Muita coisa havia mudado em minha vida naquela última semana. Meus olhos foram abertos para coisas que eu sequer sabia ser possíveis, como… possuir o nome de um demônio e assim ter domínio sobre ele. Rain, como eu havia o batizado após nosso primeiro encontro, possuía na carne e na alma marcas tão profunda de escravidão e dor que eu nem conseguiria mensurar o que ele havia passado durante esse tempo nas mãos de minha família.
Família… Estranho imaginar o quão maldosos o sangue de meu sangue eram. Utilizavam da escravidão de uma criatura para levar horror e morte aos seus inimigos. Há uma semana eu não conseguia encarar meu pai sem sentir vontade de vomitar. Tampouco tive forças para pensar em algum jeito de… libertá-lo. A fé de minha deusa não deveria ser protegida a custo da liberdade de outrem.
E também, em uma semana, fui agraciada com sentimentos tão novos e intensos que agora minha insônia tinha um motivo bonito. Eu ainda não entendia o que era aquele turbilhão de coisas que me fazia amolecer sempre que me aproximava dele — nos raros momentos que consegui escapar das vistas de meu pai —. Também aumentei a frequência com que cantava pela casa, onde Mary ficou curiosa para saber o motivo.
O motivo possuía três metros, dois chifres e um par de asas. E também um sorriso que iluminava meu dia sempre que eu conseguia arrancar um pequeno que fosse dele. Carregando uma cesta com pães e frutas, o encarei contente. Ele estava tão belo com as vestes que costurei para ele. Confesso que demorei mais tempo do que deveria, afinal, precisava terminar as medições precisamente…
— Será muito mais frequente. Até que não seja mais de fato um. — Comentei alegre ao colocar a cesta dentro da carruagem. Minhas coisas já estavam todas ali dentro e ergui o rosto para o sol por alguns instantes. O calor matinal beijava meu rosto com carinho e comprimi os lábios em um sorriso travesso quando me peguei querendo outros beijos.
— Sim, o dia está ótimo. Só não está mais lindo do que você, Rain. — Pisquei para ele, apreciando o belo trabalho que eu havia feito na noite passada com as tranças. Não fiz muitas, já que preferia ver seu belo cabelo negro solto. Me agarrando na carruagem, ergo o vestido com a outra mão e quase caio para trás, me segurando com ambas.
— Deuses. — Exclamo. Seria completamente vergonhoso cair assim na frente dele. — Estou mais do que ansiosa para viajar! Fui nesse monastério apenas uma vez quando criança, do qual me lembro ter sido uma viagem tediosa. Mas agora, tenho a melhor companhia que eu poderia desejar. — Instantaneamente desviai o olhar, encarando os cavalos. Talvez eu tivesse sido uma boba falando aquilo. As noites acordadas me faziam pensar em como um demônio tão majestoso quanto Rain não deveria se interessar por uma humana frágil e patética como eu. Dar sinais disso não era algo inteligente da minha parte.
— Creio que será tedioso para você. Costuma usar suas asas para se locomover, não é? — Tentei puxar um outro assunto.
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[Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
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[Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Dimmi le tue verità
Primeira viagem
— Ano/Estação: 840 DG, Verão
— Pessoas envolvidas: Lena e Rain
— Localidade: Ducado de Veilsworn
— Descrição: A aventura se iniciará com uma viagem de Lena até um templo distante, tendo Rain com sua escolta. O que acontecerá no caminho é um mistério.
— Tipo de aventura: Auto narrada (inicialmente)
— Aviso: Apesar de não estar planejado, pode ser que haja conteúdo violento e afins
— Pessoas envolvidas: Lena e Rain
— Localidade: Ducado de Veilsworn
— Descrição: A aventura se iniciará com uma viagem de Lena até um templo distante, tendo Rain com sua escolta. O que acontecerá no caminho é um mistério.
— Tipo de aventura: Auto narrada (inicialmente)
— Aviso: Apesar de não estar planejado, pode ser que haja conteúdo violento e afins
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Tell me
Não havia nenhuma algema ou restrição imposta sobre meu corpo, nem algum selo qualquer esculpido em minha carne para me manter dócil. Pela primeira vez em séculos, eu me sentia livre – ao menos tão livre quanto alguém pode ser na minha situação. Era verdade que ainda existia uma coleira invisível ligando meu pescoço à mão dos Almgreen, inclusive à de Lena, mas eu havia passado a confiar completamente nela e tinha certeza de que esta não seria usada. E quanto aos demais, por sorte o pai dela havia saído em uma viagem e me deixado para proteger sua filha, tarefa que eu não poderia estar mais contente em receber.
Naquela manhã eu trajava um longo manto sobre o meu corpo, costurado pela própria clériga. Vesti-lo era estranhamente reconfortante, o tecido corria por minha pele como se fossem os próprios dedos da garota, trazendo uma sensação de segurança que eu não sentia há séculos. E era justamente assim que me sentia com ela, seguro. Em comparação a mim, Lena parecia uma mulher pequena e frágil, e ainda assim possuía uma força única e capaz de proteger mesmo alguém como eu.
— Em todo esse tempo, creio que é a primeira vez em que deixo esta vila sem me sentir um prisioneiro — comentei, baixinho, olhando para a moça que eu deveria proteger. Ela era uma jovem humana de cabelos loiros e charmosas sardas, com olhos expressivos que sempre pareciam enxergar mais do que deveriam, um contraste quase perfeito com o vazio que existia nos meus. Suas expressões eram gentis e sua voz era tão doce quanto o canto dos pássaros. Eu poderia encará-la para sempre, e nunca deixaria de encontrar algo novo para me apaixonar. — Faz tempo que não sinto o calor do sol sendo tão gentil.
Terminei de carregar as coisas da herdeira para dentro de sua carruagem, observando as condições do clima. Normalmente eu não dava atenção para coisas assim, já que costumava sair daquela mansão com uma tarefa a cumprir e deveria fazê-lo sob a chuva ou sol, mas manter Lena segura era a minha prioridade e eu odiaria ter que viajar por uma estrada lamacenta. Por sorte, as nuvens não indicavam nenhuma chance de chuva que eu fosse capaz de notar, e as condições pareciam excelentes.
— Devemos chegar em dois dias se pararmos para descansar, não é uma viagem tão longa — informei à garota. Eu já havia passado pelo templo que iríamos visitar e, apesar de afastado, costumava ser uma viagem tranquila. Porém, fazia um século que eu não ia até lá, e muita coisa pode mudar em tanto tempo assim. — Quer fazer algo antes de partirmos?
Naquela manhã eu trajava um longo manto sobre o meu corpo, costurado pela própria clériga. Vesti-lo era estranhamente reconfortante, o tecido corria por minha pele como se fossem os próprios dedos da garota, trazendo uma sensação de segurança que eu não sentia há séculos. E era justamente assim que me sentia com ela, seguro. Em comparação a mim, Lena parecia uma mulher pequena e frágil, e ainda assim possuía uma força única e capaz de proteger mesmo alguém como eu.
— Em todo esse tempo, creio que é a primeira vez em que deixo esta vila sem me sentir um prisioneiro — comentei, baixinho, olhando para a moça que eu deveria proteger. Ela era uma jovem humana de cabelos loiros e charmosas sardas, com olhos expressivos que sempre pareciam enxergar mais do que deveriam, um contraste quase perfeito com o vazio que existia nos meus. Suas expressões eram gentis e sua voz era tão doce quanto o canto dos pássaros. Eu poderia encará-la para sempre, e nunca deixaria de encontrar algo novo para me apaixonar. — Faz tempo que não sinto o calor do sol sendo tão gentil.
Terminei de carregar as coisas da herdeira para dentro de sua carruagem, observando as condições do clima. Normalmente eu não dava atenção para coisas assim, já que costumava sair daquela mansão com uma tarefa a cumprir e deveria fazê-lo sob a chuva ou sol, mas manter Lena segura era a minha prioridade e eu odiaria ter que viajar por uma estrada lamacenta. Por sorte, as nuvens não indicavam nenhuma chance de chuva que eu fosse capaz de notar, e as condições pareciam excelentes.
— Devemos chegar em dois dias se pararmos para descansar, não é uma viagem tão longa — informei à garota. Eu já havia passado pelo templo que iríamos visitar e, apesar de afastado, costumava ser uma viagem tranquila. Porém, fazia um século que eu não ia até lá, e muita coisa pode mudar em tanto tempo assim. — Quer fazer algo antes de partirmos?
Última edição por Rain em Dom Out 22, 2023 9:01 pm, editado 1 vez(es)
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Última edição por Lena em Dom Out 22, 2023 9:16 pm, editado 1 vez(es)
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
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Lena conseguia falar com tanta facilidade sobre eu não ser mais um prisioneiro que parte de mim até queria acreditar em sua promessa. A verdade era que eu sequer conhecia uma outra vida e minhas esperanças de qualquer mudança já haviam sido completamente esgotadas ao longo de minha tortura, mas ela parecia ter o suficiente por nós dois. Eu havia aceitado ajudá-la a procurar algo que pudesse ser útil, mas estaria mentindo se dissesse que fazia isso por mim. Simplesmente não conseguia encará-la e dizer que eu não acreditava na possibilidade de viver uma vida livre. Não mais.
— Eu estava prestes a dizer o mesmo sobre você, canário — sorri, movendo uma mecha de cabelo loiro para trás da orelha da garota, desejando ver melhor o seu rosto e os olhos esverdeados. Sempre me sentia aliviado ao notar que ela havia puxado sua mãe, tendo os mesmos traços da Clericus e nada dos Almgreen em suas expressões. Eu detestaria olhar para alguém que gosto tanto e ter vislumbres do passado, então talvez – e apenas talvez – houvesse alguma criatura misericordiosa o suficiente para ter algum apreço por mim. — Gosto mais do seu cabelo assim, fica mais fácil de ver você corar.
Observei enquanto ela dava a volta pela carruagem, e por instinto estendi minhas mãos para segurá-la quando pareceu que estava prestes a cair. Lena acabou conseguindo se segurar sozinha, mas isso não me impediu de alcançar sua cintura, envolvendo-a com ambas as mãos de maneira protetora e segurando-a por um pouquinho mais de tempo do que o necessário. Poderia continuar ali, mas precisávamos sair o mais cedo possível se quiséssemos chegar a alguma estalagem decente antes do pôr do sol. Eu não me importaria de dormir ao relento, mas minha tarefa continuava sendo manter Lena segura, e isso incluía a possibilidade de doenças e assaltos.
— Eu já visitei antes também, quando ainda era um pequeno templo, mas não cheguei a entrar. Não imagino que a visão de um demônio seria muito agradável a eles — comentei, sem dizer o motivo pelo qual eu havia estado ali. Um inimigo dos Almgreen que estava conseguindo poder demais havia erguido aquele templo, e eu precisei colocar um fim à ameaça antes que se tornasse um problema. — Mas quem sabe, com você por perto, sequer notem a minha presença. Ao menos eu não desviaria os olhos de você por um segundo sequer...
— Na verdade, faz um bom tempo desde a última vez que usei. Seu pai não gosta que eu voe, a não ser que seja absolutamente necessário para completar alguma tarefa, e tem sido assim por um bom tempo — respondi, movendo as asas com certo desconforto. Era estranho ter aquela limitação, pois eu ainda era capaz de mover os membros com facilidade, mas ao mesmo tempo podia sentir como se uma corrente os prendesse com a mera ideia de voar. — Realmente é algo que faz falta, eu costumava gostar muito da liberdade de voar.
— Eu estava prestes a dizer o mesmo sobre você, canário — sorri, movendo uma mecha de cabelo loiro para trás da orelha da garota, desejando ver melhor o seu rosto e os olhos esverdeados. Sempre me sentia aliviado ao notar que ela havia puxado sua mãe, tendo os mesmos traços da Clericus e nada dos Almgreen em suas expressões. Eu detestaria olhar para alguém que gosto tanto e ter vislumbres do passado, então talvez – e apenas talvez – houvesse alguma criatura misericordiosa o suficiente para ter algum apreço por mim. — Gosto mais do seu cabelo assim, fica mais fácil de ver você corar.
Observei enquanto ela dava a volta pela carruagem, e por instinto estendi minhas mãos para segurá-la quando pareceu que estava prestes a cair. Lena acabou conseguindo se segurar sozinha, mas isso não me impediu de alcançar sua cintura, envolvendo-a com ambas as mãos de maneira protetora e segurando-a por um pouquinho mais de tempo do que o necessário. Poderia continuar ali, mas precisávamos sair o mais cedo possível se quiséssemos chegar a alguma estalagem decente antes do pôr do sol. Eu não me importaria de dormir ao relento, mas minha tarefa continuava sendo manter Lena segura, e isso incluía a possibilidade de doenças e assaltos.
— Eu já visitei antes também, quando ainda era um pequeno templo, mas não cheguei a entrar. Não imagino que a visão de um demônio seria muito agradável a eles — comentei, sem dizer o motivo pelo qual eu havia estado ali. Um inimigo dos Almgreen que estava conseguindo poder demais havia erguido aquele templo, e eu precisei colocar um fim à ameaça antes que se tornasse um problema. — Mas quem sabe, com você por perto, sequer notem a minha presença. Ao menos eu não desviaria os olhos de você por um segundo sequer...
— Na verdade, faz um bom tempo desde a última vez que usei. Seu pai não gosta que eu voe, a não ser que seja absolutamente necessário para completar alguma tarefa, e tem sido assim por um bom tempo — respondi, movendo as asas com certo desconforto. Era estranho ter aquela limitação, pois eu ainda era capaz de mover os membros com facilidade, mas ao mesmo tempo podia sentir como se uma corrente os prendesse com a mera ideia de voar. — Realmente é algo que faz falta, eu costumava gostar muito da liberdade de voar.
Última edição por Rain em Dom Out 22, 2023 10:07 pm, editado 1 vez(es)
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Eu nunca me acostumaria a quantas vezes Rain conseguia me deixar corada em um período tão curto de tempo. Deusa... suas palavras, a maneira como se aproximava e sua presença parecia engolir tudo mais ao meu redor para que apenas ele restasse... levei minha mão à dele quando afastou meu cabelo, desviando o olhar para baixo ao sentir minhas bochechas queimando com o elogio. Uma risadinha boba escapou por meus lábios e, não pela primeira vez, senti meu peito se aquecer por conta dele.
Soltei um gritinho de surpresa ao ter suas mãos me envolvendo tão repentinamente, e agradeci por não estar olhando para ele. Se antes eu já estava corada, naquele instante pude sentir minhas bochechas arderem como se estivessem realmente em chamas, e minha respiração acelerada provavelmente não passaria despercebida também. Quase protestei quando ele me soltou, mas eu sabia que precisávamos seguir viagem o mais cedo possível, então tentei guardar comigo a sensação de seu toque enquanto me recostava à carruagem.
— Oh! Deve ser… limitante possuir tão majestosas asas e não usá-las. — Murmurei, encarando os cavalos à nossa frente para tentar disfarçar o rubor que dividiu espaço em meu rosto com minhas sardas, mediante ao seu novo elogio. — Eu sonho que estou voando voando às vezes, e são sempre os meus sonhos favoritos... — depois dos que tenho a seu respeito, pensei, mas guardei esta última parte apenas para mim. Encarei os céus, tentando ao máximo não olhar para os olhos dele naquele momento, ou acabaria me derretendo de vez ali mesmo.
Seguimos viagem por algum tempo em silêncio, entre meus olhares tímidos para ele e suas risadas maliciosas que me deixavam louca, e já tínhamos saído da cidade quando percebi que havia sido tola em minha última resposta. — Oh, deusa! Desculpe, Rain. Se... se eu puder desfazer esta ordem dele... como te pedi para quebrar as correntes da última vez, eu ficaria feliz em te ajudar — ofereci, movendo as mãos com velocidade por conta do nervosismo. É claro que ele não me pediria para fazer isso, mas eu deveria ter oferecido desde o início.
Mas mal houve tempo para que Rain respondesse, pois o olhar dele foi desviado por algo à frente e o meu seguiu por instinto. Havia um tronco de árvore caído na estrada, grande o suficiente para bloquear qualquer tentativa da carruagem de seguir em frente, e não parecia ter simplesmente caído ali. Levei a mão ao pescoço, onde guardava a relíquia sagrada de minha deusa, e encarei o demônio por um instante em busca do que fazer. — O que vamos fazer?
Soltei um gritinho de surpresa ao ter suas mãos me envolvendo tão repentinamente, e agradeci por não estar olhando para ele. Se antes eu já estava corada, naquele instante pude sentir minhas bochechas arderem como se estivessem realmente em chamas, e minha respiração acelerada provavelmente não passaria despercebida também. Quase protestei quando ele me soltou, mas eu sabia que precisávamos seguir viagem o mais cedo possível, então tentei guardar comigo a sensação de seu toque enquanto me recostava à carruagem.
— Oh! Deve ser… limitante possuir tão majestosas asas e não usá-las. — Murmurei, encarando os cavalos à nossa frente para tentar disfarçar o rubor que dividiu espaço em meu rosto com minhas sardas, mediante ao seu novo elogio. — Eu sonho que estou voando voando às vezes, e são sempre os meus sonhos favoritos... — depois dos que tenho a seu respeito, pensei, mas guardei esta última parte apenas para mim. Encarei os céus, tentando ao máximo não olhar para os olhos dele naquele momento, ou acabaria me derretendo de vez ali mesmo.
Seguimos viagem por algum tempo em silêncio, entre meus olhares tímidos para ele e suas risadas maliciosas que me deixavam louca, e já tínhamos saído da cidade quando percebi que havia sido tola em minha última resposta. — Oh, deusa! Desculpe, Rain. Se... se eu puder desfazer esta ordem dele... como te pedi para quebrar as correntes da última vez, eu ficaria feliz em te ajudar — ofereci, movendo as mãos com velocidade por conta do nervosismo. É claro que ele não me pediria para fazer isso, mas eu deveria ter oferecido desde o início.
Mas mal houve tempo para que Rain respondesse, pois o olhar dele foi desviado por algo à frente e o meu seguiu por instinto. Havia um tronco de árvore caído na estrada, grande o suficiente para bloquear qualquer tentativa da carruagem de seguir em frente, e não parecia ter simplesmente caído ali. Levei a mão ao pescoço, onde guardava a relíquia sagrada de minha deusa, e encarei o demônio por um instante em busca do que fazer. — O que vamos fazer?
[ a lyric or a name ]
[/b]
Última edição por Lena em Seg Out 23, 2023 6:40 am, editado 2 vez(es)
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
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Naturalmente, era a primeira vez que eu falava a respeito de voar, e sequer havia percebido o quanto aquilo me afetava. A possibilidade de cruzar os céus era uma das minhas maiores liberdades, e tê-la retirada de mim, para ser usada apenas quando o meu mestre desejasse, era quase tão ruim quanto simplesmente ter as asas arrancadas. A sensação de que correntes se envolviam tornou-se mais forte conforme pensei nisso, me fazendo soltar um longo suspiro, e as palavras de Lena foram recebidas com um misto de sentimentos. Ela não falava por mal, é claro, mas limitante não chegava nem perto de definir.
Permaneci calado por um tempo, guiando a carruagem por um caminho conhecido para fora da cidade. Não demorei para perceber os olhares de Lena e tentei afastar da minha mente e expressão a tristeza a respeito das asas, sorrindo de volta para ela quando notei que encarava um pouco demais. Meu sorriso malicioso sempre parecia arrancar dela pensamentos e expressões maravilhosos, e não era incomum que eu desejasse estar em sua mente para saber exatamente o que ela sentia em momentos como aquele.
— Ah, eu... — fui pego de surpresa com a oferta da garota. A verdade era que eu sequer a via como minha mestre, e por vezes podia simplesmente esquecer que ela também possuía o meu nome verdadeiro e a capacidade de me dar comandos. Era estranho enxergá-la assim, e eu pensei em recusar sua ajuda, mas não faria sentido. Ela não estava tentando tirar minha liberdade, e sim devolvê-la... — Podemos tentar, eu acho q...
Minhas palavras foram interrompidas quando vi o obstáculo à frente. Um grande tronco de madeira barrava a passagem dos cavalos, uma óbvia emboscada, e ainda assim uma que não percebi até ser tarde demais. Olhei para trás de maneira disfarçada, e pude ver que alguns homens já se esgueiravam para tentar bloquear a nossa fuga, e provavelmente havia outros esperando pelo momento em que desceríamos para tentar remover o tronco. Respirei fundo, olhando para Lena e imaginando se deveria simplesmente pegá-la no colo e sair dali.
— Fique comigo, eu vou te proteger — respondi, diminuindo a velocidade da carroça e descendo para “verificar” o tronco. Não deixei que a minha atenção caísse nem por um segundo, e não demorou para que os bandidos se aproximassem de nós. Contei oito deles, de moleques franzinos e mal encarados a um brutamontes que tinha quase a minha altura e carregava uma grande clava em sua mão direita. Imediatamente endireitei meu corpo, olhando para cada um deles.
— Vocês não querem fazer isso — ameacei, removendo o capuz que cobria meus chifres para revelar minha face. Minha presença foi o suficiente para fazê-los hesitar, recuando um pouco e sacando suas armas. — Se deixarem as armas aí e forem embora, eu vou fingir que isto não aconteceu.
— É um demônio! Por que tem um maldito demônio viajando em uma carruagem? — Perguntou um dos mais franzinos e assustados. Não parecia ter atingido a maioridade ainda, e suas mãos tremiam ao me encarar.
— Esquece o demônio, olha para aquela garota — disse o maior, mais tranquilo e provavelmente mais experiente no trabalho. — Só esse vestido dela deve valer mais que a minha casa inteira. Nós somos oito, ele é só um... demônio ou não, é só matar.
— Que fofo — respondi, e um sorriso surgiu quando removi de vez o manto. Não queria deixar que aqueles patifes causassem um dano sequer a algo que Lena havia feito para mim com tanta dedicação. Minha vontade era de avançar contra eles de uma só vez, mas eu não deixaria a garota exposta, e por isso coloquei o meu corpo como um escudo entre eles e ela e apenas aguardei que avançassem, os punhos cerrados e prontos. — Venham, então.
— Peguem ele! — O grande ordenou, e seus capangas avançaram de uma só vez.
Permaneci calado por um tempo, guiando a carruagem por um caminho conhecido para fora da cidade. Não demorei para perceber os olhares de Lena e tentei afastar da minha mente e expressão a tristeza a respeito das asas, sorrindo de volta para ela quando notei que encarava um pouco demais. Meu sorriso malicioso sempre parecia arrancar dela pensamentos e expressões maravilhosos, e não era incomum que eu desejasse estar em sua mente para saber exatamente o que ela sentia em momentos como aquele.
— Ah, eu... — fui pego de surpresa com a oferta da garota. A verdade era que eu sequer a via como minha mestre, e por vezes podia simplesmente esquecer que ela também possuía o meu nome verdadeiro e a capacidade de me dar comandos. Era estranho enxergá-la assim, e eu pensei em recusar sua ajuda, mas não faria sentido. Ela não estava tentando tirar minha liberdade, e sim devolvê-la... — Podemos tentar, eu acho q...
Minhas palavras foram interrompidas quando vi o obstáculo à frente. Um grande tronco de madeira barrava a passagem dos cavalos, uma óbvia emboscada, e ainda assim uma que não percebi até ser tarde demais. Olhei para trás de maneira disfarçada, e pude ver que alguns homens já se esgueiravam para tentar bloquear a nossa fuga, e provavelmente havia outros esperando pelo momento em que desceríamos para tentar remover o tronco. Respirei fundo, olhando para Lena e imaginando se deveria simplesmente pegá-la no colo e sair dali.
— Fique comigo, eu vou te proteger — respondi, diminuindo a velocidade da carroça e descendo para “verificar” o tronco. Não deixei que a minha atenção caísse nem por um segundo, e não demorou para que os bandidos se aproximassem de nós. Contei oito deles, de moleques franzinos e mal encarados a um brutamontes que tinha quase a minha altura e carregava uma grande clava em sua mão direita. Imediatamente endireitei meu corpo, olhando para cada um deles.
— Vocês não querem fazer isso — ameacei, removendo o capuz que cobria meus chifres para revelar minha face. Minha presença foi o suficiente para fazê-los hesitar, recuando um pouco e sacando suas armas. — Se deixarem as armas aí e forem embora, eu vou fingir que isto não aconteceu.
— É um demônio! Por que tem um maldito demônio viajando em uma carruagem? — Perguntou um dos mais franzinos e assustados. Não parecia ter atingido a maioridade ainda, e suas mãos tremiam ao me encarar.
— Esquece o demônio, olha para aquela garota — disse o maior, mais tranquilo e provavelmente mais experiente no trabalho. — Só esse vestido dela deve valer mais que a minha casa inteira. Nós somos oito, ele é só um... demônio ou não, é só matar.
— Que fofo — respondi, e um sorriso surgiu quando removi de vez o manto. Não queria deixar que aqueles patifes causassem um dano sequer a algo que Lena havia feito para mim com tanta dedicação. Minha vontade era de avançar contra eles de uma só vez, mas eu não deixaria a garota exposta, e por isso coloquei o meu corpo como um escudo entre eles e ela e apenas aguardei que avançassem, os punhos cerrados e prontos. — Venham, então.
— Peguem ele! — O grande ordenou, e seus capangas avançaram de uma só vez.
Última edição por Rain em Seg Out 23, 2023 7:12 am, editado 1 vez(es)
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Rain imediatamente assumiu uma atitude protetora, se colocando entre o perigo e eu, e não demorou para que os bandidos se revelassem. Senti o meu coração acelerar em um misto de ansiedade e medo, estávamos cercados e eram inimigos demais para apenas nós dois, mas isso não impediu que o demônio revelasse sua face e chamasse cada um deles para a luta como se não se importasse com a quantidade. Eu olhei para o alto, para as costas repletas de cicatrizes e as asas abertas sobre mim como um escudo, e por um único instante senti como se de fato não houvesse perigo algum.
Pude ver que alguns dos bandidos, especialmente os mais jovens, pareciam amedrontados e hesitantes, e apenas isso já seria uma vantagem considerável. O maior deles, no entanto, tinha seus olhos em mim - e estes brilhavam com um desejo repulsivo. Não sabia dizer exatamente o que ele queria comigo, se seria dinheiro ou algo mais, mas não havia dúvidas de que ele estava disposto a ir quão baixo fosse necessário para conseguir o que queria. Um homem perigoso, que teria me feito fugir se não fosse por Rain. Ele continuou ali, parado e estoico, e eu continuei a sentir a coragem que vinha dele.
— Peguem ele! — Gritou o maior, e eu imediatamente fechei os meus olhos, desviando o olhar. Foi quando, não pela primeira vez, senti uma energia aconchegante tomar conta do meu corpo. Era uma sensação quente e segura, uma que eu não conhecia desde que era apenas uma criança… a sensação de quando minha mãe me pegava no colo e cantava para mim, fazendo com que o restante do mundo desaparecesse. Em momentos como aquele, eu quase podia sentir como se ela ainda estivesse ali, ao meu lado. E foi a partir deste sentimento que minha energia se manifestou, quase que involuntariamente e por puro instinto.
Eu não cheguei a ver com clareza o que aconteceu, pois abri os olhos tarde demais. Tudo o que notei foi a energia se dissipando, olhando para os bandidos para notar que dois deles estavam lançados ao chão, rolando de dor como se estivessem queimados. Rain ainda não havia feito nada, e o demônio inclusive lançou um olhar surpreso para mim, que eu demorei para entender. “Eu fiz isso?” Perguntei com os olhos, sem acreditar no que estava vendo. Mas ele simplesmente sorriu e avançou, aproveitando-se da distração criada.
Pude ver que alguns dos bandidos, especialmente os mais jovens, pareciam amedrontados e hesitantes, e apenas isso já seria uma vantagem considerável. O maior deles, no entanto, tinha seus olhos em mim - e estes brilhavam com um desejo repulsivo. Não sabia dizer exatamente o que ele queria comigo, se seria dinheiro ou algo mais, mas não havia dúvidas de que ele estava disposto a ir quão baixo fosse necessário para conseguir o que queria. Um homem perigoso, que teria me feito fugir se não fosse por Rain. Ele continuou ali, parado e estoico, e eu continuei a sentir a coragem que vinha dele.
— Peguem ele! — Gritou o maior, e eu imediatamente fechei os meus olhos, desviando o olhar. Foi quando, não pela primeira vez, senti uma energia aconchegante tomar conta do meu corpo. Era uma sensação quente e segura, uma que eu não conhecia desde que era apenas uma criança… a sensação de quando minha mãe me pegava no colo e cantava para mim, fazendo com que o restante do mundo desaparecesse. Em momentos como aquele, eu quase podia sentir como se ela ainda estivesse ali, ao meu lado. E foi a partir deste sentimento que minha energia se manifestou, quase que involuntariamente e por puro instinto.
Eu não cheguei a ver com clareza o que aconteceu, pois abri os olhos tarde demais. Tudo o que notei foi a energia se dissipando, olhando para os bandidos para notar que dois deles estavam lançados ao chão, rolando de dor como se estivessem queimados. Rain ainda não havia feito nada, e o demônio inclusive lançou um olhar surpreso para mim, que eu demorei para entender. “Eu fiz isso?” Perguntei com os olhos, sem acreditar no que estava vendo. Mas ele simplesmente sorriu e avançou, aproveitando-se da distração criada.
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Lena- Créditos : 0
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Tell me
Eu estava prestes a erguer os punhos para me defender quando um arrepio percorreu minha espinha e fez com que cada um dos meus sentidos entrasse em alerta. Pude sentir uma energia oposta a tudo o que eu era se formando, e virei os olhos para trás por um único instante em uma tentativa de identificar a ameaça. Mas tudo o que eu vi foi Lena, com os olhos fechados como se estivesse esperando por um ataque que não viria. E atrás dela… uau. Eu não soube dizer quem ou o que era aquilo, mas a manifestação era belíssima, com seus cabelos flamejantes e sorriso que parecia debochar dos inimigos.
Magia divina. Mesmo sem ser um mago, mesmo sem conexão alguma com magia, pude sentir que aquela energia contrastava com a profana que habitava o meu próprio corpo. Ser atingido por aquilo não seria bom para mim, mas aparentemente Lena - ou seu instinto - sabia bem o que estava fazendo. Da ponta do cajado flamejante do espectro surgiu uma bola de fogo que foi lançada diretamente contra um dos bandidos mais jovens, que imediatamente se jogou no chão em um grito de dor. Antes que os bandidos pudessem raciocinar, a forma se manifestou mais uma vez e queimou o rosto do inimigo mais jovem com outra bola de fogo.
Foi quando Lena abriu os olhos, olhando de mim para o campo de batalha em uma clara confusão. Eu poderia ter deixado uma risada escapar no momento em que voltei minha atenção para os bandidos novamente, aproveitando de seu pequeno choque para avançar em uma linha reta até o maior de todos. Havia aprendido há muito tempo que a melhor maneira de intimidar um grupo como aquele era derrubando o líder, e por isso foi nele que mirei o meu soco. Como de costume, adicionei a energia profana no exato momento em que estava prestes a atingi-lo, lançando-o para longe com o ataque.
Mas havia sido fraco. Muito mais do que eu estava acostumado. Toda vez que alguém novo aprendia meu nome, todo o meu poder se moldava para refletir o do meu novo dono, limitando as minhas capacidades. Um golpe com todo o meu poder teria matado o homem na hora, mas aquele foi tão fraco que ele conseguiu se levantar como se não tivesse sofrido nada, dando tempo para que os demais bandidos se recuperassem e viessem na minha direção, armas preparadas.
Eram muitos de uma só vez. Fui capaz de manter dois afastados com minhas asas e derrubei um terceiro com a calda, mas os dois restantes conseguiram adentrar minha guarda. Suas espadas curtas estavam longe de serem afiadas, mas ainda foram capazes de causar ferimentos superficiais em meus braços. Se minha pele não fosse tão resistente, teriam sido feridas sérias.
Mas o golpe mais forte veio da clava do brutamontes, que foi girada com uma precisão incrível antes de atingir meu queixo, retirando meu centro de equilíbrio por um tempo e quase me derrubando. E ele estava prestes a atacar de novo quando Lena me surpreendeu uma vez mais.
Magia divina. Mesmo sem ser um mago, mesmo sem conexão alguma com magia, pude sentir que aquela energia contrastava com a profana que habitava o meu próprio corpo. Ser atingido por aquilo não seria bom para mim, mas aparentemente Lena - ou seu instinto - sabia bem o que estava fazendo. Da ponta do cajado flamejante do espectro surgiu uma bola de fogo que foi lançada diretamente contra um dos bandidos mais jovens, que imediatamente se jogou no chão em um grito de dor. Antes que os bandidos pudessem raciocinar, a forma se manifestou mais uma vez e queimou o rosto do inimigo mais jovem com outra bola de fogo.
Foi quando Lena abriu os olhos, olhando de mim para o campo de batalha em uma clara confusão. Eu poderia ter deixado uma risada escapar no momento em que voltei minha atenção para os bandidos novamente, aproveitando de seu pequeno choque para avançar em uma linha reta até o maior de todos. Havia aprendido há muito tempo que a melhor maneira de intimidar um grupo como aquele era derrubando o líder, e por isso foi nele que mirei o meu soco. Como de costume, adicionei a energia profana no exato momento em que estava prestes a atingi-lo, lançando-o para longe com o ataque.
Mas havia sido fraco. Muito mais do que eu estava acostumado. Toda vez que alguém novo aprendia meu nome, todo o meu poder se moldava para refletir o do meu novo dono, limitando as minhas capacidades. Um golpe com todo o meu poder teria matado o homem na hora, mas aquele foi tão fraco que ele conseguiu se levantar como se não tivesse sofrido nada, dando tempo para que os demais bandidos se recuperassem e viessem na minha direção, armas preparadas.
Eram muitos de uma só vez. Fui capaz de manter dois afastados com minhas asas e derrubei um terceiro com a calda, mas os dois restantes conseguiram adentrar minha guarda. Suas espadas curtas estavam longe de serem afiadas, mas ainda foram capazes de causar ferimentos superficiais em meus braços. Se minha pele não fosse tão resistente, teriam sido feridas sérias.
Mas o golpe mais forte veio da clava do brutamontes, que foi girada com uma precisão incrível antes de atingir meu queixo, retirando meu centro de equilíbrio por um tempo e quase me derrubando. E ele estava prestes a atacar de novo quando Lena me surpreendeu uma vez mais.
Rain- Créditos : 0
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Era a primeira vez que eu via Rain em combate, mas havia algo completamente diferente nele. Uma aura sombria, uma vontade que eu não estava acostumada a ver, como se naquele momento ele fosse de fato um demônio. Eu não tive medo, pois sabia bem que ele jamais faria qualquer coisa para me ferir, mas foi diferente enxergá-lo daquela maneira, correndo para o meio do campo de batalha sem medo algum e desferindo golpe após golpe enquanto era cercado. Por um instante me peguei sorrindo, quase torcendo para que ele vencesse todos os inimigos sozinho, e sequer notei que meu coração não batia mais tão acelerado.
Até que…
— Rain! — Gritei no momento em que as espadas o atingiram. Vi o sangue escorrer pelos braços fortes do demônio, uma ferida leve, mas que o distraiu por tempo o suficiente para o golpe seguinte. Tapei a boca com as mãos no momento em que a clava o atingiu, causando um desequilíbrio completo. E o brutamontes não havia terminado, pois ergueu sua arma uma vez mais para um golpe que poderia ser grave. — Não o machuque! — Eu gritei, tentando acessar aquela mesma sensação, a mesma energia de antes. E de fato pude sentir o calor em meu corpo, mas algo foi diferente daquela vez.
Estava de olhos abertos, então pude ver a manifestação ao meu lado. Um espírito usando um longo vestido prateado, com cabelos que brilhavam em chamas douradas. Seus olhos pareciam gentis, mas ao mesmo tempo furiosos, e seu cajado emanava uma energia semelhante à que eu sentia quando conversava com a deusa em preces. Eu não dei qualquer comando a ela, mas não foi necessário: suas chamas saíram do cajado e atingiram em cheio no rosto do maior, que urrou enquanto tapava os olhos e esfregava as mãos sobre a face.
— Rain! Você está bem? — Perguntei, notando que ele havia voltado a se equilibrar, mas ainda não parecia tão recuperado da pancada. Foi minha vez de me aproximar, me colocando entre ele e os bandidos e liberando aquela energia uma vez mais para atingir o peito do brutamontes. Nem mesmo eu conhecia aquela coragem, aquela vontade de estar ali, mas não deixaria que ninguém o ferisse.
Até que…
— Rain! — Gritei no momento em que as espadas o atingiram. Vi o sangue escorrer pelos braços fortes do demônio, uma ferida leve, mas que o distraiu por tempo o suficiente para o golpe seguinte. Tapei a boca com as mãos no momento em que a clava o atingiu, causando um desequilíbrio completo. E o brutamontes não havia terminado, pois ergueu sua arma uma vez mais para um golpe que poderia ser grave. — Não o machuque! — Eu gritei, tentando acessar aquela mesma sensação, a mesma energia de antes. E de fato pude sentir o calor em meu corpo, mas algo foi diferente daquela vez.
Estava de olhos abertos, então pude ver a manifestação ao meu lado. Um espírito usando um longo vestido prateado, com cabelos que brilhavam em chamas douradas. Seus olhos pareciam gentis, mas ao mesmo tempo furiosos, e seu cajado emanava uma energia semelhante à que eu sentia quando conversava com a deusa em preces. Eu não dei qualquer comando a ela, mas não foi necessário: suas chamas saíram do cajado e atingiram em cheio no rosto do maior, que urrou enquanto tapava os olhos e esfregava as mãos sobre a face.
— Rain! Você está bem? — Perguntei, notando que ele havia voltado a se equilibrar, mas ainda não parecia tão recuperado da pancada. Foi minha vez de me aproximar, me colocando entre ele e os bandidos e liberando aquela energia uma vez mais para atingir o peito do brutamontes. Nem mesmo eu conhecia aquela coragem, aquela vontade de estar ali, mas não deixaria que ninguém o ferisse.
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Lena- Créditos : 0
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Re: [Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità
Tell me
A tontura demorou alguns instantes para passar, momentos em que mantive minha guarda alta e esperei por um ataque que nunca veio. Lena havia se colocado de maneira protetora ao meu lado, e ela estava realmente ameaçadora. Havia um fogo ardendo em seus olhos que eu não conhecia até então, que lembrava a sensação ardente de ver aquela manifestação surgindo. Era surpreendente e ao mesmo tempo instigante, um lado dela que eu realmente queria ver mais vezes.
Meus olhos se voltaram para o campo de batalha quando o brutamontes tentava se recuperar, mas não dei a ele esta chance. Desferi outro soco com energia profana, mas dessa vez fui capaz de acertar em cheio e enviar uma explosão de energia ao meu redor. O golpe foi o bastante para lançá-lo ao chão, inconsciente, e para que todos os outros bandidos recuassem dois passos sem saber o que fazer. Eles se entreolhavam, hesitantes, como se esperassem pelo primeiro que fosse louco o bastante de avançar ou que desse a eles um comando, mas não pretendia deixar que isto acontecesse.
— Saim, agora — rosnei, deixando que a minha presença intimidadora fizesse o restante. Sem seu líder, não havia mais moral ou vontade de lutar, e a mera ameaça foi o suficiente para que largassem as armas e corressem para longe daquela estrada. Meus instintos demoníacos me mandavam avançar, segui-los até onde estivessem se escondendo e ensiná-los a não ameaçar Lena nunca mais, mas minha preocupação de verdade era outra naquele instante. — Você se feriu? Está bem? Eu sinto muito, deveria tê-la protegido direito…
Foi apenas então que notei. Não sabia exatamente há quanto tempo estava ali, como se meus olhos estivessem simplesmente ignorando por conta do problema mais urgente, mas aos poucos as palavras entraram em foco. Um comando silencioso, e talvez irônico? “Faça cem flexões e cem abdominais”. Olhei em volta, tentando entender quem poderia ser o autor daquela mensagem, mas não pude notar qualquer presença além de Lena, que também parecia distraída como se pudesse ver o mesmo aviso.
— Er… o que será isso?
Meus olhos se voltaram para o campo de batalha quando o brutamontes tentava se recuperar, mas não dei a ele esta chance. Desferi outro soco com energia profana, mas dessa vez fui capaz de acertar em cheio e enviar uma explosão de energia ao meu redor. O golpe foi o bastante para lançá-lo ao chão, inconsciente, e para que todos os outros bandidos recuassem dois passos sem saber o que fazer. Eles se entreolhavam, hesitantes, como se esperassem pelo primeiro que fosse louco o bastante de avançar ou que desse a eles um comando, mas não pretendia deixar que isto acontecesse.
— Saim, agora — rosnei, deixando que a minha presença intimidadora fizesse o restante. Sem seu líder, não havia mais moral ou vontade de lutar, e a mera ameaça foi o suficiente para que largassem as armas e corressem para longe daquela estrada. Meus instintos demoníacos me mandavam avançar, segui-los até onde estivessem se escondendo e ensiná-los a não ameaçar Lena nunca mais, mas minha preocupação de verdade era outra naquele instante. — Você se feriu? Está bem? Eu sinto muito, deveria tê-la protegido direito…
Foi apenas então que notei. Não sabia exatamente há quanto tempo estava ali, como se meus olhos estivessem simplesmente ignorando por conta do problema mais urgente, mas aos poucos as palavras entraram em foco. Um comando silencioso, e talvez irônico? “Faça cem flexões e cem abdominais”. Olhei em volta, tentando entender quem poderia ser o autor daquela mensagem, mas não pude notar qualquer presença além de Lena, que também parecia distraída como se pudesse ver o mesmo aviso.
— Er… o que será isso?
Rain- Créditos : 0
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Data de inscrição : 31/08/2023
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