[Narrada/+18/Aberta] Amanhecer em Malum'cruz

Nas profundezas das sombras e na névoa do tempo, ergue-se uma cidade costeira em ruínas, um refúgio esquecido pela passagem implacável das eras. Um local que outrora foi um centro comercial vibrante, agora é um covil onde os ecos do passado se entrelaçam com as maldições do presente. Aqui, na cidade sombria de Malum'cruz, o destino teceu um manto de esquecimento sobre os segredos sussurrados pelas marés. Ruas que um dia vibraram de atividade agora serpenteiam entre pedras gastas, vestígios solenes de tempos mais prósperos. Entre as fendas das muralhas desmoronadas, murmúrios se entrelaçam como teias de aranha, conectando os vivos aos sombrios recessos do esquecimento. Fugitivos e criminosos de terras longínquas encontram aqui um abrigo, onde as linhas entre passado e presente se desvanecem, e os perigos do mundo exterior são obscurecidos.

É no coração sombrio dessa cidade que os verdadeiros senhores da noite traçam seus destinos. Os vampiros Impuros, nascidos da escuridão e do sangue, encontraram em Malum'cruz um reduto singular. Nas sombras, eles se contorcem e deslizam, esperando pacientemente pela noite. E enquanto a trama dos Ignobles, uma sinistra ordem, se desenrola, encontram seguidores ansiosos por poder em meio às névoas sombrias. Mas no centro dessa escuridão, onde os suspiros da cidade ecoam, uma única luz teima em brilhar. A Taverna da Lua Sangrenta emerge como um farol enigmático. Suas janelas embaçadas e madeira enegrecida acolhem os renegados, proporcionando um breve alívio da escuridão avassaladora.  Em seu interior, as paredes desgastadas pelo tempo são envoltas por uma penumbra que parece absorver o próprio ar, um eco sutil da névoa perpétua que paira sobre a cidade.

As mesas de madeira enegrecida ocupam o recinto, cada uma carregando sua própria carga de histórias perdidas e segredos murmurados em tons baixos. O brilho trêmulo das velas em castiçais enferrujados lança uma luz vacilante sobre os frequentadores, criando um jogo de sombras que dançam nas paredes, como se os segredos da cidade ganhassem vida própria. Ao fundo, um balcão robusto de carvalho desgastado serve como refúgio para o estalajadeiro sombrio que silenciosamente enche canecas de cerveja escura e vinho rubro. Garrafas e jarros exibem rótulos desbotados e amarelados, testemunhos da passagem inexorável do tempo e da degradação que permeia Malum'cruz.

O aroma de carne assada e pão fresco flutua do canto da cozinha, deslizando pelas narinas dos clientes e instigando os estômagos famintos, o que favoreceu ainda mais para que ambos decidissem comer suas refeições. Atrás de um pano enegrecido, utensílios se agitam em um ritmo silencioso, criando uma harmonia sutil com os murmúrios e risadas do salão principal. Os assentos de couro ressequido oferecem aconchego áspero, lembrando os frequentadores de que este é um lugar de sobrevivência, onde o conforto é um luxo raro e os momentos de relaxamento são tão fugazes quanto os raios de sol que jamais tocam a cidade costeira. No entrelaçar das sombras e da decadência, a Taverna da Lua Sangrenta é um refúgio inquietante, um microcosmo que ecoa as próprias cicatrizes e segredos da cidade que a abriga. Entre os murmúrios das conversas abafadas, cada olhar furtivo e taça erguida carrega consigo a carga de uma existência abraçada pela escuridão de Malum'cruz.