[Evento/Missão Dinamica] O Riso na Névoa

Pica.. deiro?

A noite em Velluna era sombria como sempre, com as estrelas ocultas por nuvens densas e a névoa fria que rastejava pela terra. O ar parecia mais pesado do que o normal, carregando uma energia inquietante. Zara e Liftania, acompanhadas de um grupo de aventureiros que incluíam um espadachim vampiro, uma caçadora de sombras, e um mago de chamas, se aproximavam do lugar onde a tenda circense havia surgido sem aviso.

A estrutura imponente da tenda se destacava, um vermelho sujo e desbotado contrastando com a escuridão ao redor. A lona tremulava como se fosse tocada por um vento que ninguém sentia, e a entrada era marcada por uma grande boca desenhada, rindo em um sorriso cruel e exagerado. O som de risadas estridentes ecoava de dentro da tenda, se misturando à música de um velho órgão de circo, distorcida e inquietante.

Zara parou por um instante à frente da tenda, sentindo o arrepio correr por sua espinha. Liftania, escondida parcialmente sob o manto de sua protetora, olhava ao redor com olhos curiosos, mas temerosos. A pequena fada sabia que, apesar de sua coragem, essa noite seria uma prova difícil para ambas. O espadachim vampiro aproximou-se de Zara, os olhos vermelhos fixos na tenda.

- Ouvi dizer que ninguém que entrou aí voltou para contar a história,  disse ele, mantendo o tom baixo. - Está certa de que quer prosseguir, Zara? - Ele tinha seus olhos vermelhos voltados para Liftania, sem ser capaz de entender porque a pequena garota os acompanhava em uma situação tão perigosa.

Zara soltou um suspiro, tentando mascarar a incerteza que sentia. Sua grande presença a fazia parecer imponente, mas os pensamentos sobre seus erros passados ainda lhe pesavam no coração. Ela encarou a entrada do circo e ergueu o queixo, sua aura dourada irradiando pelo ambiente, afugentando as sombras ao redor.

-  Eu não vim até aqui para recuar agora. Se aquele fantasma pensa que pode usar as sombras para nos intimidar, está muito enganado. -  respondeu, sua voz firme. Sentiu o pequeno puxão de Liftania em sua capa, sabendo que havia tomado a postura correta.

Os outros aventureiros assentiram, sentindo o impulso de coragem que emanava de Zara. Eles sabiam que o verdadeiro desafio estava apenas começando, mas a presença dela era um farol na escuridão, e isso era o suficiente para que continuassem. Com as dúvidas temporariamente afastadas, o pequeno grupo começou a avançar.

Ao cruzarem a entrada, a atmosfera mudou abruptamente. A escuridão de fora foi substituída por uma iluminação macabra de tochas, cada chama piscando e mudando de cor, banhando o picadeiro em tons de roxo e verde. As arquibancadas de madeira podre estavam vazias, mas os sussurros e risadas preenchiam o ar. No centro do picadeiro, uma figura se materializou lentamente, flutuando acima do chão.

Era o Fantasma Risonho. Vestido com trajes de arlequim esfarrapados e um chapéu pontudo, ele balançava no ar como se fosse movido por fios invisíveis. O rosto era uma máscara grotesca que exibia um sorriso exagerado, mas seus olhos, cintilando com uma luz maligna, mostravam a verdadeira natureza daquela entidade.

Pica...Deiro

- Hahahaha! Mais convidados para o espetáculo! E quem diria, um grupo tão corajoso! Será que vocês conseguem me entreter?  A voz do Fantasma ecoava de todas as direções, distorcendo-se em tons mais graves e agudos. As risadas, inicialmente divertidas, rapidamente se tornaram angustiantes, reverberando na mente de cada um dos aventureiros. - Não é o circo que devia nos entreter? - Liftania sussurrou baixinho incomodada com a inversão de valores.

Antes que pudessem reagir, o Fantasma começou a rir alto, usando sua habilidade "Rindo À Toa". As palavras sarcásticas e zombarias dele ressoavam nos ouvidos de cada um, tocando nos pontos mais sensíveis de suas personalidades. A raiva começou a ferver no peito dos aventureiros, suas mãos tremendo de frustração, e por um momento, nenhum deles conseguia se mover para reagir. Os pensamentos de serem jogados por aquela criatura, tratados como meros brinquedos. Eles sentiam nas palavras e naquela risada que o monstro sequer os considerava dignos de preocupação.

Zara sentiu a raiva ardendo em seu peito, uma irritação que parecia crescer de dentro para fora. Era como se os fantasmas do seu passado se agitarem e quisessem explodir em seu peito. Mas então ela sentiu o pequeno puxão e olhou para Liftania, e o olhar inocente da pequena dragão fada a trouxe de volta ao foco. Apertando os punhos, Zara deixou sua presença irradiar novamente, tentando abafar a influência do riso do Fantasma e dando um passo à frente.

-  Não cairei nos seus joguinhos, fantasma! Mostre sua verdadeira face e enfrente-nos de uma vez! -  Sua voz ecoou pelo picadeiro, rompendo um pouco do controle que o Fantasma exercia sobre os outros. Das sombras o fantasma sorriu, divertido. Ele, afinal, estava apenas brincando com o grupo e percebendo que não seria tão fácil, deixou escapar um riso curto e sumiu no ar, tornando-se invisível por alguns instantes. Os aventureiros recuperaram o controle e se prepararam para o que viria a seguir, enquanto Zara manteve-se firme, encarando o vazio e tentando sentir qualquer movimento ao seu redor.

Zara estava mais a frente, enquanto o espadachim um pouco atrás a sua direita e a caçadora a sua esquerda. A maga estava no fundo e no centro do grupo se encontrava Liftânia. -  Lembra do plano, Liftania," sussurrou Zara, enquanto o som de passos e objetos movendo-se pelo picadeiro denunciavam que o Fantasma estava preparando um ataque. - Pode contar comigo. - Afirmou a jovem com firmeza, o que arrancou olhares e caretas de preocupação do restante do grupo, afinal o plano deles dependia daquela criancinha?

Pica...Deiro

Uma rizada zombeteira mais poderosa que antes veio das sombras e antes que Zara e os demais aventureiros tivessem tempo de se recompor da presença avassaladora do Fantasma Risonho, perceberem que a tenda escondia segredos muito além de suas expectativas. Assim que deram mais alguns passos adentro, o espaço ao seu redor começou a distorcer, expandindo-se em um labirinto sombrio e labiríntico, muito maior por dentro do que parecia ser por fora. Passagens escuras se abriram em várias direções, levando a locais que não deveriam estar ali: camarins decadentes, jaulas de animais vazias e enferrujadas, além de corredores sombrios onde o som da risada do Fantasma parecia ganhar vida própria.

-  Isso não faz sentido...  murmurou a caçadora de sombras, tocando a superfície fria de um espelho trincado em um camarim. - Estamos em algum tipo de distorção? - O grupo que antes estava de frente para o picadeiro estava agora no que parecia ser um camarim, mas não haviam paredes e a porta que estava atrás deles era agora uma prateleira quebrada.

O mago de chamas, tentando manter a calma, analisava o espaço com olhos atentos. -  É como se este lugar estivesse... quebrado. Distorcido pela própria presença do Fantasma. Mas onde está a saída - Perscrutou preocupada ao olhar para trás e vez que a entrada havia desaparecido. -  Pelo visto não poderemos sair daqui até resolver isso. Mas não precisam se preocupar. - Zara concluiu tentando soas encorajadora. -  Não somos nós que estamos presos aqui com ele. É justamente o contrário.

Antes que pudessem discutir mais, o Fantasma Risonho fez sua presença conhecida novamente. Surgiu repentinamente, flutuando no centro de uma das "salas" distorcidas à frente, apenas para desaparecer de novo em um redemoinho de sombras e risadas. Mas desta vez, ele não saiu em silêncio. Uma lâmina de ar afiada cortou o ar, quase atingindo o vampiro espadachim, que desviou no último segundo, os olhos se estreitando em alerta enquanto a estante atrás deles caia cortada ao meio.

-  Ah, vocês não estão se divertindo?! -  A voz do Fantasma ecoava ao redor, carregada de um tom zombeteiro. -  Vamos esquentar um pouco as coisas!

De repente, a luz do camarim apagou-se, deixando apenas um holofote iluminando o centro da sala, o ambiente se distorcia e pareceu esticar, cada um se viu se afastando da luz mesmo que tivessem a certeza de estarem parados.

E então, a caçadora de sombras desapareceu em um piscar de olhos e, antes que pudessem reagir, ela reapareceu presa em um grande alvo de madeira que girava lentamente. O Fantasma materializou-se a sua frente, com um sorriso sinistro e com varias facas na mão enquanto fazia malabarismos.

Pica...Deiro

-  Alvo móvel! Quem adivinhar onde eu acerto ganha um prêmio! -  gritou o Fantasma, a risada ecoando em suas cabeças. Seu tom parecia divertido e espectante, mas tudo o que fez foi correr um arrepio pelas costas do grupo. A caçadora estava imovel no alvo e antes que o grupo pudesse reagir o fantasma lançou a primeira adaga que cravou-se entre as pernas da jovem, muito, muito perto de atingir sua coxa. - Vamos! Não sejam tímidos, quem acertar vai ganhar um urso de pelúcia.

Assim que ele falou, de trás do alvo saiu pedalando em um triciclo um grande urso de pelúcia deformado, com as costuras erradas e vários pontos cortados onde o preenchimento vazava para fora.

Zara avançou em direção à figura espectral, visando salvar a caçadora, mas ele desapareceu novamente antes que ela pudesse atingi-lo. As facas sumiram no ar, e a caçadora foi libertada quando o alvo giratório se desfez em poeira. Apesar de se salvarem, todos sentiam a tensão aumentar. Ele podia ser forte o bastante para matá-los, mas claramente queria brincar antes disso. Foram ali então deixados, o único som agora o da buzina do triciclo que o urso pedalava para longe enquanto este também se tornava embaçado até desaparecer.

- Precisamos ser rápidos, ou ele vai nos enfraquecer até não podermos mais lutar. -  disse a maga, lançando um olhar para Zara. -  - Concentre-se, precisamos encontrar aquela fonte de poder - Concluiu Zara para Liftania.

-  Certo, vou procurar! — Liftania respondeu, saindo das sombras e olhando por um corredor estreito que levava a um conjunto de jaulas vazias, com correntes penduradas que rangiam ao menor toque. Assim, junto da caçadora ela deixou o grupo. Zara por sua vez fez o melhor que pode para expandir a sua presença e manter a atenção do fantasma toda nela.

Tentando-se manter unidos, avançando por outra passagem que os levou a um antigo palco improvisado. Mas, antes que pudessem cruzá-lo, uma caixa mágica surgiu ao redor de um dos aventureiros, fechando-se com estalos. O mago de chamas desapareceu da vista de todos, aparecendo dentro da caixa que, como um truque grotesco de mágica, começou a ser serrada ao meio pelo próprio Fantasma, que ria enquanto movimentava uma serra enferrujada.

-  Vocês sabem como isso termina, não sabem? — zombou o Fantasma. — Sempre parte ao meio!

-  Segurem ele!  — gritou Zara, investindo contra a forma espectral com uma lança em mãos, enquanto o vampiro espadachim tentava conter o riso macabro que perturbava seus pensamentos. A lâmina de Zara passou por onde o Fantasma estava, mas ele novamente desapareceu, a serra sumindo junto.

O mago caiu no chão, livre da caixa e respirando de forma pesada. Ele deu um sorriso trêmulo. — Ele... Ele quer nos enlouquecer antes de fazer qualquer coisa. - Disse a maga, enquanto o Vampiro se levantava de onde havia caído ajoelhado com a cabeça apoiada em uma das mão. - E parece que vai conseguir se continuar assim.

Zara olhou para eles, depois para as sombras ao redor. -   Ele não vai conseguir. Vamos manter a calma e nos manter unidos. Ele só tem poder sobre nós enquanto estivermos desorganizados. - Falou como a heroina que Liftania esperava que ela fosse.

Pica...Deiro

Em outro canto, Liftania junto da caçadora espreitava entre as jaulas e os camarins, procurando qualquer coisa que pudesse ser a chave para enfraquecer o Fantasma. Ela sabia que a entidade não era apenas uma ilusão; algo o prendia àquele lugar, e se conseguisse encontrar a fonte de sua força, talvez pudesse acabar com aquela brincadeira macabra. A caçadora as mantinha ocultas com uma habilidade, isso somada à forte presença de Zara permitia que a dupla conseguisse perambular pelo circo atraindo quase nenhuma atenção da assombração.

- Continuem avançando! - Zara ordenou aos demais, enquanto a presença do Fantasma os cercava. Cada riso dele parecia fazê-los questionar se estavam indo na direção certa, mas a determinação de Zara era o que os mantinha de pé. - Nós vamos encontrar o que você está escondendo, seja lá o que for, e vamos acabar com isso. - Gritou a plenos pulmões tentando manter toda a atenção focada nela.

- Oh, é mesmo? A voz do Fantasma sussurrou ao ouvido dela, fazendo Zara estremecer. - Vamos ver quanto tempo vocês aguentam. - Zara sequer sentiu sua presença aparecer e antes que conseguisse reagir a mesma também desapareceu. - Vamos! - Comandou ela. Precisavam continuar avançando para manter a atenção do palhaço.

Conforme Zara avançava com o grupo, a atmosfera ao redor ficava mais opressiva. A escuridão ao redor parecia ganhar vida, movendo-se como sombras líquidas. O riso do Fantasma tornava-se menos brincalhão e mais ameaçador, ecoando pelas passagens do circo, como se estivesse em todos os lugares ao mesmo tempo.

De repente, o chão tremeu, e um estrondo reverberou pelo espaço distorcido. Animais espectrais começaram a emergir das sombras: tigres com olhos ocos e corpos translúcidos, cavalos deformados que galopavam sem tocar o solo, e pássaros que gritavam como corvos amaldiçoados. Eles se moviam em uma debandada desenfreada, avançando pelo corredor onde Zara, o espadachim, e a maga se encontravam.

- "Corram!" — gritou a maga, conjurando uma esfera de fogo para manter as criaturas afastadas. As chamas dançaram ao redor, mas os animais espectrais não recuaram por muito tempo, forçando o grupo a correr por uma passagem lateral, onde um corredor estreito se desdobrava em um labirinto de cortinas desfiadas e espelhos rachados.

Pica...Deiro

Zara liderava o caminho, com a respiração pesada, avançando por corredores que pareciam uma mistura distorcida de uma casa mal-assombrada e um labirinto de espelhos. As paredes eram feitas de superfícies brilhantes que refletiam não apenas o grupo, mas também figuras distorcidas e sorrisos que não pertenciam a ninguém. As imagens se contorciam e mudavam conforme se moviam, como se os próprios reflexos os estivessem perseguindo.

Por vezes, eles se encontravam frente a frente com seus próprios reflexos que, em um instante, se transformavam em versões macabras de si mesmos, sorrindo de forma diabólica antes de desaparecer nas sombras. Luzes piscavam e estrobos iluminavam o caminho de forma intermitente, projetando sombras dançantes nas paredes. O som das risadas do Fantasma Risonho ecoava, rebatendo nas superfícies, tornando impossível distinguir a direção de onde ele vinha.

Facas surgiam dos reflexos, lançando-se em direções imprevisíveis, ricocheteando nos espelhos e mudando de trajetória a cada rebote, obrigando o grupo a se esquivar em último segundo. Mãos espectrais emergiam das superfícies espelhadas, tentando agarrar suas pernas e braços, puxando-os em direção aos reflexos, como se tentassem arrastá-los para outro mundo, distorcido e retorcido.

Às vezes, uma passagem que antes parecia segura se fechava diante deles como uma porta que nunca existira, e eles se viam forçados a escolher um novo caminho. Corredores que se estendiam ao infinito se estreitavam subitamente, empurrando-os para o lado errado ou forçando-os a se dividir. No próximo passo, a sala se alargava novamente, como se zombasse da lógica e da tentativa do grupo de entender o espaço ao seu redor.

Zara tentava manter o grupo focado, sua presença servindo como uma âncora de coragem para os aliados, mas a pressão aumentava a cada instante. A sensação de serem observados era constante, como se cada espelho, cada reflexo, fosse um olho do Fantasma. Quando finalmente pensavam ter encontrado um espaço seguro, uma nova risada ecoava, e as armadilhas se revelavam outra vez. Ferimentos começavam a se acumular, de inicio nada graves. Um corte na bochecha, um arranhão no braço, uma bicada na cabeça, mas cada pequeno ferimento que se acumula começava a cansar o grupo.

- Não podemos manter esse ritmo para sempre, - disse o espadachim, parando por um instante para cortar uma sombra que tentava se enroscar em seu tornozelo. Ele vai nos desgastar.

Zara assentiu, o rosto endurecido pela determinação. - Aguentem firme. Precisamos apenas dar tempo para Liftania encontrar a fonte.

Pica...Deiro

Enquanto isso, em outra parte do circo, Liftania e a caçadora de sombras continuam sua busca. A habilidade da caçadora mantinha-as ocultas, mas não protegidas da distorção do espaço. Cada passo parecia levá-las a um lugar diferente: de jaulas vazias a camarins despedaçados e corredores que se dobram sobre si mesmos. Mas elas não desistiram. A caçadora de sombras mantinha os olhos atentos para qualquer sinal de magia concentrada, enquanto Liftania ouvia o eco do riso do Fantasma, tentando identificar de onde vinha a ressonância mais forte.

Em um dos corredores que exploravam, encontraram uma sala mais ampla, cheia de espelhos empoeirados e cobertos por lençóis velhos. No centro da sala, um baú antigo repousava, fechado com correntes grossas. A caçadora aproximou-se cautelosamente, e ao tocar as correntes, um choque percorreu seu corpo, quase derrubando-a. Liftania, voando ao seu lado, notou que um dos espelhos tremeluzia com uma energia diferente, como se estivesse absorvendo a luz ao invés de refletí-la.

- Acho que encontramos algo... — murmurou Liftania, sentindo a magia intensa que emanava dali. - A presença dele está... mais forte aqui.

Pica...Deiro

De volta ao corredor, Zara sentiu uma mudança. O riso do Fantasma soou mais próximo, mais palpável, como se ele estivesse deixando de brincar. De repente, uma sombra gigantesca tomou forma à frente do grupo, bloqueando o caminho com uma figura desproporcional, de membros longos e deformados. O Fantasma Risonho estava mais sério, e sua forma fantasmagórica parecia mais densa, mais real.

- Acabou a diversão, pequeninos. — disse ele, a voz grave reverberando. - Agora é a minha vez de comandar o show.

Com um gesto rápido, ele lançou uma onda de energia que empurrou Zara e os outros contra as paredes do corredor, forçando-os a se separar momentaneamente. A maga caiu em uma sala cheia de bonecos de ventríloquo pendurados no teto, todos com sorrisos macabros, enquanto o espadachim se viu sozinho em um corredor sem fim, cada passo ecoando como um trovão.

Zara resistiu, levantando-se com dificuldade, a lança em mãos. Olhou para a direção onde sentia que Liftania estava, sussurrando para si mesma: - Aguenta firme, pequena. Eu também vou aguentar.

O Fantasma Risonho começou a avançar em sua direção, a lâmina espectral em suas mãos cintilando com um brilho negro. Mas mesmo frente àquele perigo, Zara não recuou. Ela sabia que a única forma de vencer era dar a Liftania e à caçadora o tempo que precisavam para descobrir o segredo que mantinha aquele monstro ligado ao circo distorcido.

Enquanto Liftania e a caçadora trabalhavam para abrir o baú e lidar com os espelhos encantados, o combate entre Zara e o Fantasma se intensificava. Cada golpe que ela lançava era desviado por ele com movimentos sinuosos, como uma marionete dançando nos fios de sua própria loucura.

O tempo corria contra eles, mas a esperança ainda brilhava na determinação de cada um. O palco estava armado, e o espetáculo final estava prestes a começar.

Pica...Deiro

A luta no palco do circo distorcido se intensificava, transformando-se em um confronto desesperado entre Zara e o Fantasma Risonho. A armadura pesada de Zara rangia a cada movimento, refletindo as luzes cintilantes que giravam ao redor do picadeiro. Sua lança se movia em arcos precisos, cada golpe buscando conter os ataques do Fantasma. Suas barreiras de energia brilhavam com uma luz pálida, protegendo-a das investidas constantes, mas a cada novo impacto, a luz delas se enfraquecia um pouco mais.

O Fantasma Risonho, agora revelando sua verdadeira fúria, se movia como uma sombra viva, dançando entre a escuridão e a luz com movimentos sinuosos. Sua lâmina espectral brilhava em um tom opressivo de roxo profundo, e cada golpe que desferia vinha acompanhado de um rastro de sombras, como se a própria escuridão obedecesse ao seu comando. Ele atacava com uma precisão mortal, tentando romper as defesas de Zara, desferindo estocadas e cortes de ângulos impossíveis, sempre seguidos por um sorriso cruel e zombeteiro.

Zara defendia cada investida com sua lança e suas barreiras, mas as sombras a cercavam de todos os lados. Ela girava a lança em um movimento fluido, desviando um ataque, mas uma das mãos espectrais a agarrou pelo tornozelo, puxando-a para baixo. Com um grunhido de esforço, ela esmagou a mão sombria com o cabo de sua lança e se ergueu novamente. O suor escorria pelo seu rosto, misturado com o sangue de cortes superficiais. Seus pulmões ardiam, e a respiração ficava cada vez mais difícil, mas ela não recuava.

-  Eu não vou cair, - murmurou ela para si mesma, os olhos fixos no Fantasma. Havia uma determinação férrea em sua voz, uma recusa inabalável de ceder, mesmo que seus músculos começassem a ceder ao cansaço e suas energias parecessem que não demorariam muito a se esgotar.