[Narrada/Fechada/18] De frente a Amani

Ouvindo o que meu servo notificava, pela grande sensibilidade aos espíritos, sabia que minha companheira não precisaria de que eu me estendesse e relação ao que lá havia, então teria dito - Não vejo propósito na batalha, são bestas sujas, que nem sequer poderiam dar uma boa história ou memória… Não planejo adicionar uma a minha coleção também. Eu teria dito de maneira tranquila e sem entoar muita emoção.

Fiz um sinal com as mãos para que minhas tropas mantivessem a formação e alterassem o curso, contornar era o caminho mais efetivo para aquela situação, em organização ainda assim teriam ido um servo vermelho bem próximo de nós, um a frente e outro cuidando das costas, enquanto o esmeralda serviria para ser o nosso batedor, recolhendo informações muito antes de chegarmos ao local.

A ideia era evitar combates e chegar ao pé da montanha o mais breve possível, para que eu pudesse deixar que um dos servos colocasse a bandeira em seu topo. Mantive-me atenta, não achava que bestas selvagens tão fácilmente trariam algum problema mas no louco cenário de uma coragem barbara, tinha a espada de meu servo pronta para realizar um movimento de empurrar e repelir o melhor que pudesse, mas o meu sair do caminho, também poderia ser uma realidade.

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Me perguntei em que momento havíamos voltado para a região das cachoeiras, mas de algum modo talvez, absorta em meio a ignorância daqueles que haviam anteriormente me cercado tenha acabado ficado absorta em meus pensamentos.

No entanto apesar de terem seguido de forma até avançada em relação aos meus planos, meus servos com exceção do esmeralda haviam se mostrado completamente incompetentes na maneira como se apresentaram para que seguissem o meu comando, tive a profunda vontade de suspirar em descontentamento, por mais que fosse muito mais um hábito do que uma possibilidade de encher meus pulmões de ar.

- Você queria um banho, não? Olhei para Shun, enquanto evitei a parte onde haveria a possibilidade de quedas, escorregões ou qualquer outra coisa, evitava também uma posição  que pudesse atrair curiosos ao qual não seriam capazes de com suas mentes vulgares compreenderem a imagem de não uma mas duas Deusas. - Faça algo de útil  eu teria direcionado ao servo vermelho desmembrado Que prontamente esticou  um de seus braços, se afastando do perigo da queda, agindo como um cabide para que nossas roupas secassem, tive a certeza de garantir através de meu poder que não haveriam tropeções, erros ou outras atitudes dignas de um parvo, diante de minha grande existência não havia espaço para algo tão baixo como o ato de errar.

Fitei a linda figura de minha Deusa raposa e então teria dito - Não vejo motivo de insistir que tal lugar resolva a honra mas, não tem o desejo de deixar que suas vestes se sequem?- Então olhando a atitude que Shun tomou, fiz um movimento circular com os dedos de modo a sinalizar para meu servo esmeralda para que circulasse o ambiente como um batedor da mesma forma que ele pudesse utilizar de sua presença fantasmagórica para atravessar objetos, sem que pudesse se expor, a ideia é que ele pudesse nos avisar de animais, de possíveis curiosos ou de seres problemáticos.

Não pude deixar de observar, sem pudor algum o novo corpo que  minha companheira havia tomado como seu, não pude deixar de negar que o desejo de consumi-la ali mesmo quase me fizeram avançar, mas não o fiz, não estava com vontade de fazer em um lugar que eu não pudesse aproveitar totalmente, pelo menos não até que o pecado me consumisse por completo.

Caminhei com calma, com cuidado para que meus pés não  escorregassem, então sentei ao seu lado,  arrumando a coroa para que não ficasse desconfortável já que dificilmente ela sairia sem que eu puxasse, sequer desejava também tirá-la, já que  era um modo de mostrar a minha deidade ao mundo. Recostei a minha cabeça sobre Shun, enquanto com uma das mãos agarrei a sua, fazendo-a entender que desejava sentir o calor de seus dedos sobre os meus, enquanto os entrelacei, fiquei quieta ali por um momento e então mergulhei meus pés na água, não podendo deixar de  pensar no quão sortuda é a vida marítima ao receber tal benção.

Fruto de um ritual necromântico auto-realizado, nenhuma inconveniência da vida era refletido em meu corpo, apesar de minha impura existência ainda ser capaz de manifestar desejos e processá-los sobre o meu corpo. Movi o meu polegar como um gesto de afeição a Shun, fechando os olhos em uma grande confiança enquanto aproveitei daquele momento.

Deixei que ela me conduzisse, recostando a minha cabeça sobre o mais confortável apoio para a cabeça que o mundo poderia oferecer, tinha a certeza que nações poderiam se destruir mediante a inveja de minha situação mas Shun, era o meu primeiro e mais valioso tesouro.

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Senti como se em meio ao meu desejo e tranquilidade o universo tivesse se dobrado nas próprias leis criadas para que eu pudesse eventualmente reiná-lo ao estender aquele momento pelo que pareceu o tempo de uma vida, ao lado de Shun, sentia o que em vida não me fora agraciado em minha vil e amaldiçoada existência.

Senti pelo meu corpo uma sensação de tranquilidade e paz profundas dignas da paz encontrada apenas no pós-vida, mas não durou a provação ao qual sem muita pressa tive um estalo como se as rédeas do destino pudessem ali me dar uma direção para o meu tão merecido destino escrito de nascença. Entendia o sinal e tomando-no como origem de minha consciência que desafia a própria razão me ergui e olhei para Shun, esperava que como a única digna de andar ao meu lado, que minha grande presença através do olhar a tivesse carregado para as mesmas ondas do destino.

Eu não era dotada de um potencial físico além do extraordinário mas, a natureza de meu corpo me ajudava muito ao ver o ânimo de Shizuka ao realizar as ações e coloquei ambas as mãos em posição, acompanhei o ritmo de Shun e suas contagens afinal, eu havia abandonado minhas limitações mortais ao assumir o meu corpo perfeito e não tinha que me preocupar com os braços doendo ou qualquer preocupação ao qual tive anteriormente antes de alcançar a minha forma perfeita. Segui e vendo que Shun teria feito 110, fiz 111 afinal, não poderia a decepcionar.

Terminei então me voltando e fazendo as abdominais, com o término deles, eu simplesmente me virando e me colocando ao lado de Shun, parada e quieta para que eu pudesse realizar a reunião necromantica de energia ao qual meu eu superior poderia agora, retomar.

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