[auto narrada/ +18/ fechada] Decisões

Numa manhã calma em Skrull, quando os primeiros raios de sol começam a acariciar as construções de cristal da capital Fensalir, Balthazar emerge de um sono agitado. Seus olhos se abrem lentamente, revelando uma expressão distante e séria. Ele permanece imóvel por um momento, assimilando os sonhos e a realidade que se misturam em sua mente.

O quarto é simples, com poucos elementos decorativos, refletindo a natureza pragmática de Balthazar. O único maior chamativo é sua katana que repousa contra a parede. Ela foi um presente de seu pai, com ela ele deu seus primeiros golpes e aprendeu os fundamentos da luta armada. Era uma comum tradição em sua família que quando a espada de madeira fosse substituída por uma katana de verdade que ela fosse entregue como um presente quando ele finalizasse todo o treinamento e o jovem deveria preservá-la para o resto de sua vida, mesmo que não andasse a empunhando.

Ele se levanta com uma graça silenciosa, revelando a postura ereta e disciplinada que sua educação samurai lhe proporcionou. Enquanto veste sua roupa, uma mescla de trajes tradicionais e elementos mais contemporâneos, sua mente está ocupada com os afazeres do dia. Hoje deveria treinar exaustivamente para continuar a aperfeiçoar sua técnica, e deveria estar pronto para caso fosse convocado para algum contrato no submundo.

Embora já tivesse certa fama ela ainda necessitava consolidar ainda mais seu nome pois os melhores contratos só seriam dados aos melhores. Como tudo isso é um jogo além de ser como também parecer, ele aproveitava para se vestir da melhor forma possível. Com cada peça de roupa revelando sua ligação com a nobreza.

O samurai desce as escadas de sua residência modesta, os degraus rangendo levemente sob seu peso. A luz do sol, filtrada pelas cortinas finas, revela uma cicatriz que adorna seu rosto, uma marca física das batalhas que travou.

Ao entrar na acolhedora cozinha, Balthazar é envolvido pelo aroma reconfortante do café fresco e dos bolinhos acabados de assar. Seus pais, imersos em suas atividades matinais, levantam os olhos ao verem o filho entrar. Seu pai, um homem de aparência forte e postura digna, abaixa o jornal e sorri com uma mistura de orgulho e preocupação nos olhos.

"Bom dia, Balthazar," diz seu pai com uma saudação calorosa, marcada por anos de experiência em campo de batalha. "Como foi a noite?"
A mãe, uma mulher de semblante gentil que transmite serenidade, interrompe seu trabalho para se juntar ao cumprimento. "Você parece cansado, querido. Dormiu bem?"

Balthazar responde com um aceno de cabeça, mantendo sua postura disciplinada mesmo em um ambiente tão familiar.

Ele se aproxima da mesa, onde uma xícara de chá quente aguarda por ele, sua bebida matinal preferida.

"O sono foi agitado, como de costume," ele admite, aceitando a xícara oferecida por sua mãe. "Mas estou pronto para o dia."

Seus pais trocam olhares significativos, cientes da dualidade que envolve seu filho. O orgulho pelo samurai habilidoso que ele se tornou se mistura com a preocupação pela trilha sombria que ele escolheu seguir. A conversa flui entre temas leves sobre o clima, a vizinhança e as notícias da cidade, mas todos compartilham um conhecimento não dito sobre o equilíbrio delicado que Balthazar tenta manter.

Antes de sair, Balthazar se aproxima de seus pais e os abraça com firmeza, uma expressão de afeto que transcende as palavras. A preocupação silenciosa nos olhos deles é uma lembrança constante do peso de suas escolhas.

Ao alcançar a rua, o ambiente sereno de Fensalir invade o interior de Balthazar: Ele ama sua cidade. Apesar dos pesares, era ali que tinha nascido e sido criado e ele sentia um sentimento de gratidão por ela. Era o seu lugar no mundo. Ele então vagueia pelas ruas movimentadas, como uma sombra entre a multidão, seu olhar observador capturando cada detalhe ao seu redor. Skrull desperta para mais um dia.

À medida que se aproxima do local de treinamento, ele cruza olhares com outros samurais, alguns dos quais compartilham um aceno de reconhecimento, enquanto outros mantêm uma distância respeitosa. Sua reputação no submundo do crime não passa despercebida, mas a tradição samurai ainda o envolve como uma sombra protetora.

O dojo, envolto pela serenidade das cerejeiras em flor, torna-se o cenário de sua busca constante por aprimoramento.
Ao adentar no lugar, cumprimentava seu sensei e se direcionava ao vestiário para colocar roupas adequadas ao treinamento. Após se vestir, se retira para uma área tranquila do dojo, afastando-se dos olhos curiosos dos outros samurais e ali colocava-se em posição de meditação, tendo então seu momento talvez mais precioso do dia.

-“Treinar o corpo não é nada se não tiver uma mente treinada também, uma mente preparada para qualquer tribulação.”—Disse sempre seu pai no decorrer de sua criação.

Sentado em meditação, a katana repousando ao seu lado, Balthazar reflete sobre o que significa ser um samurai. A dualidade que o define não é apenas uma luta física, mas uma batalha constante dentro de sua própria alma. As decisões do passado ecoam no presente, e o futuro permanece ainda incerto. Talvez hoje ele pudesse finalmente retirar o peso de seus ombros e enfim se encontrar em si mesmo.

As cerejeiras em flor caíam enquanto ele se encontrava embaixo da árvore. Ali ele se viu viajando no tempo e espaço, presenciando os acontecimentos de sua vida em terceira pessoa e constatando que tudo isso era efêmero como toda a vida.

Ele aprofunda-se na meditação, buscando a quietude interior em meio à agitação de suas escolhas e responsabilidades. Sente o toque suave do tatame sob suas pernas, uma textura familiar que serve como ancoragem ao presente. Então ele mergulha nas profundezas de sua própria consciência.

No silêncio do dojo, ele foca na respiração, sintonizando-se com o ritmo constante e calmante. Cada inspiração traz consigo a energia vital, enquanto a expiração libera as tensões acumuladas. O ar fresco, impregnado com o suave aroma das cerejeiras em flor, envolve Balthazar, criando uma atmosfera propícia para a introspecção.

A katana ao seu lado, mesmo em repouso, parece pulsar com uma presença própria. Ele dirige sua atenção para a lâmina polida, onde a luz do sol dança em reflexos quebrados(que foi a última imagem que acabou de ver). O símbolo de sua família, gravada nas minúcias do aço, contrasta com as sombras que se estendem de seu passado no submundo.

Balthazar explora a dualidade em sua meditação, como dois rios que correm lado a lado, muitas vezes tocando-se, mas mantendo sua própria identidade.

Ele visualiza o caminho nobre que sua família traçou para ele, os ensinamentos de seu pai ecoando como um eco nas câmaras de sua memória.

No entanto, à medida que se aprofunda, as sombras emergem. Imagens de assassinatos que cometeu em becos escuros e negociações clandestinas permeiam sua mente. Ele revê os rostos dos que cruzaram seu caminho no submundo, cada um uma peça no intricado quebra-cabeça de sua vida dupla.

Os flashes de memória revelam mais momentos cruciais de sua vida: os olhares de desaprovação de seu pai, a primeira vez que desembainhou sua katana em um contrato obscuro, as cicatrizes que marcavam seu rosto como testemunhas silenciosas de suas escolhas. Ele questiona se, em meio à dualidade, há espaço para redenção, se é possível reconciliar os dois mundos que o reivindicam.

A voz de seu mestre samurai ecoa em sua mente, destacando a importância da tradição e a honra que deveria guiar cada golpe da katana. Contudo, as sombras do submundo sussurram promessas tentadoras, oferecendo poder e influência em troca da lealdade a um código distorcido.

A meditação torna-se um campo de batalha simbólico. Cada pensamento, cada lembrança, é uma espada a ser manejada. Ele confronta seus próprios demônios interiores, explorando a tensão entre o que é esperado dele como samurai e as escolhas que fez nas ruas sombrias de Skrull.

Enquanto a meditação avança, uma sensação de clareza gradualmente se instala. Balthazar entende que a dualidade não é apenas uma contradição, mas uma complementaridade. Ele é tanto samurai quanto sombra, e ambas as facetas o moldaram. A katana, símbolo de sua linhagem, torna-se um elo entre os dois mundos, uma ponte que ele pode cruzar quando necessário.

Ao retornar de sua meditação profunda, os olhos de Balthazar se abrem com uma nova determinação. A dualidade dentro dele não é uma fraqueza, mas uma força a ser explorada. Ele se levanta, a katana erguida com respeito, pronto para enfrentar o desafio de equilibrar seu código de honra samurai com as complexidades do submundo que o chama. A jornada continua!

Enquanto os últimos raios do sol banham o dojo, Balthazar inicia e aprofunda-se no treinamento marcial, transformando o campo de prática em um campo de autoconhecimento. Cada movimento, cada golpe, reflete não apenas a habilidade técnica de um samurai, mas a síntese de suas dualidades internas.

Seu mestre, ciente da intensa meditação que precedeu o treinamento, observa com interesse o progresso de seu discípulo. Os olhos do ancião capturam a determinação recém-descoberta em Balthazar, uma chama que arde mais intensamente após o confronto simbólico em sua mente.

A dualidade em sua personalidade agora encontra expressão física nos movimentos fluidos e ágeis, mesclados com estratégias mais astutas e sujas. Cada adversário simulado é um espelho refletindo as complexidades de sua própria alma. Os murmúrios das cerejeiras em flor do lado de fora do dojo ecoam em harmonia com o ritmo da batalha, proporcionando uma trilha sonora única para esse processo de reconciliação interna.

Balthazar enfrenta os fantasmas de seu passado enquanto enfrenta cada oponente imaginário. Os movimentos precisos da tradição samurai cortam o ar com elegância, enquanto estratégias mais obscuras, aprendidas nas vielas sombrias de Skrull, entrelaçam-se com a coreografia da luta. A katana, símbolo de sua linhagem, torna-se uma extensão não apenas de seus braços, mas de sua jornada tumultuada.

Cada embate é uma dança complexa entre o que ele era e o que se tornou. As dualidades que o definem, que antes eram como rios separados, agora fluem juntas em uma corrente coesa de movimentos marciais. O suor que escorre por seu rosto não apenas representa o esforço físico, mas também a purificação interna, a liberação das tensões que o assombraram durante a meditação.

Seu mestre, ao testemunhar essa jornada, compreende a profundidade da evolução de Balthazar.

Cada golpe desferido é uma declaração de integridade, uma tentativa de equilibrar as facetas aparentemente contraditórias de sua personalidade. O som metálico das lâminas em choque ecoa como uma sinfonia de autodescoberta.

Ele treinou os exercícios de desembainhar e embainhar, buscando uma fluidez que transcendesse a mera técnica.

A lâmina reluzia à luz ambiente enquanto cortava o ar em movimentos calculados, e o som sutil do metal deslizando para fora da bainha tornava-se música para os ouvidos do samurai em treinamento.
Os katas, como narrativas coreografadas, eram meticulosamente praticados. Balthazar dançava pelo dojo, sua katana traçando padrões complexos no espaço. Cada gesto, cada movimento, era uma expressão de técnica refinada e precisão.

Cada movimento era calculado, cada defesa uma dança de agilidade e estratégia. O suor escorria, mas a determinação não vacilava.

Os treinos físicos eram uma sinfonia de esforço e resistência. Balthazar se lançava em corridas rápidas pela sala, alternando entre ataques vigorosos e defesas ágeis. Exercícios com pesos desenvolviam a força necessária para empunhar a katana com maestria.

Os testes de corte, sob a luz de lâmpadas penduradas, eram momentos de pura concentração. Balthazar canalizava sua energia para a katana, cortando alvos com precisão milimétrica. Cada teste era um passo em direção à maestria, um aprimoramento das habilidades adquiridas durante o dia.