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Mensagem por Dalli Dom Nov 03, 2024 12:03 am

Casamento às Cegas.
Evento Halloween 2024
— Ano/Estação: 841 DG / Primavera
— Pessoas envolvidas: Jabber Alfhildir
— Localidade: Arquipélago Ruidoso - Ho Long
— Descrição:  Rumores se espalham pelas ruas da cidade de Hu Long, tais boatos são a respeito de uma mulher trajada com vestes matrimoniais brancos que caminha chorando todas as noites pela cidade. Alguns alegam de uma noiva que perdeu a vida antes de seu casamento e que voltou como um espírito para procurar seu noivo. Aqueles que a avistaram, correram de medo, mas é possível ouvir seu choro todas as noites passando pelos bairros da cidade.
— Tipo de aventura: Evento Dinâmico
— Aviso: Na dúvida, melhor evitar.
「R」

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Mensagem por Dalli Dom Nov 03, 2024 12:07 am

Post 01

Enquanto eu caminhava lentamente pelas ruas de Ho Long, os sons das marés vibravam ao meu redor. Multidões de reptilianos se moviam com uma fluidez que eu ainda não conseguia igualar. Na verdade, cada passo era um lembrete doloroso da fragilidade do meu estado.

Vamos primeiro recapitular os eventos que me trouxeram até aqui.

Meses atrás, o forte Alhidirian foi abalado por um ataque de goblins interdimensionais. Um incidente aparentemente trivial, mas que desencadeou uma falha catastrófica em nossas defesas, resultando na libertação de um achitya de habilidades singulares de sua prisão mística bem na fatídica noite de meu retorno. Aquela aberração foi rapidamente classificada como uma anomalia, o que muitos consideravam apenas um evento isolado, uma infeliz tragédia. Porém, acredito que ele foi apenas o primeiro de muitos que virão, um prenúncio de uma nova prole maldita.

A tosse insistente ainda me atormentava, um constante lembrete da batalha que quase me custou a vida. Senti o gosto metálico do sangue na garganta, sinal de que os ferimentos não eram meras lembranças. O ataque da criatura devastou as fileiras do Exército Vermelho, ceifando a vida de inúmeros guerreiros e deixando muitos dos Alfhildir’s em coma ou invalidados. Eu fui um dos sortudos — se é que se pode chamar assim. Permaneci em estado catatônico até pouco tempo, mas a intervenção de Chaos me salvou, embora isso tenha exigido um preço alto: uma parte das minhas habilidades se foi, irremediavelmente.

Os curandeiros Canticus em suas vestes brancas e expressões sérias à luz das lamparinas mágicas não encontraram explicação para minha condição. O veredito era claro: eu teria que recomeçar, forjar minha força a partir do nada. E era por isso que eu estava em Ho Long. Boatos sussurravam sobre a presença de um espectro que vem assombrando a ilha, um espírito inquieto com uma obsessão peculiar. Atraído pela ideia de confrontar um oponente que poderia acelerar meu progresso, ignorei as advertências sobre o fantasma, admito. Um espírito errante não seria um obstáculo, mesmo em meio às minhas limitações. E assim, adentrei a bruma daquela cidade antiga, determinado a desvendar os mistérios que se escondiam nas sombras e a construir meu destino em meio ao caos dessa época sombria.

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Mensagem por Dalli Sex Nov 15, 2024 9:34 pm

Post 02

A madrugada já havia caído, e ainda não havia sinal de qualquer aparição. Talvez fossem apenas boatos insensatos, o típico exagero dos medrosos — um “fantasma apaixonado” parecia mais uma piada ruim do que uma ameaça real.

— Não acredito que me fizeram atravessar um maldito continente por isso! — resmunguei, irritado, chutando uma pedra solta no chão. A raiva crescia dentro de mim como uma febre. Eu podia estar treinando, aprimorando minhas habilidades, mas não, estava aqui, caçando lendas urbanas.

Peguei uma pedra no chão e atirei com força contra uma parede próxima. O impacto ressoou pela viela, mas não foi só isso: um som oco e úmido veio de volta, seguido de algo muito mais estranho. Frestas entre os tijolos começaram a exalar uma névoa espessa, que também surgia dos bueiros ao meu redor, se espalhando pelo ar com uma densidade sufocante.

Me aproximei, impelido por uma determinação tão tola quanto arrogante, a mão estendida para tocar a névoa. A sensação era fria, mas familiar. Fechei os olhos por um momento, concentrando-me nos circuitos mágicos embutidos no meu braço. Não era apenas vapor; a névoa estava impregnada de mana.

— Opla, posição. — Ordenei mentalmente.

Minha centopeia simbiótica, sempre vigilante, moveu-se imediatamente. Suas pinças se estenderam, cobrindo minhas laterais enquanto seu corpo serpenteava ao longo da minha coluna, formando um exoesqueleto vivo e protetor. Eu mal podia enxergar meio palmo à frente quando o nevoeiro finalmente nos envolveu por completo.

Foi então que a risada começou.

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Primeiro baixa, quase imperceptível, mas logo crescendo em intensidade até encher o ar com uma histeria sufocante.

— Olá? — questionei, cerrando os punhos.

“Você sabe onde ele está? O meu amado... Onde ele está?”

A voz era feminina, trêmula e... insana.

— Olha, sinto muito, mas alguém precisa dizer a verdade. A essa altura, ele deve estar dando pra um gigante. —

“Mentirooooooooooso!”

A resposta veio acompanhada de estacas de gelo que rasgaram o nevoeiro na altura da minha cabeça. Fiquei imóvel, confiando que o Opla faria sua parte. E fez. Com a precisão de um monge em transe, ele interceptou cada uma das estacas antes que me atingissem.

Não perdi tempo. Pisei com força no chão, canalizando minha mana pelos círculos de transmutação embutidos nas solas das botas. Uma lança de dois metros materializou-se ao alcance da minha mão direita, mas, no momento em que toquei a arma, algo gelado e imaterial agarrou meu pescoço por trás.

Garras espectrais me ergueram com uma força avassaladora, arremessando-me para frente como se eu fosse feito de trapos. Meu corpo se chocou contra um pilar de pedra, a respiração escapando em um grito abafado.

Pressionado contra o pilar, senti o peso esmagador do espírito. Peso? Fantasmas têm peso agora?

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Última edição por Dalli em Sáb Nov 16, 2024 12:23 am, editado 3 vez(es)

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Mensagem por Dalli Sex Nov 15, 2024 10:42 pm

Post 03

A pressão esmagadora da maluca contra meu corpo fez velhas feridas arderem como brasas renascidas. Uma dor aguda se espalhava, e, por mais que minha mente exigisse um grito para aliviar a agonia, meu peito estava vazio de ar. A sufocante força dela parecia engolir qualquer tentativa de resistência.

O som das juntas queratinosas do Opla ecoou como uma sinfonia macabra. A centopeia esticava as garras freneticamente, tentando encontrar uma brecha, uma forma de repelir a obsessora que me mantinha cativo. Mas, por algum motivo que não compreendi, seu ataque não causava impacto. Nem o choque das garras parecia real, como se estivéssemos lutando contra um pesadelo imaterial que zombava das leis físicas.

Foi quando senti aquilo: um hálito gélido e pútrido roçou meu pescoço, congelando a superfície da pele em uma queimadura insuportavelmente fria.

“Gostou desta posição?”

O sussurro deslizou como uma lâmina pelo meu ouvido, enviando um arrepio que percorreu minha espinha feito um raio. Eu sabia o que viria em seguida. Primeira lição sobre banshees: nunca, jamais, deixe que se aproximem. Aprendi isso da pior forma.

Então, ela gritou.

Não foi um grito comum. Foi um rugido primal provindo de um coração partido, um som feito para destruir, algo que parecia rasgar a própria realidade ao nosso redor. Meus tímpanos estouraram imediatamente, e um fio quente de sangue desceu pelo lado direito do meu rosto. A dor foi tão intensa que minha visão escureceu por um instante, e o mundo ao meu redor parecia se dissolver em um vácuo opressivo de silêncio e desespero.

Desesperado, soltei a mão da pilastra, deixando que ela esmagasse meu rosto contra a pedra com força brutal, mas eu já tinha um plano. Entre ofegos e tentativas frustradas, forcei minha mão a deslizar até o torso dela. Meus dedos tocaram a superfície fria e espectral de sua barriga, o suficiente para iniciar uma transmutação. Interrompi a magia na segunda etapa do processo, liberando uma explosão bruta de mana que rasgou o corpo etéreo da banshee. Um som gutural escapou dela, um ruído quase humano, mas não me dei ao luxo de parar para interpretar.

A abertura foi suficiente. O Opla agiu com instinto feroz, escalando o pilar como uma aranha demoníaca. Suas pinças atravessaram o espaço onde o corpo dela estivera um instante antes, mas o espírito não era tão fácil de deter. Quando finalmente alcançamos o topo, ainda com meu equilíbrio cambaleante, virei-me a tempo de vê-la. Seu busto já estava se reformando. Como se o ataque tivesse sido um mero incômodo, a noiva fantasma reconstruía-se lentamente, cada traço de seu corpo retornando à forma espectral. Sua figura resplandecia como um farol de ódio, seus olhos vazios focados diretamente em mim.

Sangue ainda escorria pelo meu ouvido direito, e o som havia desaparecido por completo daquele lado. Por um momento, tudo o que restava era um silêncio distorcido, preenchido apenas pela pulsação frenética do meu próprio coração.

Eu precisava de um plano... rápido.


Última edição por Dalli em Sáb Nov 16, 2024 12:20 am, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Dalli Sex Nov 15, 2024 10:55 pm

Post 04

A banshee flutuou em minha direção, seus olhos azuis brilhando como duas luas pálidas até que eram bonitos, mas escondiam um sentimento perturbador que dá medo até no mais louco dos homens: obsessão. O corpo espectral dela ondulava como um véu ao vento, e as cicatrizes de minha transmutação anterior desapareciam à medida que ela se reformava.  

O nevoeiro ao redor se adensava, tornando o ar pesado e sufocante. Não havia como recuar.  

— Parece que não vou sair daqui tão cedo — murmurei, canalizando mana para os circuitos transmutacionais embutidos em minhas mãos.  

A banshee não esperou por um convite. Com um gesto brusco, ela ergueu os braços. O ar ao meu redor esfriou rapidamente, e vi os cristais de gelo começarem a se formar em seu entorno. Estacas translúcidas surgiram, refletindo a luz mortiça do lluar. Elas foram lançadas como flechas implacáveis.  

— Opla — Ordenei.  

Minha centopeia simbiótica respondeu imediatamente, estendendo suas pinças diante de mim. O som de metal ressoou quando as estacas se chocaram contra a carapaça endurecida. Algumas quebraram, outras ricochetearam e se cravaram nas paredes próximas. Apesar da proteção, uma das estacas passou de raspão pelo meu braço, deixando um corte profundo que queimava com o frio mágico.  

Eu não tinha tempo para hesitar.  

Com um movimento rápido, raspei o chão com a sola da bota, ativando o círculo de transmutação oculto nela. Uma fina camada de terra se ergueu ao meu redor, mas em vez de me proteger, canalizei a mana para convertê-la em um líquido espesso. O chão tornou-se traiçoeiro, e a banshee, flutuando acima, pareceu hesitar por um momento. Era o que eu precisava.  

— Vamos ver como você lida com isso... — Disse, mais para mim mesmo.  

Com a mão direita, formei uma lança longa de pedra misturada com os minerais do solo, a superfície pontiaguda reluzindo como obsidiana. Lancei a arma diretamente contra ela.

A banshee soltou um grito estridente antes que a lança a atingisse. O som me fez cair de joelhos, agora é meu ouvido esquerdo que esta zunindo. Mesmo assim, a lança encontrou seu alvo, perfurando o torso translúcido com mana. Ela arqueou para trás, um urro reverberando na neblina.  

A reação dela foi imediata. Sua forma ficou mais turva, os contornos do corpo ondulando como um tecido rasgado, e, em um movimento inesperado, ela desapareceu no nevoeiro.  

— Droga... — murmurei, respirando com dificuldade.  

Opla se reconfigurou em minhas costas, suas garras abertas em posição defensiva. Algo estava vindo.  

Um instante depois, senti o ar congelar novamente, mas desta vez foi diferente. A banshee surgiu de repente atrás de mim, seu grito premonitório vindo tarde demais para qualquer reação. As garras dela passaram pelo Opla, atingindo diretamente minha perna esquerda. Era como se algo tivesse atravessado não apenas meu corpo, mas minha alma.  

Caí no chão, mas antes que ela pudesse continuar o ataque, forcei minha mão ao solo. Um círculo de transmutação brilhou, liberando uma explosão de terra e faíscas em todas as direções. A mulher foi repelida, flutuando para trás enquanto sua forma oscilava violentamente.  

— Você não é tão imortal assim... — Eu disse, cuspindo um pouco de sangue.  

Com a última reserva de mana que consegui reunir, fiz a terra abaixo de nós se solidificar em lanças afiadas, todas apontadas para cima. A banshee percebeu tarde demais. Quando o chão explodiu em espinhos pontiagudos, uma das lanças atravessou seu peito.  

Por um momento, o espírito congelou. Seus olhos sem vida encontraram os meus, e um último grito ecoou na noite antes que sua forma começasse a se desintegrar, pedaço por pedaço, como se o vento estivesse levando as cinzas de uma fogueira extinta.  Eu me joguei no chão, ofegante. Opla recuou para uma posição mais relaxada, embora eu sentisse seus movimentos hesitantes, ainda em alerta. O silêncio voltou.

— Espero que seu “amado” valesse tudo isso... — falei, antes de deixar minha cabeça cair no chão de pedra fria, meus olhos fixos no céu nublado acima até que seu rosto brotou em minha frente.

“Boo”

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Mensagem por Dalli Sex Nov 15, 2024 11:25 pm

Post 05

— Droga — Foi a única palavra que ecoou na minha mente.  

O fim estava à minha frente, implacável e inevitável. Meu corpo, já à beira do colapso, era uma carcaça quase vazia. Minhas reservas de mana estavam completamente esgotadas, e o Opla, ainda vivo, lutava para se manter funcional. Suas pinças quebradas tremiam inutilmente, um reflexo da batalha árdua que travara para me proteger. Se não fosse por ele absorvendo os piores impactos, eu já estaria agora no inferno procurando uma forma de enganar o diabo.

Não há mais nada a ser feito.  

A noiva fantasma pairava diante de mim, silenciosa como a morte. Não houve o grito ensurdecedor desta vez, nem o som de estacas cortando o ar. Em vez disso, ela avançou com uma precisão aterradora, seu corpo translúcido se deformando até que se dissolvesse em uma massa nebulosa. Antes que eu pudesse reagir, ela mergulhou diretamente em meu corpo.  

A sensação foi como ser afogado em gelo. Meu coração parou por um instante, meus músculos se contraíram, e minha visão escureceu. Eu sentia sua presença dentro de mim, uma força avassaladora tentando esmagar a minha consciência, expulsar minha alma e tomar o controle. Foi nesse momento que entendi seu verdadeiro plano. Ela não queria apenas me matar; queria usar meu corpo como uma âncora neste plano, prolongar sua existência para continuar sua busca insana por aquele que jamais voltaria.  

Reuni toda a determinação que ainda me restava. Não importava o custo, eu não seria feito de marionete por uma obsessora vingativa. — Prefiro morrer. —  

Mentira.  

Eu não posso morrer. Não tenho esse luxo. Não posso falhar. Não novamente.  

Minha mente foi inundada por lembranças de fracassos. A busca infrutífera pelo achitya em Telkkionia. A humilhação de não conseguir dominar o dedo amaldiçoado. A derrota brutal diante de Raiz da Inconsciência, cujas palavras ainda ecoavam como zombarias em minha mente. Quantas vezes mais eu cairia? Quantas vezes eu provaria ser indigno do título que carrego?  

Arauto do Caos. Emissário da Senhora Primordial. E ainda assim, aqui estou, reduzido a isso.  

Será que o mal sempre vence?  

Não.  

Recusei-me a aceitar essa conclusão. Lutei com todas as fibras do meu ser contra a invasora, mas era como tentar segurar uma tempestade com as mãos nuas. Ela era mais forte. Aos poucos, minha resistência se desintegrava, e a escuridão se espalhava como um veneno.  

Foi então que algo mudou.  

Memórias começaram a se fundir, um redemoinho de imagens e sensações que não pertenciam a mim. Vi flashes da vida dela: uma aldeia simples cercada por florestas densas; risos ao redor de uma fogueira; um homem sorridente, segurando suas mãos enquanto o céu tingido pelo crepúsculo parecia prometer um futuro eterno. Depois, o horror. Um altar vazio. Uma figura de armadura ensanguentada. Gritos abafados e, finalmente, silêncio.  

Ela também viu as minhas memórias. Meu treinamento árduo. Meus fracassos vergonhosos. A Senhora Primordial. Minha queda.  

Nessa troca forçada, algo se quebrou.  

Minha força se esvaiu, e eu cedi.  

— Eu aceito... Eu me caso com você! —  

As palavras escaparam da minha boca como um último suspiro.  

O silêncio que se seguiu foi quase tão palpável quanto a pressão que ela exercia sobre mim. Por um instante, tudo parou.  

“O quê??”

A voz da banshee soou confusa, quase desdenhosa. A possessão cessou abruptamente, e senti minha consciência voltar, mesmo que meu corpo ainda estivesse exausto. Seus olhos fantasmagóricos me encaravam, arregalados, enquanto ela parecia processar o que acabara de ouvir.  

Até o Opla reagiu, estalando inquieto em minhas costas, como se se eu havia perdido completamente o juízo.  

Eu não sabia ao certo se tinha feito algo brilhante ou estupidamente suicida, mas uma coisa era clara: o caos era o meu dom, e talvez — só talvez — isso fosse suficiente para enganar até mesmo a morte.  


Última edição por Dalli em Sáb Nov 16, 2024 12:46 am, editado 2 vez(es)

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Mensagem por Dalli Sex Nov 15, 2024 11:47 pm

Post 06

“Você…” Ela apontou para mim, incrédula. “...quer se casar comigo!?” Então, apontou para si mesma. Ela ficou quieta por um momento, refletindo, e então soltou uma gargalhada.  

— O que foi? Qual o problema? Não queria um marido? — Eu tentava me levantar, apoiado na perna direita, cambaleando.  

“Não é assim que funciona, garoto. Vivos não casam com os mortos…” Mas, por um momento, sua expressão pareceu considerar a ideia.  

— O QUÊ???????????????? Foi você que veio aqui para se casar com um!!! — Apontei para ela, irritado.  

“Eu ia matá-lo.” Ela falou como se fosse o assunto mais simples do mundo “Aí, seríamos felizes para sempre. Se a morte nos separa, então que seja ela a nos unir.”

— Isso é doentio. —  

“E você quer casar com uma morta.”  

— Não… eu tô… — Fiquei confuso, já não sabia mais o que estava fazendo.  

“Quantos anos tem?”  

— Quinze… ou dezesseis. Eu não sei. —  

“Não sabe a sua idade?”  

Foi um ano estranho. Lembro que estava no inverno, depois veio a primavera… e a partir daí, tudo ficou embaçado. Foi um ano longo, na verdade. Em que estação estamos agora?  

— Espera. E você? Não pode me julgar. Sabe que ano é? Você morreu na Grande Guerra… —  

“E quanto tempo isso faz?”  

— Séculos!!! — Respondi, com raiva. Até os ossos do marido dessa maluca já devem ter virado pó — Olha, eu vi suas memórias. Foi ele quem te matou. —

“Do que você tá falando? Falta um parafuso em você!” Ela se cansou e avançou, tentando me possuir novamente. Deixei acontecer, mas direcionei suas memórias para o cavaleiro até que o rosto dele apareceu.  

“Impossível…” Ela recuou, visivelmente chocada. “Não, não, não. Ele não seria capaz.”  

— Isso deve doer mais que um par de chifres. —  

“Quieto.”  

Obedeci. Não que eu fosse capaz de lutar mais.


Última edição por Dalli em Sáb Nov 16, 2024 12:49 am, editado 4 vez(es)

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Mensagem por Dalli Sáb Nov 16, 2024 12:13 am

Post 07

Virei-me rapidamente e comecei a sair de fininho, aproveitando o impacto da verdade e a distração que causara. Que ela lidasse com isso.  

“Nem ouse.”  

Ergui as mãos em rendição. Meu olho já começava a inchar, mas não havia muito que eu pudesse fazer a respeito.  

Ela parou de flutuar de um lado para o outro, colocando a mão no queixo, antes de começar a voar ao meu redor, como se estivesse avaliando um vestido em uma loja. Eu só rezava para que ela tivesse esquecido o que eu havia dito e seguisse em paz para o outro mundo.  

“Você é meio magricela.” Ela disse, apertando meus músculos. “Vai precisar crescer mais.”  

— Ou — disse, puxando meu braço — E você nem tem corpo. —

“Não. Você vai fazer um para mim.”  

— O quê?  —

“Eu aceito sua proposta de casamento, mas tenho três condições. Primeiro, você vai forjar um corpo para mim. Segundo, vai jurar fidelidade sob contrato mágico. Terceiro, vai me ajudar a me vingar do meu ex.”  

Eu me vi preso em uma sinuca de bico. — E como espera que eu faça isso?  —

“É um alquimista, dá seu jeito. Nunca ouviu falar de homúnculos e autômatos!?” Ela parecia uma garota comum, se não fossem os cristais de gelo pontiagudos ao seu redor e a névoa espectral que se arrastava.  

— E quanto a minha idade?  —

“Ah, por favor, garoto. Tem lugares onde meninas se casam ainda mais jovens que você. Agora, só porque é com um homem, isso é um problema?”  

Não tinha jeito. Eu teria que me casar.  

— Tá bom. — Concordei, quase caindo para o lado de tão exausto.  

Ela abriu um sorriso que, se não fosse aterrorizante, seria bonito. Puxou minha mão e colocou um anel com uma gema brilhante em cima. Olhei mais de perto — era um núcleo de monstro.  

— Bizarro.  —

“O quê?”  

— Fofo. Foi o que eu quis dizer.  —

---

Dias depois...

Levantei da minha cama na hospedaria, já recuperado pela magia dos curandeiros. O sol raiava no horizonte de Ho Long, e a maré aqui era uma paisagem surreal.  

“Então, quando eu conheço sua família?” Minha noiva espectral se materializou em uma cadeira. A encarei, ainda duvidando da situação.  

— Que tal começarmos com a parte do corpo para você!?  —

“Adorei.”  

E essa é a história de como eu me casei.

....

"Ah, eu já ia me esquecendo" uma armadura se materializou do lado dela. Uma peça incrível e única com uma aura fantasmagórica e sobrenatural "Você ainda é muito fraco e não quero perder outro noivo."

— Caramba, isso é incrível. Ah... obrigado. — disse admirando o equipamento e envergonhado pelo gesto, eu não tinha preparado nada. Botei a mão na mesa de madeira e transmutei uma flor. Ela olhou para mim, para a rosa, e para mim novamente "Ainda tem muuuuito oque aprender."

Encarei a flor me dando conta de uma coisa — Qual é o seu nome mesmo? —

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