[Evento/Missão Dinâmica] Banshee - Halloween 2024

- Hum... Será que viramos na curva certa? - Ergui os braços e girei o mapa para baixo. - Há, eu sabia, o mapa estava ao contrário! - Exclamei, concordando com a cabeça. - Ei, Wanessa, vire à esquerda naquela montanha e siga reto! - Indiquei a direção para a barata mordedora que nos carregava em suas costas. - Eu te disse que viajar assim era muito mais rápido e barato. - As vantagens de ter o controle de uma criatura além da compreensão eram muitas, utilizá-la de transporte era uma delas.

Em pouco tempo cruzamos o vasto oceano repleto de montanhas, redemoinhos e mais montanhas do arquipélago. - Acho que os dragões não recebem muitas visitas. - A região era uma armadilha natural, provavelmente até mesmo navegadores experientes teriam dificuldade de chegar naquele lugar, e mesmo que conseguissem alcançar até onde as residências estavam era outro problema. - Para um bando de dragões sem asas, eles gostam de lugares altos.  - Pilares sustentando residências no alto e uma maré instável... Deviam demitir quem construiu aquele lugar.

Chegando ao nosso destino a Barata Mordedora pousou em um local um pouco mais afastado para não assustar os moradores, ela causava esse efeito por onde passava. - Um ótimo trabalho como de costume, BMW. - Em meio a um grunhido a criatura lentamente submergiu em minha sombra, nos deixando em solo firme.

- Então essa é Ho Long... - Comentaria olhando em volta, era a primeira vez que visitava quela ilha remota, sinceramente não esperava que um dia fosse precisar, mas confesso que sempre tive a curiosidade. - Vejamos... - Puxei um pergaminho de um dos meus bolsos. - Um fantasma de uma mulher com roupas matrimoniais, tenho a impressão que esse tipo de história não é tão incomum. - Refletia enquanto lia o conteúdo da missão que o mestre da guilda tinha nos passado dessa vez.

- Tem certeza de que esse fantasma não é nenhuma mulher que você abandonou no altar? - Questionaria Volker, ele transmitia a aura dos canalhas que poderia fazer algo assim, na verdade, era bem provável que já tenha. - Se é um espírito vingativo temos algumas opções, mas provavelmente a mais fácil é exorcizá-la da forma clássica.  - Liedmann também devia saber, mas quando se tratava de espíritos com assuntos pendentes existia a possibilidade de ajudá-los a resolver suas pendências, mas esse seria o método longo que requisitaria muita busca e sorte, pois nesse caso talvez não fossemos capazes de encontrar o foco da maldição: o marido.

Independente da abordagem escolhida ainda tínhamos tempo até o anoitecer. - Vamos ver o que a cidade tem a oferecer, será que os dragões sabem o que é uma taverna? - Minhas expectativas eram baixas para qualquer coisa que aquela cidade pudesse oferecer além de meditação e paz interior, ainda assim precisaríamos encontrar algo para passar o tempo até o espirito da noiva aparecer.  

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Meu caro companheiro bicheiro reclamou a viagem toda como de costume, infelizmente nem todos eram aptos a aproveitar experiências únicas. - Um obrigado não mata. - Dei de ombros sem me prolongar sobre o assunto, pelo visto o rapaz apreciava viagens mais longas, de qualidade e companhia duvidosa, bem, acho que realmente combinava mais com ele.

De qualquer forma lá estamos nós, no reino dos honrados e metidos dragões seguidores do caminho do chi, tinha de admitir que aquela arte era bem interessante e despertava meu interesse, havia muito a ser explorado nesse ramo, principalmente quando os princípios podiam facilmente se misturar e até mesmo ser confundido com os conceitos básicos de mana.

Em meio à nossa caminhada, Volker me contava sobre suas desventuras amorosas. - Ainda me surpreende que não seja seguidor de Aimer, ele provavelmente deve ter apreço a você. - Esbocei um leve sorriso enquanto continuava a caminhar até a possível fonte de informações que o rapaz conhecia. - E você parece uma pessoa bem viajada, já esteve aqui também? Não pensei que você gostasse desse tipo de lugar tão... Pacifico. -  Ho Long não era exatamente minha ideia de local ideal para passar o tempo, talvez para velhos aposentados? Bem, acho que eles também não gostariam da minha companhia na vizinhança.

Gradualmente, um pequeno fluxo de draconideos e outras espécies foram surgindo em meio ao que parecia ser um centro comercial, ou pelo menos a tentativa de ser um. Como Liedmann havia mencionado, o povo parecia bem fofoqueiro, alguns nos olhavam com receio, curiosidade e até certa hostilidade, talvez uma dupla de humanos não fosse tão comum por ali, principalmente se eles fossem sensíveis à mana, minha presença ali certamente atrairia olhares curiosos.

-E então, onde essa sua possível fonte de informação está?  - Questionaria o rapaz, ao mesmo tempo, observava um draconideo com escamas negras cochichando com algumas pessoas em um comércio local, sua expressão deixava transparecer certa preocupação, como se estivesse tentando fugir ou até mesmo encontrar algo. - Akame, mantenha um olho nele, mas seja discreta. - Nesse momento, um dos cem olhos de Sugawara emergiram de minha sombra, guiado pela Yokai sorrateiramente, passando por baixo de mesas, atrás de caixas e demais locais que o mantivessem longe de olhares curiosos.

Além do droconideo percebi um rapaz de cabelos brancos chamando bastante atenção enquanto caminhava em direção as docas, pelo visto as pessoas locais também não gostavam muito dele. - Aquele ali também. - Sugawara enviaria um olho atrás dele também por precaução, podia não ser nada, mas onda há fumaça geralmente há fogo, no pior dos caso podia ser só um trombadinha roubando peixes.

Por hora, manteria a figura suspeita sob observação e aguardaria a indicação do meu companheiro de viagem, mas não baixaria a guarda, qualquer pessoa estranha ou suspeita que pudesse aparecer nas redondezas seriam “marcados” por Akame que os colocaria sob observação de um de seus olhos.  - Vamos apertar um pouco o passo, seria bom termos alguma dica antes do anoitecer e não falta muito.

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Um ex-comerciante? Essa era uma nova informação para aquele homem que possuía muitas faces, mais do que se podia decorar. - Viajar pelo mundo como um comerciante deve ter sido divertido. - Esbocei um leve sorriso quase nostálgico, eu até mesmo podia invejá-lo por isso, afinal de contas, quem nunca teve a curiosidade de conhecer o mundo todo? Ainda existia tanto que eu não conhecia, mas, ao mesmo tempo, não era isso que fazia a vida bela?

Deixando momentaneamente minha curiosidade por terras distantes de lado, voltei minha atenção ao local ao qual Liedmann buscava. - Uma taverna, ele disse... - Murmurei comigo mesmo enquanto observava o local que reagia de forma bem... Única dado a entrada extravagante do bicheiro. - Discreto como de costume. - Ri contidamente enquanto observava o desenrolar da atitude extravagante de costume, aquilo certamente ainda nos traria problemas algum dia.

Nesse momento, um draconideo um pouco mais alto do que nós saiu de trás do balcão com uma expressão de poucos amigos. - Você tem um Fã Clube e tanto. - Dei um passo para o lado por precaução, se o brutamontes quisesse atingir Volker não era eu quem ficaria na frente. Para minha surpresa a conversa "amigável" entre os dois me tirou um riso. - Acho que estou começando a entender o porquê do “ex” antes do seu título de comerciante. - Produtos de qualidade duvidosa? Isso combinava perfeitamente com ele.

Em meio àquela recepção mais calorosa do que imaginei que fossemos ter por ali, puxei uma cadeira e me sentei. - Vou querer o mesmo. - Não estava familiarizada com a culinária local, mas por via das dúvidas decidi embarcar no que Volker estava pedindo, no mínimo seria uma experiência gastronômica nova. - É um prazer, Merentiel. - Assenti com a cabeça. -Esse fedor... Um Blackwater? Você está bem longe de casa. - O draconideo fungou, retorcendo levemente o rosto. - Não é como se eu estivesse escondendo isso, mas não vamos nos prender aos detalhes. - Mantive o sorriso sínico no rosto. - Tanto faz, o dinheiro é igual para todos, e duvido que mais alguém consiga distinguir qualquer cheiro aqui. - Os dracondeos tinham bons sentidos, mesmo que sua sensibilidade à mana não fosse tão aguçada quanto a dos Elfos, eles ainda certamente conseguiriam distinguir.

- Enfim... Estamos aqui a pedido do Chifre Vorpal. - Coloquei a carta referente à missão sobe a mesa junto à tag. - Parece que vocês estão tendo problemas com o fantasma de uma noiva. - Me inclinei um pouco para trás e olhei em volta, observando o movimento da taverna, que estava entretida com seus próprios assuntos e nos ignorava. - É uma pena, meu coração sempre se entristece pela partida de belas mulheres. - Dei de ombros. - E por acaso você tem algo para nos dizer sobre isso? - O draconideo nos entreolhou e foi em direção ao balcão. - Vou trazer o seu pedido. - Ergui uma das sobrancelhas. - Hum? Ele me ignorou ou é do tipo: trabalho primeiro, fofoca depois? - Questionei meu companheiro de viagem.

Nesse momento, Akame murmurou algo no meu ouvido. - Huum, entendi. - Segundo Sugawara um dos suspeitos também estava no salão e, pelo visto, percebeu a presença do olho, apesar de não ter feito nada a respeito. - Parece que não somos os únicos procurando a fantasminha. - Comentei com Volker indicando o rapaz com uma katana que estava no balcão. - A guilda não disse nada sobre um terceiro aventureiro. - Nunca tinha visto aquele sujeito, talvez fosse apenas  um curioso e potencial vitima da criatura? - É melhor colocar as cartas na mesa de uma vez, se ele for problema, é melhor lidar com isso antes da noite cair.

Passei as ordens para Akame, logo em seguida o olho flutuante contornou o rapaz e flutuou em minha direção e afundou em minha sombra, olhei para o sujeito e o chamei com um aceno. - Está atrás de informações? Que coincidência. - Comentava em um tom amigável. - Por acaso está procurando a assombração da noiva? - Eu podia fazer rodeios e mistérios, mas não tínhamos tempo para isso no momento. - Se sim, junte-se a nós, mas antes diga, quem o enviou? Nosso amigo bovino enviou alguém para ficar de olho em nós? - Ri de forma contida, olhando para Liedmann. - A propósito, eu sou Tidus, membro do Chifre Vorpal, e esse aqui... Bem, acho que ele vai querer fazer sua apresentação. - Conhecendo Volker ele certamente tinha sua própria preferência de como se apresentar para um desconhecido aspirante a herói.

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O sujeito na mesa não reagiu ao meu chamado, talvez fosse só um curioso no fim das contas? Dei de ombros, concordei com Volker e Akame recolheu o olho flutuante para minha sombra. Nesse momento, o atendente Merentiel retornou acompanhado de uma bela draconidea. - Hum? - Arqueei uma das sobrancelhas quando vi que ela cumprimentou Liedmann como uma velha amiga. - “Bem, é claro que ele a conhece.” - Esbocei um leve sorriso no canto dos lábios, acho que não existia uma bela mulher neste mundo que o canalha não conhecesse.

- Huuuuum... - Me inclinei um pouco para trás na cadeira, meu rosto se torceu como se não estivesse nem um pouco convencido daquela história. - Você e ela não tiveram nada? Você? - Alternei o olhar entre os dois e, quase que inconvenientemente, a gargalhada escapou. - Huahahahahahah! Aaai.... Você não... ! Huahuahahahahah! - Me inclinei para frente, dando um tapa em minha própria perna. - Desculpa... Desculpa... Mas essa... ESSA me pegou de surpresa.... Uuuh! - Suspirei fundo e sequei algumas lágrimas que escorriam de tanto rir. - Admito que essa foi das boas, provavelmente sua melhor piada desde que te conheci. - Percebi que a dupla de draconideos me olhou estranho, em um misto de confusão e certa raiva, principalmente da garota. - Calma, calma, não precisa quebrar meu braço, é só uma piada, uma piada... ! - Por um momento, até me esqueci de que aquela raça que se escondia no fim do mundo era um porre, bons espécimes para experimentos, mas um porre de lidar enquanto vivos.

Logo em seguida, a garota nos passou um panorama da situação envolvendo o fantasma da noiva. - Anos? - Ponderei a informação, provavelmente algo aconteceu nesse meio tempo para provocar o fantasma da noiva. - Isso é ruim. Fantasmas são bem territoriais, os boatos devem ter atraído curiosos que atiçaram seus assuntos pendentes e agora ela está saindo do seu território por culpa de algum deles.. - Suspirei profundamente, aquele tipo de trabalho era complicado de lidar, principalmente se o espírito estivesse livre por culpa de algum idiota que a provocou. - O que sabem sobre a fantasma? Alguém a conhecia antes do incidente que tirou sua vida? - Questionei a dupla, o velhote apenas ignorou, parecia entretido com os petiscos que ele mesmo trouxe...

- Não sei muito além dos boatos, eu mesma nunca a vi, mas já ouvi seu choro. Ah, e um cliente também mencionou o nome Banshee. - Me levantei da cadeira, arrastando-a de leve no processo. - Banshee. De todos os espectros tinha que ser logo um dos mais irritantes de todos, é melhor ter trazido tampões de ouvidos, porque o grito dessa mulher não é do tipo agradável que um homem gosta de ouvir. - Coloquei uma moeda sobre a mesa referente à refeição. - Bem, mas por sorte sou um especialista em lidar com fantasmas, espíritos e almas penadas que perderam seu caminho. - Um sorriso sínico se formou no canto dos meus lábios. - Vamos verificar o tal cemitério, no pior dos casos provavelmente será fácil de encontrar o caminho seguindo o choro da Banshee.

Aguardaria que Volker se despedisse de seus antigos amigos e começaria a caminhar na direção indicada. Durante o caminho, o sol começava a se pôr no horizonte e alguns estabelecimentos e casas já começavam a fechar suas portas e janelas. - Não é engraçado? Os draconideos são conhecidos como uma das raças mais temidas, poderosas e orgulhosas, mas diante do desconhecido, eles se escondem atrás de suas casas de madeira como se isso fosse lhes proteger de alguma coisa. - Um toque de recolher contra um fantasma era tão eficiente quanto se esconder sob sua coberta na calada da noite, no fim, independente da região todos compartilhavam do mesmo sistema de autopreservação irracional.

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