[Autonarrada | Fechada | +18?] Dimmi le tue verità

Com o líder caído, não houve mais vontade de luta entre os outros. Senti um gritinho escapando da minha garganta, tanto pelo triunfo quanto pelo alívio em ver que estava tudo bem. A ansiedade começou a me deixar aos poucos e pude respirar fundo por um instante, observando enquanto Rain concentrava toda a sua atenção em mim novamente. Como se eu fosse quem estivesse com os braços sangrando. Graças a ele, nenhum dos bandidos havia sequer se aproximado o suficiente para me ferir, e era por isso que eu me sentia na responsabilidade de retribuir o favor.

— Eu estou bem, estou bem. Não se preocupe — respondi, calmamente. — Mas você está sangrando, e eu vou limpar essa ferida. Não aceito um não como resposta, mesmo que se regenere sozinho — exclamei, já sabendo exatamente o que ele iria dizer. Me virei para a carruagem, onde peguei um pedaço de pano limpo e meu cantil de água, virando novamente para encará-lo. E Rain parecia observar o nada, concentrado até demais no que parecia puro vento. — O que você está…?

A pergunta não chegou ao final, pois aos poucos pude começar a enxergar o mesmo que ele. Uma mensagem simples e direta que parecia nos dar um comando esquisito até demais. Olhei para ele, e depois reli a mensagem para ter certeza de que estava vendo certo. Por que alguém iria querer que fizéssemos aquilo ali, no meio da estrada e em um campo de batalha com no mínimo três bandidos desacordados? Além disso, eu sequer sabia fazer aquele tipo de coisa… provavelmente existia toda uma técnica que eu não conhecia.

E ainda assim…

— Oh, céus. E se… e se for um pedido divino? — Questionei, corando. Parte de mim acreditava naquilo, realmente, mas a outra parte estava interessada em outra coisa. Jamais havia visto Rain se exercitar, mas não havia dúvidas de que ele seria capaz de cumprir aquele desafio, e não era algo que eu me importaria de ficar olhando. Sequer notei o quando eu encarava seus músculos até ver aquele maldito sorriso novamente, o que me fez corar e desviar os olhos, pigarreando para mudar o foco. — Eu nunca fiz isso… por que você não começa? Pode até mesmo fazer as minhas, se preferir.

Eu havia me arrependido no momento que as palavras saíram da minha boca, também quando meu maldito rosto me traiu e enrubesceu a ponto dele perceber. E claro, me dar aquele sorriso que fazia minhas pernas bambearem.

O demônio não precisou dar sequer dois passos completos para estar à minha frente. Meu nariz praticamente roçava em seu peito quando levantei o olhar. Deusa… ele cheirava tão bem, minha língua estalou no céu da boca de uma vontade que eu sequer entendia, e não consegui esboçar reação alguma além de fazer o que ele mandou. — Irônico, não? —

— Rain… O que você vai… — Comecei perguntar, mas não tive tempo de completar. Ele se deitava sobre mim, arrancando um gritinho assustado de minha garganta. Ele estava tão próximo, mas tão próximo… Seus cabelos negros caíam ao lado de meu rosto me fazendo rir. Ele começou a fazer os exercícios, subindo e descendo vagarosamente, enquanto com certeza o fazia de propósito.

Fiquei brincando com algumas mechas de seu cabelo enquanto isso, rindo feito uma menininha boba. Ele, por vezes, se aproximava tanto que até mesmo seu hálito eu conseguia sentir na língua. Por que me tentas, Deusa?

Ergui-me. Ou, tentei. Em pé, ergui o vestido para que a barra não cobrisse muito além dos joelhos. Nem parecia que quase morremos minutos atrás… Eu ria como se tivesse aprendido a rir pouco tempo atrás, o que pensando bem… Foi, há um mês. Em um dia chuvoso.

Continuei balançando o vestido em uma brincadeira leve enquanto ele fazia os exercícios tão facilmente que até havia me animado em fazer. — Não chegarei a cinco. Vai precisar levantar meu corpo igual uma marionete! — Revirei os olhos, deitando-me no chão e vendo-o sentar-se de frente para meus joelhos dobrados.

— A cada dezena, eu mereço um beijo. — Me autoestimulei, rindo ao ver aquele sorriso bobo em seu rosto. Apoiei ambas as mãos atrás de minha cabeça e icei o corpo, tendo dificuldade em chegar até cima. Rain começou me incentivar, tanto com palavras, quanto lambendo seus lábios de forma sedutora. Eu queria socá-lo.

O suor brotava em meu corpo e o ar fugia de meus pulmões como… o diabo da cruz. Demorei o triplo de tempo que ele para fazer, recebendo diversos beijinhos como recompensa quando mal conseguia me mover deitada sobre o relento, percebendo que o sol atingia seu pico já naquele momento.

— Precisará me carregar. — Arfei exausta, rindo uma vez mais quando ele, deitado também, içou meu corpo sobre o seu para que eu fizesse então as flexões. Mesmo que eu estivesse com os braços completamente esticados, apoiados ao lado de sua cabeça, precisava baixar apenas um pouco para que ficasse perto o bastante para um roçar de lábios.

De início achei que não conseguiria. Meu abdome doía muito e para puxar o ar era ainda um sacrifício maior, mas Rain me apoiou com as mãos em minha cintura para que não me deixasse cair. Tentei focar na pequena recompensa que era quando descia, roçando beijinhos por seu rosto, nariz e lábios, arriscando até mesmo em seu queixo. Fiz intervalos maiores, sequer saindo de cima dele e usando seu maciço corpo como apoio para descansar, mas não demorando a voltar fazer as flexões. — Cem! — Terminei de contar, desabando sobre ele e rindo.