[Narrada/Fechada/18] - WD40

Um diálogo se iniciava com o homem, seu nome era Zim e o seu sotaque entregava que o mesmo não era de uma alta classe, era um simples aldeão. Sua formiga fazia barulhos hediondos que por alguma razão, o barulho ressoava em sua alma, como se tivesse alguma ligação com o passado perdido de Jonas. Zim puxava de sua mochila um cantil, provavelmente contendo água, o sol ainda se mantinha forte, mas o rapaz automata não sentia o calor, como Zim sentia. - Essa vila sempre teve assim, meu vo dizia que era um monstrão de lata que nem ôce que fez isso, mas num sei não, ocê não parece sê grande coisa. Jonas escutava com atenção o que o velho dizia. *Então antigamente tinha outros seres “de lata” como eu e um deles causou o soterramento e destruição da vila.. É, eu penso o mesmo sobre você, não parece ser grande coisa, com exceção dessa formiga anormal..* Não esboçava uma expressão, apenas fitava-o.

Zim então respondia a pergunta do robô, sobre que ano eles estavam, estava supondo que seria 751 no mínimo, mas o velho não sabia com exatidão, apenas dizia que deveriam estar em 800 e alguma coisa, no mínimo quarenta e nove anos a mais do que imaginava. O velho em nenhum momento parecia desconfortável, conversava de boas com o autômato e Zim até sugeria levar Jonas para a cidade, mas cobrando uma peça de ouro para tal ato. – Eu não possuo 1 peça de ouro, mas poucas peças de pratas.. Era o que lembrava, revistando seu corpo de metal, encontrava algumas peças de prata, cinco para ser exato. Mostrava para Zim a quantidade, segurando as cinco peças. – Cinco, mas não posso te dar todas, pois preciso de algumas para sobreviver. Talvez agora ficasse em um impasse, mas com a personalidade atualmente de Zim, talvez ele aceitasse que fosse pago por uma ou duas peças de prata. *Três peças é o máximo que posso aceitar, caso ele peça mais, terei que recusar a viagem com guia e ir sozinho..*

Histórico:

Legenda:

Com riqueza limitada a algumas moedas de prata, o acordo acabou se tornando um serviço de guarda durante a viagem, ao invés de moedas de ouro, que Jonas não tinha, já que de prata não serviria. Não tinha muito tempo para pensar sobre a troca de favor, se não aceitasse, teria que vagar pelo deserto sozinho, ou ficar por aquela casa por seja lá mais quanto tempo. *Savah? Não li nada sobre ele naquele livro, será que esse velho não está pronunciando errado e na verdade, seja Savar, a besta do deserto? A devoradora de camelos?* – Aceito esse serviço.. Diria com uma voz robótica, enquanto se aproximava do velho, para segui-lo para a civilização. Caminharia ao lado do velho e de Zuk, prestando atenção ao seu redor e na sua dianteira, estava como segurança, seja lá do que estava sendo transportado.

Procuraria observar o transporte, isto é, se o velho e Zuk estivessem transportando de fato, algo ou então, Zim havia se referido eles como a “mercadoria” do transporte. – Sobre a história, você não quis dizer “Savar” a Besta do deserto? Talvez seja um mal entendido de alguma parte.. Pois pelo que li, a Besta está morta já tem um bom tempo.. Quem seria esse Savah, que você comentou então? Escutaria com atenção, mas sem perder o foco em sua missão temporária como segurança.

Histórico:

Legenda:

Savah e Savar talvez não fossem a mesma coisa, mas estava dialogando com aquele homem que parecia ser do interior e como não tinha lembranças, não podia confirmar nada, só guardar na memória o que havia lido no diário até certa data. Jonas não conseguia compreender o dialeto de Zim. *Mortu deve ser “Morto”, já que ele diz “vivo” depois, mas os mortos estão andando por aí? Ou é apenas ele falando asneiras? Preciso encontrar pessoas normais para questiona-los..* Do nada, uma janela surgia, mas era uma janela que pelo que aparentava, apenas o automata conseguia ver, já que Zim nada comentava e vendo a cara da mulher, se recordava da barraca da arma, aonde havia pego um anel que tinha uma espada dentro dela, quebrada, esperando por reparos. *Logo agora, Deusa? *

Ventos quentes cruzavam aquele deserto, mas Jonas não sentia, pois não tinha carne nem osso, era apenas um “ser de metal”. *Vou ter que fazer agora.. * O homem máquina parava de caminhar e falava para Zim e Zuk: – Esperem um pouquinho aí, preciso fazer algo. O autômata então se deitava no chão, esticando as pernas e as pontas dos dedos de seus “pés”, enquanto que dobrava os braços, colocando os cotovelos para cima e afastando um pouco as mãos da proximidade de sua cabeça, Jonas com um movimento de “empurro”, tirava seu peito da areia e quando seu braço já estava todo “desdobrado”, voltava calmamente a dobra-lo, até que seu peito tocasse mais uma vez, aquela areia. Tais movimentos iriam se repetir até que a Deusa da Ansiedade ficasse satisfeita com as flexões, todas as 100 que ela havia pedido. Após os 100 e ver alguma reação dela, o homem máquina se levantar, bateria as mãos pela parte frontal do maquinário, para tirar a areia e voltaria a andar. *Vou andar mais um pouco e depois eu paro, para completar os outros 100, Deusa da Ansiedade.* Olharia para o homem e para a formiga e então, diria: – Mais lá para frente, pararei de novo, para fazer outra coisa.. E então, voltaria para seu “serviço de escolta”.

Histórico:

Legenda:

Metade do desafio estava pago, faltava apenas os abdominais que havia decidido fazer após andar mais um pouco, Zim chegava a perguntar, em seu próprio dialeto: - Pur ma qui mi pirgunte… Ma u sinho tara aazendo uqui? Jonas olhava com seus olhos tecnológicos para o caipira, buscando entender mentalmente o que ele havia perguntado. * Será que ele não sabe o que é flexões? Ou será que ele está perguntando sobre o que eu estava fazendo nesse deserto, no meio do nada..* O homem máquina então parava de andar e o respondia, antes de se deitar no chão: – Está perguntando sobre as flexões e abdominais? Ou o que eu estava fazendo no meio do nada? Com a fala, Jonas se deitava no chão, ficando com as pernas dobradas, joelho para cima. Braços dobrados e mãos juntas atrás da cabeça, seus pés estavam bem apoiados naquele chão de areia, Jonas acabava por subir, usando o tronco, nesse momento, iria contrair a musculatura de seu “abdômen” para um auxilio, não iria se elevar muito, quando a cabeça estivesse se aproximando da altura do joelho, Jonas iria parar e desceria calmamente, executando o movimento reverso.

Abdominais não faria muito sentido, seu “eu” de agora era apenas pedaços de metais, não tinha músculos e nem carne ou barriga para usufruir de benefícios, mas era o que a Deusa queria. Os perigos de executar errado algo não tinha consequências para aquele corpo metálico, pelo menos era o que imaginava. Jonas repetiria aquele processo mais 100 vezes para que então, após finalizar, se levantaria como se nada tivesse acontecido e voltaria a caminhar ao lado de Zim. – Podemos agora prosseguir até o fim, Zim.

Histórico:

Legenda:

Era tudo para satisfazer a Deusa da Ansiedade, sentia que se não fizesse aquelas coisas, alguma coisa iria acontecer contra o robô e fazer flexões e abdominais não tinha muito sentido para o corpo atual de Jonas, se fosse o seu anterior, até tinha. Após concluir os requisitos, o autômata conseguia sentir uma energia fluir em seus dois núcleos, não era só energia, podia sentir que aquilo o fortalecia de alguma maneira que não conseguia explicar naquele momento. Zim agora havia deixado de fazer perguntas do porque daquilo e o grupo continuava o caminho sem mais paradas, a caminhada durava até que o sol se punha e a noite surgia e o trio só parava quando a noite os atacava pelo frio, coisa que o homem máquina não sentia.

Foi quando Jonas via uma pedra e lá o trio se acomodava, Zim chegava a pegar um isqueiro de sua mochila e pedaços de madeira das costas da formiga, aparentava que a intenção do caipira era dormir ali mesmo e voltar a caminhada ao amanhecer. Zim chegava a falar para Jonas, que ainda buscava entender direito o que o caipira queria dizer, mas vendo ele arrumar as coisas e se deitar ao redor da fogueira, chegava na conclusão de que Zim estava querendo passar a noite naquele lugar. O autômata não pegava no sono, apenas ficava sentado, atento e esperto para caso alguma coisa surgisse ou escutasse algo. Sua função ali era de guarda e estava no momento que mais precisaria de atenção: Quando seus “clientes” estavam dormindo e vulneráveis.

Histórico:

Legenda:

Enquanto ficava de guarda naquele acampamento improvisado, nada acontecia e foi uma noite tranquila e finalmente a manhã surgia. Zim e Zuk se levantavam, o caipira pegava algumas comidas e dividia com a formiga e após ambos se hidratarem, o homem falava com Jonas, enquanto colocava o chapéu. - ô so vamu imbora qui u sôr ta quenti Novamente com o dialeto dele que não dava para entender direito, mas o autômata continuava a seguir viagem, como o segurança deles. O grupo caminhava pelo deserto por mais algumas horas até que finalmente traços de uma civilização eram avistadas, Zim chegava a comemorar e então, estavam agora na cidade. O caipira chegava a entregar um saco que provavelmente continha uma certa quantia pela escolta do robô. Jonas pegava com a mão esquerda, enquanto que, com a mão direita, esticava para cumprimentar Zim.

– Eu que agradeço, Zim e Zuk. E aonde seria a sua terrinha, por algum acaso?

Aguardaria uma resposta de Zim, agora que a escolta havia acabado, Jonas estava finalmente livre para explorar a cidade e descobrir a lacuna que faltava, pois o livro naquela biblioteca não estava completo. *Espero encontrar uma biblioteca por aqui e algo que eu possa fazer como aventureiro..*

Histórico:

Legenda: