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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio Empty [Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

Mensagem por Reves Dom Set 03, 2023 11:10 am

Centelha de Ódio
encontrando-se com uma divindade
— Ano/Estação: 840 DG / Verão
— Pessoas envolvidas: Opal Quartz
— Localidade: Tekkionia – Ilha Aço-áureo
— Tipo de aventura: Narrada.
— Aviso: Álcool, Linguagem Explícita, Conteúdo Sensível e Violência.
「R」

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As pessoas comuns fecham os olhos para se protegerem da realidade.
Mesmo eu sendo o único, quero manter os olhos abertos."

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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio Empty Re: [Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

Mensagem por Reves Dom Set 03, 2023 12:11 pm

Opal Quartz


Centelha de Ódio
Legenda

Mais o que caralhos poderia ser... — Inquietude. Essa palavra definia bem minha situação atual. Meus olhos tremulavam irritados com a visão da gema que carregava em mãos, analisando sua estrutura rúnica enquanto tentava decifrar o que sua figura ilustrada representava. Girava o medalhão de um lado para o outro, aproximava-o de minha face para avalia-lo mais de perto, e mesmo assim, não conseguia formular mais nenhuma resposta para o dilema que se encontrava em minha frente.

Desde que recebi essa gema de uma colega Ignoble, que vivia na margem de Tekkionia, eu não conseguia pensar em mais nada além disso. A curiosidade surgiu no momento que reconheci as propriedades mágicas do objeto, tratava-se de uma runa contendo uma magia única de teletransporte, e isso era tudo que conseguia descobrir somente examinando, o que levantava mais dúvidas do que gostaria; "Quem criou esse item?" "Para qual lugar isso leva?" Eram as primeiras que vinham na mente, no entanto, o maior mistério era sem dúvidas a figura que a gema carregava em sua imagem: "uma mulher com chifres segurando uma serpente, uma centelha divina pulsa no lugar de seu coração".

Sou uma maga e artífice, e não uma paladina ou clériga. O que ela tinha em mente ao me entregar isso? — Indagava-me sozinha, ainda encucada de não possuir uma resposta. Segundo a antiga proprietária do objeto, a gema teria sido um presente divino entregue por uma entidade que se denominava como "Deusa Estagiária da Ansiedade". Não possuía conhecimento religioso além de minhas próprias crenças, mas tinha certeza que não havia escutado nenhuma menção ou culto sobre essa deusa até receber a gema. Por minha intuição, com base nos fatos apresentados, deduzia que a finalidade do item era teletransportar o usuário para o mesmo local de uma divindade, mas além de ser uma teoria muito extraordinária também existia um grande perigoso, caso fosse verdade, pois eu não identificava com qual entidade iria me encontrar. Meu lado racional dizia para tentar esquecer e continuar meus afazeres rotineiros, mas...

Só existe uma maneira de descobrir. — suspirei, aceitando os fardos que viriam dessa decisão — As respostas para todas as minhas dúvidas estão bem aqui. — sem mais estender o momento, ativaria a magia contida na runa e deixaria que essa tivesse seu efeito desejado. Os eventos seguintes eram nublados demais para tentar compreender como prosseguir.


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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio Empty Re: [Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

Mensagem por Volker Seg Set 04, 2023 3:16 pm




»» Centelha do Ódio ««

- O Amuleto -


♠ ♦ ♣ ♥


Bastava um toque, uma emissão de Mana para que a runa presente no medalhão reagir, aquele medalhão tão casualmente obtido e tão estranhamento observado. Uma figura estranha, uma sensação repentina, uma análise aguçada, Opal certamente estava certo na funcionalidade do objeto, porém sua imprevisibilidade fosse a ela uma razão para um racional receio de sua parte. Por mais lógico que fosse não manifestar a magia do medalhão, mais tentadora era a sensação que ele emitia, bastava um olhar atento na centelha para sentir uma suave vibração ao pé do ouvido, para sentir o ar mais rarefeito e até mesmo os próprios movimentos mais lentos, um desejo tão trivial quanto perigoso, agir ou não agir até que enfim uma decisão fora tomada. Bastou um toque sobre a runa para a centelha sumir e Opal parar de enxergar. Um desmaio? Não, parecia que toda a luz ao seu redor havia sido consumida, suprimida e afastada de si, coincidentemente junto da centelha que antes havia naquela imagem incrustada no amuleto. A princípio havia silêncio, mas talvez fosse somente um choque repentino pela ocasião, bastaria alguns segundos para que a autômata percebesse isso.

Ela não conseguia enxergar nada abaixo da linha da cintura, como se a escuridão fosse algo sólido e não uma fumaça negra da qual pudesse ser dispersa ou dissipada, ela poderia andar, mas notaria uma resistência ao caminhar, como se afundasse em lama molhada ou andasse por dentro de algum lago. Podia sentir um frio angustiante, não o do tipo que incomoda, mas sim o que aflige, porém ela não parecia sentir-se só. Andando ou parada, era capaz de sentir algo rastejando por suas pernas lentamente, arrastando-se para lá e para cá, como serpentes. Os olhos agora mais habituados a escuridão, podia perceber um espaço circular com dezenas ou centenas de colunas, por onde a brisa fria parecia emergir, a distância ela podia somente perceber o formato da construção, mas de perto ela podia enxergar rostos de pedra disformes, entalhados em mármore negro que derretia lentamente, fazendo as faces se contorcer e se sobrepor umas nas outras. Uma atenção a mais, faria ela perceber que a brisa fria possuía sons distorcidos, vozes penitentes, baixas e incompreensíveis. Talvez Opal fosse acometida pela curiosidade de aproximar-se mais a fim de compreender o que diziam, mas uma batida ritmada ecoou pelo local. TUM DUM! Ela podia ouvir, e o ritmo apesar de constante era gradativamente mais baixo. Assim, a mulher poderia caminhar com dificuldade por entre as pilastras, sentindo aqueles batimentos mais baixos e os murmúrios mais altos, fazendo-a perceber com o passar do caminhar que as palavras eram compreendidas embora sua totalidade se perdesse pela infinidade delas.

Praguejos, maldições, lágrimas, súplicas, a variedade era muita, mas um incômodo se instaurou na autômata, algo que embaralhava seus núcleos com uma sensação bastante humana, havia pingos de ódio em cada palavra entendida, assim como aos poucos a escuridão do chão permitia a ela observar rastros rubros em formato de escamas. O ambiente opressivo, lhe esmagava a estrutura corporal, conforme ela enxergava enfim um semblante no horizonte. Ainda parecia ser uma grande coluna, que projetava-se para uma espécie de plano superior, mas havia naquilo algo bastante diferente. O rubro dos rastros pareciam convergir para aquela coluna, conforme o vermelho tornava-se mais forte naquele local. A luz rubra passava a banhar o local e Opa podia observar acima de si uma forma triangular bem distante. Sua dimensões eram imensas, como se fosse um grande tecido vermelho cobrindo um teto inexistente, duas extremidades espalhavam-se para direita e para esquerda e a terceira parecia estar bem ao lado daquela coluna, onde Opal pode ter enfim um vislumbre que lhe roubava não apenas as forças, mas que a fazia se sentir novamente uma mera humana.

[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio F6aff0eca06ae713036645f613f76c3f49ad2a92

A Coluna rubra, nada mais era que uma gigantesca serpente com escamas, sua cabeça permanecia alta e sua mandíbula estava aberta de uma forma bizarra, expandida como se fosse o topo de uma gramofone. Ao lado da serpente, pairando sobre o nada havia uma figura humanóide, o brilho vermelho emanava nela com a mesma intensidade da centelha, revelando através da pele translúcida ossos negros e um coração pulsante, seus cabelos negros pareciam úmidos, mas nada daquilo era tão impressionante como sua fala. Opal podia ouvi-la sussurrar a centenas de metros de distância, não era apenas uma voz, mas milhares, reproduzindo todos os idiomas conhecidos e até mesmo os que haviam se perdido e os que ainda haveriam de ser criados, ela os dizia para a serpente, que ‘engolia’ aquelas palavras e fazia suas escamas chacoalhar, daqueles espaços mais serpentes surgiam, repetindo o processo, multiplicando aquelas palavras com tanta intensidade que por alguns instantes a autômata pareceu alucinar, ou mesmo sentir-se insana. As serpentes rastejavam por entre as colunas, passeando pelos rostos, transmitindo aquelas palavras ao pé do ouvido dos suplicantes. Foi então que Opa pode sentir uma gota de chuva em sua face, mas não de algo comum, uma gota que vinha do chão e subia aos céus. Se a mesma tocasse, perceberia que não era água, mas sim sangue, que subia a uma intensidade crescente até aquele véu rubro o qual pode perceber agora, se tratar de pele e mostrar por meio de linhas de cicatrizes um mapa do Mundo. - Sua presença era esperada. - uma voz feminina lhe sussurrou ao pé do ouvido. Mas não havia ninguém ao seu lado. Daquele céu de sangue e pele a figura feminina desceu, carregando consigo o véu que se revelava um manto, o qual ela carregava por cima dos ombros até descer na mesma escuridão em que a autômata estava.

A distância reduziu-se a metros e a figura translúcida era preenchida pelo mármore, dando-lhe pele rígida a qual não era coberta o peito, onde uma centelha brilhava forte, revelando a forma de Kalah, a divindade do Ódio - O que quer, no templo do Ódio. Opal Quartz?










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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio Empty Re: [Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

Mensagem por Reves Ter Set 05, 2023 2:02 pm

Opal Quartz


Centelha de Ódio
Legenda

Mesmo estando ciente dos possíveis riscos que assumia naquele instante, nunca poderia imaginar tamanha reação em cadeia que minha decisão acabava de provocar. De um instante para outro, não só perdia a centelha em minhas mãos, como também era lançada num aparente vazio de escuridão. Os novos estímulos, ou a falta deles, causavam-me um desconforto momentâneo, todavia, não perduravam muito após entender a situação que me encontrava.

Mais o que é tudo isso...? — Murmurava ao vazio, recebendo o silêncio desse em troca.

A princípio, como já sabia dos efeitos presentes na magia do objeto, minha surpresa era mais pelo novo ambiente do que pela repentina alteração do mesmo. Movimentar-se naquele cenário era quase um desafio, tentava com as mãos dissipar aquela estranha fumaça sólida que circundava, mas sem sucesso, sentia uma estranha agonia percorrer cada centímetro do meu corpo, além da estranha sensação de algo vivo serpentear entre minhas pernas, causando-me arrepios que eu mesma esquecia ser capaz de sentir.

Retomando a visão, gradualmente, passava a enxergar as construções do recinto e as dimensões que este possuía. Curiosa, permitia-me explorar os arredores, notando as colunas e suas formações distorcidas, ainda que meu corpo estremecesse com tudo aquilo. Sussurros transitavam pelo local, chamando-me e incitando palavras em baixo tom, e não demorou para que fosse apresentado um caminho a ser seguido. Quanto mais prosseguia avançando, mais era capaz de entender as vozes. Seus ressentimentos, suas lamentações, seu ódio coletivo... trazia à tona o próprio sentimento que guardava no íntimo de minha existência, dentro de minha alma dividida, preso desde o passado até o presente momento.

"Eu não... Eu não gosto disso. Odeio sentir-me assim. Odeio sentir ódio deles, mas, não importa quanto tempo passe, eu não consigo deixar de odiá-los."

Desfocada, contemplava a nova mudança no cenário, sentindo o corpo pesar com a visão das escamas avermelhadas e, por fim, despencar de joelhos ao identificar mais aquela silhueta, tão poderosa e imponente. Pela primeira vez em anos, senti uma extrema necessidade de respirar, quase hiperventilando, levava minhas mãos ao peito tentando reunir oxigênio para me acalmar, com a sensação ardente de lágrimas querendo escapar de meus olhos. Ficava assustada, pois aquilo era demais, como autômata, não suportava a experiência de relembrar as sensações e fragilidade que tinha quando humana, culminando em uma enxurrada de lembranças de um passado traumático.

"Não, não, não não não! Só para! SÓ PARA! EU ODEIO ISSO! EU ODEIO, EU ODEIO!

Atormentada, com a insanidade no limite, os sussurros pareciam ecoar de todos os lados e que iriam explodir minha mente de dentro pra fora. Não conseguia raciocinar de quem vinha tais vozes, tampouco entender a maioria delas, mas a sinfonia caótica que traziam e a intensidade de ódio que transbordavam eram latentes não somente ao corpo metálico, e sim, a alma. A chuva carmesim que escorria sentido contrário tornava sua atmosfera ainda mais nefasta e aterrorizante, como um pesadelo lúcido, que tingia os céus do lugar da mesma forma que as terras de Erwood eram sobrepostas em sangue derramado.

"Sua presença era esperada." Desta vez, conseguia racionalizar a voz que atormentava, fazendo-me recuperar a consciência de mim mesma enquanto sentia a mente fadigar em dor física, mental e espiritual. Enfim, olhando novamente as silhuetas, conseguia discernir a gigantesca coluna escamosa sendo na verdade uma serpente, o véu avermelhado que cobria o lugar sendo um manto e sob este uma entidade que me recebia no chamado "Templo do Ódio".

O-O quê... eu quero? — indaguei, mais para mim do que para a figura poucos metros a frente.

Minha única intenção até o presente momento era simples curiosidade, no entanto, após os longos minutos de terror existencial, relembrando as memórias de uma vida traumática não muito distante, conseguia pensar em um objetivo para estar ali. Forcei-me a levantar e encarar nos olhos daquele ser, antes de prosseguir com minhas palavras.

Eu quero... entender você... Quero compreender o real motivo de existir ódio. — perguntava ainda tensa. Meus conhecimentos religiosos eram limitados as virtudes e dogmas de Zhili, então aprender mais sobre outra Deusa através da própria divindade seria uma oportunidade sublime de vivenciar, embora mais dúvidas e perguntas de minha mente curiosa surgissem e fossem omitidas naquele instante.

"Quem é você? E por que, de todas as pessoas que poderiam estar aqui, sou eu a vítima de todo esse ódio? Como poderia usar disso para o benefício de minha vida ao máximo?"


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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio Empty Re: [Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

Mensagem por Volker Qui Set 07, 2023 9:48 pm




»» Centelha do Ódio ««

- Ódio Encarnado -


♠ ♦ ♣ ♥


No limiar da insanidade, a mulher encontrava uma notável resiliência para organizar seus pensamentos e tecer palavras de resposta. O ambiente escuro, permanecia ornado pelo rubro daquele mar de serpentes que disparavam palavras e a frente dela, no centro daquele templo se via a própria encarnação do ódio. A face rígida do mármore lovo se mostrava maleável, expressões serenas que geravam rachaduras suaves, tal como linhas de expressão em um rosto comum. A presença daquela figura era de estremecer o corpo, de descompassar a respiração, de gerar um cansaço incomum, mas também de gerar um incômodo no âmago dos seres, uma inquietude desmedida a qual Opal Quartz parecia realizar esforço para manter sob controle. - Ill’y Ashary… - ela dizia. As palavras não eram do idioma comum, mas eram capazes de fomentar um sentimento odioso na autômata, isso porque a tradução daquilo nada mais era que “Equilíbrio”, no idioma dos Tauren, o qual ela parecia conhecer bem, mesmo que a contra gosto.

- Shey’ll atsim ne muor, zara’ktha meshinno myo, sarun-mo ktê-nyaê, poroknyö metzin kamo, tarun-na dzaev, tara-mutha kr’aan’na tza nyo-ah. -

- Tal como a vida precisa da morte, a felicidade precisa do ódio. Uma vida para tirar a outra, um sorriso que se alimenta do choro. -


Todo aquele dialeto era Tauren, as palavras daquela figura embora soasse como enigma, traziam uma visão bastante compreensível ao entendimento da autômata. O senso de equilíbrio ao qual ela dizia, parecia puxar na mente da mulher a memória do seu passado, de sua vida humana atada a correntes, vida e morte eram subjetivos e ao mesmo tempo literais. Um escravo estaria tão morto para o senhor de escravos, como o mesmo estaria tão vivo aos olhos daqueles que eram mantidos como nada mais que produtos ou força de trabalho desumano, os risos faziam-na lembrar das risadas daqueles que a acorrentaram um dia, contrastando com o choro das noites mal dormidas, das surras e das humilhações às quais havia sido submetida.

Kany’o me Zhilli’a tauê-ne silym’no’eh, Pyo’na kauê’nye, syo’mye tau-nê! Krazh’nya ö pallan yô-e! -

Zhili não a escutará aqui, pequena. A sabedoria dela também é cega perante o ódio! -


As palavras davam o rápido entendimento de que sim, aquela figura parecia ler e compreender seus pensamentos e emoções, como se a mesma fosse um livro completamente aberto, ou uma virgem cuja nudez se mostrava completamente exposta pela primeira vez a olhos movidos pela malícia. Aquela figura caminhava a passos lentos em sua direção, a serpente que antes estava praticamente ao seu lado, agia como um Ouroboros, sua face deformava-se e sua mandíbula se abria cobrindo todo aquele domo e assumindo uma função de teto, carregando o local agora com um degradê entre o negro e o rubro, banhando-as com a luz vermelha que fazia a centelha amarelo no peito daquela divindade resplandecer como um farol, mas não de esperança.

Kim’ya na Kalah’a, Kim’ya Krazh’nya!

Eu sou Kalah. Eu sou o ódio!


As palavras ecoaram, em idiomas variados, um se sobrepondo ao outro até que enfim tudo pareceu ser a mesma coisa e Quartz a enxergou próxima de si, a distância de um palmo. - Você não é vítima de ódio, ninguém é vítima. Todos são culpados, todos são abençoados. - Sua voz era fria, porém reconfortante, havia algo em seu tom que tornava difícil não querer ouvir mais dela, enquanto ela circundava a autômata, parando atrás dela, repousando suas mãos em seus ombros, sussurrando-lhe ao pé do ouvido. - Eu vi a sua vida, eu vejo a sua resistência mesmo em uma casca não humana, seu núcleo ainda carrega um sentimento humano. - ela podia sentir o toque de mármore frio apertar-lhe suavemente, mas as palavra sopravam quente. - Para usar do ódio é preciso abraçá-lo, e não apenas isso, o ódio é um estado constante, você não viverá com ele, mas sim dele, para ele, beberá dela como um dia bebeu da água dos rios, irá respirá-lo como um dia respirou a brisa que vinha dos campos de flores, comerá dele como a maçã mais suculenta das árvores que um dia colheu, se deitará com ele, com a mesma paixão que um dia se deitou com alguém que amou, ao mesmo tempo que o fará com o horror de quando foi forçada a fazer com alguém que desprezava. Tirará dele prazer, remorso e propósito. O ódio não cega, ele abrirá seus olhos! - Ela colocava suas mãos sobre os olhos de Opal, perguntando a ela logo em seguida. - Você quer enxergar?

Se houvesse nela uma afirmação a pergunta, aquela figura divina, permaneceria imóvel e através de suas mãos, a mulher voltaria ao passado, para aqueles Taurens. Porém, livre em um momento desconectado de suas vivências, veria dois daqueles escravocratas próximos a uma árvore, chicotes em mãos e um choro distante, uma escrava pequena era arrastado ao tronco, amarrada e despida para a punição que ela tanto conhecia, enxergar aquela pequena a fez lembrar de si e seu coração ferver incontrolavelmente, ela não podia fazer nada antes. Mas talvez pudesse fazer agora? - O que você faria? - a voz de Kalah ecoou na mente e a sensação de peso sumia, realidade ou ilusão? Somente a ação dela traria respostas.








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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio Empty Re: [Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

Mensagem por Reves Ter Nov 21, 2023 10:03 am

Opal Quartz


Centelha de Ódio
Legenda

Enquanto sentia aquele ambiente opressor a continuar suas tentações contra mim, minha atenção ainda estava centrada na figura misteriosa a minha frente. As feições antes solidificadas de seu rosto tornavam-se tão expressivas quanto a de ser vivo, causando-me um ligeiro arrepio junto da sensação angustiante que sua mera presença trazia. Ficava em dúvida entre permanecer em silêncio ou estender minhas palavras de instantes atrás, encarar a entidade parecia fazer cada segundo uma eternidade, com a inquietude e a ansiedade impregnando-se como um veneno em meus circuitos mágicos.

No entanto, as palavras seguintes da divindade faziam meus núcleos estremecerem de raiva, com uma fúria latente e irracional, transparecendo um sentimento ainda muito pior...

Como uma tormenta, lembranças de um passado não muito distante retornavam encharcando a realidade, igualmente as emoções e sensações de uma antiga vida, recontando a história de uma garota que para mim já estava morta; ou deveria, pois eu não era mais aquela garota, não era mais humana, não era mais escrava, mas sentia na alma estar de voltar àquela menina sem nome, sem futuro, sem nada a perder uma vez que já tinha perdido tudo ainda tão cedo.

Percebia assim, antes mesmo de conhecer a inteligência de Zhili, minha existência era íntima desse outro dote natural...

Levei minhas mãos ao rosto, pressionando-o para baixo. Desejava apertá-lo com força suficiente para rachá-lo, quebrá-lo, a fim de partir aquele recipiente que almejava transbordar de seu conteúdo hediondo e intenso. Escutei meu próprio grunhir irritado escapar entre os lábios involuntariamente, enquanto intercalava com as respirações profundas, escalonando em volume conforme sentia a entidade se aproximar em minha direção; não como uma figura virtuosa, e sim, uma representação nefasta dentre as divindades.

Ódio. E agora conhecia seu verdadeiro nome: Kalah.

Quando as palavras da Deusa novamente me alcançavam, ergui o rosto e assustei-me com a proximidade quase nula entre nós duas, recuei institivamente um passo para trás. Não o suficiente para afastá-la, entretanto, suas palavras satisfaziam minha curiosidade, ela respondia dúvidas que por muito tempo vinha procurando explicações. Observava-lhe pelo canto dos olhos, acompanhando sua movimentação para minhas costas, e senti um prazer estimulante de seu toque gélido em contraste dos sussurros estranhamente calorosos, arrepiando-me por inteira. Continuava a prestar atenção aos ensinamentos da entidade, mesmo que um tanto enigmáticos, encontrando significado naquelas palavras, até o momento que minha visão era coberta pelas suas mãos e respondia a sua pergunta:

Sim, eu quero enxergar.

Um pedido simples, uma resposta igualmente simples, para uma proposta tão simples quanto; mas a visão entregue pela divindade engatilhava um sentimento mais complexo do que imaginava. Em resposta ao novo questionamento, iniciava uma caminhada vagarosa em direção àquela cena que desenrolava não muito distante. No interior, o primeiro núcleo dava lugar ao segundo núcleo, em consequência disso, milhares de fios cintilantes começavam a escapar pelas fendas de minha estrutura corpórea, criando um aglomerado de cordas conjuntas que aumentavam gradativamente em tamanho à medida que andava, com suas extremidades balançando em oscilações suaves e ameaçadoras em pleno ar.

Antes mesmo de eu chegar próxima deles, duas linhas finas como agulhas cruzariam a distância e perfurariam o torso robusto dos Taurens, uma para cada um respectivamente, atravessando-os das costas para a frente, em sequência de uma veloz destreza em amarrar seus membros e juntas: ombros, cotovelos, pulsos, quadril, joelhos. calcanhares e pescoço. Erguendo-os com o puxar das cordas, que reforçavam o aprisionamento, antes dessas começarem apertar e esfolar a pele encouraçada dos minotauros com velocidade de atrito, causando queimação acompanhada de sangramento das partes enroscadas, ao mesmo tempo que outros fios perfuravam demais partes não letais de seus corpos; aquilo era tortura, lenta e gradual, o mínimo do sofrimento que deveriam receber até seus corpos serem enfim retalhados em pedaços, criando o desejo de morte enquanto prolongava a demora dessa em chegar com agonia.

O brilho carmesim emitido no emaranhar dos fios refletia diretamente contra o brilho sombrio de meu olhar, provido de uma expressão serena que, apesar da frieza demonstrada, exalava somente ódio, como uma tempestade silenciosa que devastava e preenchia em simultâneo o interior da alma. Depois da atrocidade meu olhar recaía sobre a pequena garota, ainda naquela posição humilhante, despida e amarrada à um tronco, e por mais que minha razão dissesse que ela não tinha culpa, como uma vítima, não conseguia conter o encarar odioso, mal queria fazê-lo na verdade, também sentia ódio por aquela garota ser tão fraca e profanada.

Enfim, abraçava-me com o ódio. Sentia ódio de mim mesma, por ser tão fraca e profanada.


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[Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio Empty Re: [Narrada/+18/Fechada] Centelha de Ódio

Mensagem por Volker Ter Nov 28, 2023 5:40 pm




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- Sangue e Ódio -


♠ ♦ ♣ ♥


A aceitação era um primeiro passo, o que se revelou aos olhos de Quartz poderia ser um reflexo do que fora sua vida antes de ser o que é, mas enquanto o mistério envolta da identidade da escrava não era perceptível ao seu olhar, aqueles que a conduziam para uma punição desmedida eram alvos claros e facilmente identificáveis. Kalah havia permanecido em sua posição, enquanto observava a mulher caminhar em direção a aquelas figuras, seus passos eram perfeitamente audíveis, porém todo o desenrolar pareceu mudo, incapaz de alcançar seus ouvidos, o ódio que ela sentia era traduzido em ações e tão depressa quanto, marcado em seus olhar e semblante. Havia satisfação ao final de tudo aquilo, mas também uma inquietude, a mulher logo percebeu que por mais que tivesse tido uma esboço de “vingança”, algo havia faltado, algo havia lhe sido tomado e por isso o incômodo ainda lhe ardia vívido em seus circuitos. - Não é o suficiente. - uma voz sussurrava em sua mente. Havia sangue nas linhas, mas havia também nas pernas daquela figura frágil que se recusava a encarar-lhe, talvez por medo ou mesmo pelo receio de que apenas estava mudando de “dono”. - Isso não a irrita? - a voz continuava a sussurrar, enquanto a visão daquela mulher frágil começava-lhe a irritar, a lhe gerar repulsa tão forte quanto a que sentia pelos que havia acabado de matar.

As vozes são atraentes não? - Kalah dizia ao seu lado, tão rápida que sequer havia demonstrado sua presença até estar próxima de Quartz. - Gostaria de saber mais sobre ela? Fale sobre, pergunte. Todo escravo tem uma história para contar. - ela a incentivava, porém a escolha era unicamente da jovem. Neste tempo a figura parecia murmurar, chorosa a respeito de algo. - Eu fiz tudo como me pediram, eu fiz tudo como me pediram… - ela dizia, dedos fundos a rasgar o musgo presente no tronco daquela árvore. - O ódio pode ser uma excelente bússola, se estiver disposta a seguir sua direção.













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Volker
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