~Barraca dos Encontros~

Um piscar de olhos foi o tempo que levou para que eu fosse levado da minha prisão até... o que quer que fosse aquilo. Um flash de luz cegante me deu as boas-vindas mesmo antes daquela que se denominava como estagiária, e meus instintos me levaram a buscar por alguma arma antes que minha mente enfim me fizesse perceber algo: ali, eu não sentia a influência dos Almgreen. Meu corpo estava leve, minhas feridas não queimavam e eu não sentia vontade alguma de retornar àquela igreja. Era óbvio que não duraria muito tempo, mas poder sentir um sopro de liberdade após séculos aprisionado me fez sorrir genuinamente.

Caminhei pelas barracas sem pressa alguma, vendo as pessoas escolherem o que desejavam de lá. Tudo o que eu queria era aproveitar o instante de liberdade, ainda que estar na presença divina agitasse cada fibra em meu corpo. Não era o meu lugar, é claro, mas ainda era melhor que meu destino. Vi raças de todos os tipos, ansiosas para saírem daquele lugar com suas armas e mascotes e tudo mais, mas eu segui quieto até o momento em que a vi: Lena Almgreen, a herdeira daquela família, adentrando uma barraca no mínimo suspeita.

A segui para dentro, não por desejar o que estivesse ali, mas por querer saber o que a loira poderia estar tramando. Percebi tarde demais que todas as outras barracas tornaram-se invisíveis e que eu, intencionalmente ou não, havia feito minha escolha. Ainda assim, não estendi a mão para gema nenhuma e permaneci observando a mulher enquanto ela recebia o seu próprio prêmio. E é claro que seria um entalhe do símbolo da deusa da esperança, aquela que a Clericus clamava seguir desde muito jovem. Para mim, tudo não se tratava de uma grande farsa – os Almgreen não cultuavam ninguém além deles mesmos.

A loira desapareceu em seguida, deixando-me sozinho com uma escolha a fazer. Não era o que eu desejava, mas ainda assim estendi minha destra para uma das orbes e aguardei que a gema revelasse seu símbolo. Eu não reconheci o pinheiro alaranjado, mas pude sentir a energia divina que emanava daquilo praticamente batalhando com a minha própria força. Provavelmente não seria a melhor das ideias ir até a presença de um deus, sendo eu um demônio, de modo que apenas guardei comigo aquele item para nunca mais usá-lo.