então fazia sinal para o guarda me pagar e ele fizera sem um pingo de cortesia.

Uma despedida rápida, no fim. Todavia, não era como se estivesse esperando um prêmio. O pagamento havia sido justo e a viagem tranquila, apesar do pequeno e breve problema. Após andar algumas centenas de metros, notava que uma mensagem havia surgido do além. ~ O que? Era algo estranho e misterioso. “Será algum tipo de recado de algum Deus?” Não entendi bem a situação, mas não seria a mais estranha que houvera passado. Afinal, eu havia vindo do continente de Mu e lá existiam muitas coisas absurdas.

Havia aceitado o desafio e feito cem flexões e cem abdominais, apesar da minha robusta armadura, o equipamento não dificultava em nada por motivo da minha exuberante força física. Concluindo rapidamente os dois exercícios e retornando a caminhar pela estrada de Eldacar.