[NARRADA +18 ABERTA] O Quadro Inicial

As flores se desabrocharam timidamente em Foz Dourada com a chegada da primavera, o sol estava baixo, indicando que a manhã acabava de começar em mais um dia naquele porto. As ondas do mar calmo eram singelas e recebiam as pétalas das flores sobre suas águas. Uma pequena pétala voou e repousou sobre o ombro esquerdo do rapaz, que via os marujos apressados correndo para todos os lados enquanto preparavam o barco para atracar no porto. Tudo parecia calmo, sereno até demais… Ainda fazia um pouco de frio devido a mudança de estação não ter sido a muito tempo, o que fazia com que as pessoas saíssem de suas casas ainda com casacos de meia estação.

- Dias como esse precisam ser aproveitados! -Um dos homens comentou com outro que movia a cabeça de maneira afirmativa, concordando com o que havia sido dito. A vida parecia calma e pacata até demais para um homem com sede de vingança como Mizzushiro. Os desejos do jovem sonolento eram outros, precisava de dinheiro, precisava exercer seu trabalho e o maior de todos, precisava de respostas e.... ‘’Nhooorrrngmm’’ foi o barulho ouvido pelo jovem em alto e bom tom. Estava faminto, depois de passar tanto tempo no navio sem ter se alimentado, o relógio biológico dizia que era hora de uma pausa para o café da manhã.

- Rapaz isso que eu chamo de rugido heim! - O marinheiro de antes se aproximou de Mizzu com um sorriso amigável. Ele parecia ter seus já cinquenta e tantos anos de idade e seu corpo tinha uma postura relaxada após terminar de amarrar as cordas da vela principal. - Primeira vez aqui na cidade rapaz? Se for, tem um restaurante aqui perto que tem uma cerveja boa, mulheres bonitas e umas batatinhas de matar! A velha cozinheira de lá é estranha mas não cobra muito. - Ele disse enquanto se debruçava na madeira do navio, sorrindo para o rapaz enquanto as palavras de sua boca eram bem enfáticas, especialmente quando a palavra ‘’matar’’ soou.

A vida no porto começava cedo e era possível ver várias pessoas passando por ali, indo até os barcos, descarregando e carregando os navios. Aos poucos as pessoas do navio a qual Mizzu embarcou começaram a descer junto a seus pertences. Ele era livre para ir atrás de seus objetivos ou conversar mais com os marujos dali se assim quisesse, especialmente aquele ao seu lado.

Histórico:

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O homem riu de maneira descontraída ao ver a sonolência e o engano do rapaz com suas palavras. De certa maneira, o homem do mar parecia se divertir com aquilo tudo. Os bolsos vazios do jovem indicavam que estava em uma situação vulnerável, mas seu intelecto e habilidades artísticas deveriam ser o suficiente para que ele conseguisse alguns trocados honestos antes de começar seus trabalhos mais sujos por assim dizer.

- Ora, é normal jovens estarem com os bolsos vazios e os sonhos transbordando… - Ele dizia aquilo quase como um desabafo enquanto pegava uma mochila grande e marrom e a jogava para suas costas. Ele piscou algumas vezes para Mizzushiro, sem saber responder de imediato a pergunta do rapaz, sua expressão era de uma incerteza desconfiada. - Pintura é? Interessante, eu tenho um relicário aqui que está bem gasto por conta do mar… Se puder me ajudar com isso. - Ele começava a descer do barco, sorrindo para o mesmo.

- Ai te pago um almoço e te indico para uns colegas aventureiros que conheço… O que acha? Não é nada complicado… - Ele pegava o relicário que estava preso a um colar sobre seu pescoço, abrindo a pequena jóia e mostrando a pintura de uma jovem mulher. - É a minha filha, Miranda. Uma boa garota. - Ele sorria todo bobo ao mostrar a imagem pintada de sua filha.

O homem esperou o rapaz pegar seus pertences e logo começou a caminhar ao seu lado. Mizzushiro era mais alto que ele por poucos centímetros, mas ambos despertam olhares por ali das pessoas comuns que eram geralmente mais baixas que ambos. - Mas me diga seu nome jovem pintor, e o que te traz para Foz Dourada? Oportunidade de trabalho? - Ele perguntou com um sorriso no rosto. - Eu me chamo Rodolfo, não sou daqui mas considero essa cidade como se fosse meu lar. Muitos aventureiros vem e vão por essas bandas, mas poucos sabem onde encontrar os melhores trabalhos, tem que ser esperto ao andar por ai rapaz, não deixe de vigiar os bolsos. - Ele disse de maneira simpática enquanto andava. Os dois seguiam entre algumas ruas, já mais afastados do porto. Haviam passado por um mercado e vários outros comércios quando finalmente pararam em frente a um.

- Ah aqui! O Pônei Sequelado! Seja bem-vindo! - O marinheiro abria a porta da taverna que parecia ser decente e limpa, para uma taverna. Muitos marinheiros estavam por ali, alguns com uma expressão pesada de ressaca, outros aproveitando bem o desjejum.

Ele logo se sentou em uma das mesas próximo a janela e não demorou muito para uma garçonete vir atender os dois. - Bom dia! Hoje temos panquecas de morango em promoção para os marujos! - Ela disse de maneira simpática, com um sorriso gentil enquanto entregava dois cardápios para ambos. Haviam vários tipos de comida ali. - Escolha o que quiser garoto, nada é tão caro quanto uma pintura nova para minha querida filha. - Ele disse enquanto sorria para a garçonete.

Histórico:

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