[Evento Dinâmico] Traidor da Neblina

Satar era uma região rica em história que aguçava a curiosidade de viajantes, como eu, porém também possuía terras recém formadas sem muito a oferecer, pelo menos era assim na superfície, lugares fora dos holofotes eram sempre um ótimo “esconderijo de estudo” se é que podia chamar assim. -É em lugares assim que as piores ervas daninhas crescem, nas sombras e protegidos pela inocência. - Um pensamento dito em voz alta me escapou entre os lábios.

- “Um cavaleiro honrado corrompido pela ganância, parece uma história que realmente aconteceria em um lugar como esse.” -  Pensei comigo mesmo, para ser sincero aquele tipo de missão não me interessava, caçar foragidos? Parecia trabalho para os guardas da cidade, mas o que realmente me interessava era o boato sobre o demônio da avareza. - “Qual é o gosto da mana de um demônio?” - Esse singelo pensamento fazia-me esboçar um sorriso malicioso.

De qualquer forma, aquela não era uma missão solo e uma de minhas companhias era uma bem conhecida. - Já ouvi falar um pouco a respeito, mas nunca estive aqui. - Respondi retornando minha atenção ao mundo real. - Parece um lugarzinho para aposentados e cultistas malucos e essa não é muito minha praia. - Abanei o ar com uma das mãos.  Ao ver o sujeito me oferecendo fumo dei um riso contido. - Vou passar dessa vez, tenho um conhecido que morreu por conta disso mesmo que lhe alertassem com frequência que isso o faria um dia. - Cocei o queixo como se estivesse me esquecendo de algo. - Ou talvez tenham sido as centenas de cortes que recebeu? O que lhe pegou primeiro. - Concordei com a cabeça.

- Confusão? Han, eu não chamaria assim, afinal de contas o que é uma confusão se não uma oportunidade? - Boa ou ruim, no fim não deixava de ser uma oportunidade, certo? No fim se tornaram boas histórias para posterioridade, se houver uma. - Não se preocupe, não vou começar outra infestação de baratas comedoras de gente, provavelmente. - Era sempre uma possibilidade, certo? - Mas confesso que estou curioso sobre a história desse desertor, se não me engano aquele seu amigo Draconideo não gostava muito desse pessoal. - Lembrava vagamente de como o sujeito estava determinado a derrotar a divindade avarenta, me pergunto que fim ele encontrou?

A essa altura nosso condutor informou que ainda teríamos duas horas de viagem pela frente. - A barata provavelmente chegaria mais rápido. - Olhei para Volker. - Cedo demais? - Soltei um leve riso, agora restava aguardar o restante da viagem.

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Nossa viagem para aquela cidade localizada no fim do mundo só não foi mais longa porque Volker não parava de tagarelar, ou talvez isso causasse o efeito oposto? De qualquer forma, sua sugestão quanto ao meu futuro me fez soltar um riso sincero. - Controle de praga? Na verdade isso não soa tão ruim quanto poderia. - Ri pensando em quão irônico isso soava, talvez já estivesse atuando nessa área a muito tempo sem perceber.

Conversa veio e conversa foi até que algo estranho aconteceu. - Hum? - Arqueei uma das sobrancelhas. - Se podíamos voar desde o início, por que não fez isso antes? - Isso provavelmente teria poupado tempo, mas é claro que não era o caso, a carruagem não estava flutuando por conta de alguma tecnologia inovadora, mas sim do que estava adiante. Nosso querido apostador nato tomou a dianteira, extravagante como de costume. - Oni, ein? - Levei uma das mãos até o queixo e observei a criatura dos pés a cabeça, de fato ele se parecia com aquela raça bem peculiar de Mu, mas também se parecia muito com um demônio.

Ao ouvir o brutamontes falar sobre assaltos não pude deixar de gargalhar. - Huahuahuahua! Desculpa, desculpa, é que você sequestrar nossa carroça para nos alertar de assaltos é um pouco demais. Qual foi, ninguém pegou a ironia disso? -  Dei de ombros e me levantei da carruagem ficando próximo a beirada. - E se me lembro bem aquele desertor que estamos procurando estava querendo invocar um demônio ou coisa do tipo, digo, esse cara me parece no mínimo suspeito, ou estou ficando louco? - Olhei para o carroceiro e para Volker que já estava inclusive convidando o gigante para se unir a nós. - Talvez esteja. - Suspirei derrotado, é claro que se aquela coisa fosse um demônio ele não teria sido tão… Amigável, o que parecia estranho para começo de conversa, ele era algum tipo de gigante gentil ou o que? Me pergunto o quão ligado ele estava ao continente de Mu e se era capaz de reconhecer Akame.

- Certo, mas antes de continuar me diga, aquilo que usou em nossa carruagem, pode fazer de novo? Acho que você poderia tornar essa viagem um pouco mais curta e emocionante. - O poder para levitar uma carruagem certamente nos seria útil no momento, pelo menos parecia mais legal do que viajar a cavalo.

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Oni ou demônio? A diferença entre as espécies a primeira vista era ínfima, mas ao mesmo tempo óbvia para qualquer conhecedor, no entanto não deixava de ser interessante observar a reação quando confundidos, e devo admitir que foi a primeira vez que um apresentou tamanha… Cordialidade. - Acho que vocês vão se dar bem. - Meneei a cabeça em meio a um riso contido, não sabia se o Oni era ingênuo demais para perceber que Volker estava apenas lhe enganando ou se só não tinha entendido.

Atendendo meu pedido egoista o brutamontes realmente ergueu a carroça com sua habilidade cinética, arqueei uma das sobrancelhas observando a facilidade com que o sujeito realizava tal façanha. - “É realmente uma pena que não seja o demônio que buscamos.” - Pensei comigo mesmo, aquela era uma habilidade e tanto para se ter no arsenal, mas se não era um monstro, não me importava, de fato, uma lástima.

Durante nossa viagem algo inesperado aconteceu, Skaar deu inicio a explicação básica sobre sua habilidade, ou melhor, sobre Ougi. - “Heeee… Ele realmente está nos explicando do inicio? Me pergunto como nosso amigo egocêntrico vai interpretar isso.” - Desviei o olhar para o canastrão que reagiu de forma bem extravagante para variar. - Kukuku, realmente, uma aula completa. - Concordei com a cabeça, podíamos ter muitas opiniões contrárias, mas todos ali eram apreciadores dos caminhos míticos deste mundo.

O albino também deu sua contribuição na discussão, na verdade talvez fosse só seu ego mostrando que conhecia bem sobre o assunto. - Não é engraçado como ele muda do modo bêbado abandonado para especialista no arcano? - Comentava com nosso guia que parecia já acostumado com essas mudanças.

Com nossa chegada à cidade, o temperamento pouco confiável de Volker aflorava novamente. - Viu? - Cutuquei Gustaff com o cotovelo. Já nosso guarda-costas Oni questionou algo fundamental. - Aventureiros? Mais por conveniência do que por ofício, mas sim, somos aventureiros. - Puxei a tag de dentro de uma das mangas do quimono para confirmar e comecei a caminhar junto aos outros dois. Ouvindo Skaar comentar sobre nossa missão levei uma das mãos até o queixo. - Agora que você comentou, lembro do nosso amigo bovino comentar algo sobre um Oni que participaria também. - Um detalhe importante que negligenciamos, mas no fim tudo tinha dado certo, não é mesmo?

Já dentro da taverna uma cena digna de um reencontro emocionante se desenrolou. - E eu achando que era perseguido. - Quanto mais o tempo passava, mais percebia que o apostador deixava uma impressão bem forte por onde passava, não uma das boas. Puxei uma das cadeiras, me sentei e ergui uma das mãos - Ei meu cavaleiro da alvorada, me trás algo forte para beber e alguns aperitivos para acompanhar. - Fazia um pedido ao garçom que estava mais próximo. - Aqueles dois só viajaram com bebida barata e tabaco, dá pra acreditar? - Comentava com nosso informante.

- Aproposito, sou Tidus Blackwater, estamos aqui para resolver a situação com o desertor. - Com a chegada da bebida dei uma golada. - Aaah… Mas vamos do inicio, vocês parecem ter uma certa história, mas qual é o lance com Blackdragon? Algum pacto com o círculo da Avareza? Sendo bem franco, entre todas as opções essa parece ser de longe a pior. - Apanhei um pedaço de carne seca que acompanhava a bebida e a mordisquei. - Eles costumam tomar algo até mesmo de seus seguidores, é uma forma suja, mas eficiente, de manter seus seguidores na linha. Refens fazem até mesmo bons homens tomarem atitudes... Sombrias. Não estou dizendo que é o caso, mas já vi acontecer. - Voltei entornar o corpo enquanto olhava para o teto sem muita pretensão. - Talvez seu amigo sequer saiba onde está se metendo de verdade.

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