[Narrada/Fechada/+18] Aço-Áureo: Fumaça e Missões

O apelo de Seth a fez erguer uma sobrancelha e após ponderar por um breve instante, ela suspira e olha para baixo, passando o dedo em sua arma que a fez brilhar e abrir, soltando um pouco de vapor para as laterais, mas "o abrir" dela era para a frente, engatilhando como um guarda-chuva e formulando uma espécie de escudo na frente da mulher, ajudando-a a recarregar com mais proteção, e fora justamente isso que ela fez. Atrás da bancada que os separava, ela abria uma gaveta e puxava dois cartuchos robustos, alocando nas laterais da arma e tão logo ambos fizeram um "click" de encaixe, ela se fechou e brilhou num neon arco-íris, mas com um leve tapa em sua base, se desarmou.

- Se você está indo para aqueles lados, eu diria para me acompanhar... Dead Garden. - Ela tinha total ciência de quem ele era. Colocou a arma no ombro, mas era muito robusta para tal e parecia que carregava um canhão, forçando o bíceps da mesma a aparecer. - Só um momento, me espere do lado de fora.

Fazia um sinal com a mão para seus colegas e estes já puxavam um telefone de cobre polido, discando e fazendo seus barulhos típicos, pegando a extremidade para falar enquanto levavam ao ouvido o corpo inteiro do objeto, anunciando que precisariam de um veículo.

A mulher, por sua vez, retornou para a sala onde antes estivera e de lá, pegou um uma jaqueta azul que amarrou na cintura (para não atrapalhar a arma), mas antes de fechar a porta, parecia ter sido chamada a atenção e sem sair ou soltar a maçaneta, voltou sua face para dentro e concordou algumas vezes. Se Seth ainda estivesse aguardando do lado de dentro, teria visto um homem gordo sentado atrás de uma mesa com diversos papéis, parecendo ser o delegado daquele lugar.

Ela logo passava o balcão e seus colegas ainda estavam na algazarra, conversando ou simplesmente matando tempo como podiam, sem dar muita atenção para ela. Nem todos eram oficiais, alguns eram apenas a bucha daquela organização e possivelmente era por isso que se mostravam alheios a tudo. O rapaz que atendera Seth tinha algum posto, mas mesmo assim não parecia muito interessado em fazer qualquer coisa e o chefe de todos, preso em seu escritório, parecia resolver tudo que acontecia por ali, mas sem poder algum para obrigar aos novatos.

Do lado de fora, a mulher passou por Seth como se nunca o tivesse visto na vida e parou no meio-fio, pendendo o peso corporal na perna direita e colocando a mão livre na cintura, olhando para o horizonte.

- Meu nome é Alícia Goodwing, sou a encarregada desse caso e me preocupa a sua presença, pois se um Dead Garden está aqui, é que certamente meus colegas não mais estão vivos. - Mais uma vez ela suspirava e enquanto esperava, puxou um cigarro do bolso da jaqueta amarrada na perna, se curvando um pouco. Para acender o fumo, ela apertou um botão da arma que começou a carregar o tiro, mas com uma trava de segurança, apenas superaqueceu, fazendo a mulher encostar a ponta do cigarro até o papel ficasse quente o suficiente para se queimar, onde ela rapidamente levou aos lábios e deu uma tragada como se fizesse num charuto, mas puxando o calor para dentro e ajudando uma chama iniciar, criando fumaça rapidamente. Sem olhar para Seth, ela oferece para ele puxar um fumo para si também, sem realmente perguntar se tinha esse costume (e se aceitasse, ao invés de oferecer a arma que esfriava, retiraria o seu próprio para que queimasse a ponta do dele).

Qualquer coisa que ele falasse seria prontamente ignorado, pois ela estava focada em aguardar o veículo que vinha buscá-los, o que não demorou muito, mas sendo longos cinco minutos bem constrangedores em que ela mantinha a pose rígida e inflexível, talvez tendo muito em mente para verbalizar.

Uma carroça que tinha um meio cavalo (apenas o tronco) mecânico parava na frente deles e soltava vapor pelas orelhas e narinas e sentado atrás de si, tinha um homem de paletó preto e cartola, mas com uma faixa azul bem chamativa em sua vestimenta. Da parte que seria uma carruagem, a porta se abre para cima e em consequência, três degraus caem aos pés de ambos, facilitando a entrada. Alícia olha para o homem e abaixa levemente a cabeça, saudando-o silenciosamente e o mesmo apenas segura a borda de seu magnífico chapéu, olhando para Seth e fazendo o mesmo, cumprimentando-o também.

Com ambos adentrando, ela se fechava, aprisionando ambos, mas que não dando dois segundos, uma luz leve se acende, não iluminando muito bem, mas permitindo que lessem e vissem um ao outro. Alícia senta-se no banco acolchoado e deixa sua arma ao lado, barrando o espaço para Seth, se vendo obrigado a sentar em sua frente. Um som era ouvido acima deles e logo a ventilação ocorria, deixando o ar úmido e fresco, assim como expulsando a fumaça, mas também estragando o fumo que  quase chegava ao seu meio. A "Jaqueta Azul" estalava a língua em desaprovação na área contrária de onde entraram, ela colocava fora o resto.

- Muito bem, agora temos o seu "lugar"... Você pode me dizer o nível de periculosidade que estamos lidando? - Ela cruzava as pernas e se jogava para trás, abrindo os braços e os repousando nas bordas do acolchoado, olhando-o de forma afiada e não exatamente amigável, mas era apenas a seriedade que ela transmitia, quase como o próprio "Olhar de Fera" que ele mesmo tinha, mas era apenas um sinal de cansaço e experiência que ela carregava. - O caso é o seguinte... - Ela bate o punho atrás de si e em prontidão, uma pequena escotilha se abre, onde um cai e ela pega com a ponta dos dedos, trazendo até seu colo e abrindo-o com um pouco de força, pressão essa necessária por haver um imã que segurava-o para que as folhas não se soltassem. Ela observa rapidamente, apenas folheando e entregando para Seth logo em seguida.

- Na zona rural, há diversas casas de famílias, porém são relativamente remotas. Essa parte da cidade fora feita apenas para eles. - Das mãos de Seth, ela se arqueava para a frente e folheava até achar um pequeno mapa, colocando o dedo e o situando sobre a geografia do lugar, onde realmente havia uma grande distância entre um casarão e outro, assim, se um crime ocorresse, estavam sozinhos. - Algo, ou alguém, atravessou o sistema de segurança dos Dorety, que convenhamos, não é a família mais abastada daquela zona, então até aí não é nada de absurdo e por isso, não houve grande comoção por parte do J.A.. Essa... Esse sujeito de alguma forma começou a residir com a família como se fosse um membro desgarrado que voltava ao lar, isso nos foi reportado... - Ela mais uma vez se intrometia e folheava os papéis até chegar na ficha da família e deixando para ele uma imagem de uma garota um tanto familiar, tendo cabelos castanhos e cacheados, uma pele clara e no geral, uma aparência bem frágil. - ...Pela filha mais velha, Lenna Dorety, que é a primogênita de três, mas ainda longe da maturidade. Seu chamado... - E mais uma vez, Alícia apenas folheava uma vez, mas não achando o que queria, folheou mais um pouco e estranhou, retirando o documento das mãos de Seth e revirando os papéis até que encontrou em um documento separado, devolvendo para o colo do mesmo. - Está transcrito aqui, o que nos alertou. Enviamos uma dupla de oficiais aos 300, que após sua chegada, nada alertaram de diferente. Comunicaram que iriam adentrar na casa após serem recebidos cordialmente e... E é isso. Não temos mais dados algum. Quem os recebeu? Como sumiram? Quais motivos os fizeram não chamar ajuda? - Ela suspirava e se escorava para trás mais uma vez, pegando um cigarro e simplesmente o colocando na boca, sem acender pois o papel estava úmido, parecendo simplesmente ser parte do vício de ter algo pendurado ali, fechava os olhos e levava os dedos em pinça entre ambos e pressionava um pouco. - Esse caso precisava de uma nova unidade, mas com a greve, ninguém se ofereceu e há problemas mais próximos que é de maior prioridade... O que nos trás a você. Se a Dead Garden enviou você, então temos problemas maiores do que eu esperava... - Ela retirou o fumo da boca e o olhou desinteressada, esquecendo que não estava aceso e logo lembrou-se do motivo, devolvendo-o aonde estava, brincando com este para passar o tempo. - Agora me responda... Qual sua posição? Você é algum combativo e purificador? Não quero enfrentar um Achitya sozinha, mas por falta de pessoal, talvez o que eu queira não seja realmente relevante, certo? - Ela dá um sorriso irônico enquanto olhava para ele de soslaio. - Aliás, se quiser dormir um pouco, a viagem demora duas horas se o trânsito estiver bom... Três se algum acidente tiver acontecido, esteja livre para se preparar como achar melhor...

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