Os passos firmes, mas lentos, daquele que liderava o peculiar grupo de aventureiros novatos, ecoavam preenchendo o ambiente estranho que circulava em sua volta. Uma atmosfera sombria caia sobre os membros do quarteto, afetando cada um de formas diferentes.

Para Caelestis, era mais um motivo para suspirar e, dessa forma, expressar seu descontentamento com a missão que lhe foi enviada. As informações repassadas eram um tanto escassas, mas suficientes para colocá-lo em alerta do que teriam de enfrentar. Seus olhos, geralmente esboçando tédio ou irritação de sua parte, afiavam-se para o horizonte ao qual seguia em frente, enxergando de muito longe [Visão Aguçada] um cenário mergulhado em malícia. Era evidente o perigo acentuado que essa missão trazia, especialmente para os membros de seu grupo.

— Estamos próximos do alvo. — anunciou sem cerimônias, com a voz monótona e cadenciada em suas palavras. — Irei recapitular mais uma vez: enfrentaremos um necromante dentro de uma cidade povoada. Sem destruições, sem travessuras e sem atormentar humanos alheios. Entenderam? — Virou o rosto de lado, encarando pelo canto dos olhos o trio que lhe acompanhava. Ainda que um deles preferisse evitar confusão com os seres humanos, o anjo não diferenciava esses pormenores e visualizava o mesmo potencial de problema nos três companheiros, fazendo com que seu aviso soasse como uma ordem para o coletivo.

— É uma missão simples; porém, como nossa primeira missão em grupo, será mais irritante do que acreditava ser o ideal... — resmungou, deixando que o mau-humor tomasse conta de suas feições. — Eu tomarei a frente do combate contra o Rasputin; Mazel e Parsifal, as duas terão de lidar com os mortos-vivos espalhados pelo local; e Ciaran… você irá auxiliar as duas com seu suporte. Não compliquem mais do que isso.

Ao término de sua fala, Caelestis retomou seu foco para o caminho à frente. Daquela distância, sua observação avançada [Visão Aguçada] conseguia discernir mais detalhes do que seria a cidade, reconhecida como “A Margem” de Tekkionia. Faltava pouco que o grupo chegasse à entrada, e isso apenas trazia mais incômodo para o anjo, que conseguia imaginar que tipo de aberrações teria de esmagar dessa vez.

Ponto-Situação do Personagem:

Mini-Ficha:

Objetivos:

Caelestis permaneceu calado, sem responder aos protestos de Parsifal e Mazel; afinal, o silêncio era a resposta, assim como o semblante impassível e pouco amigável que emoldurava as suas feições. O anjo não se importou em olhar diretamente para as mulheres, pois, em sua sincera opinião, não havia necessidade de acrescentar mais palavras além das que já foram expressas. "Elas não são imbecis, compreenderam perfeitamente o que eu disse." Ele meditou resignado, com uma entonação arrastada e monótona de sua própria voz interior.

Ciaran, que havia se mantindo em silêncio, ao se concentrar no horizonte distante, conseguiu obter mais informações sobre o local que os esperava. A cidade era bastante humilde em comparação com outras regiões de Tekkionia, apresentando uma arquitetura rústica que predominava residências simples, comércios diversificados e tabernas para onde a visão alcançava. Nas regiões periféricas, ele podia observar áreas florestais e distantes da cidade. Além disso, era possível visualizar com clareza uma parte da enorme cratera que toda cidade estava à margem.

Contudo, pouco tempo depois da caminhada, o grupo chegava à cidade e todos os aventureiros poderiam contemplar a mesma cena: as ruas estavam repletas de mortos-vivos, desde corpos em estado de decomposição até esqueletos completos, dançando em pares ao som de um violino que ecoava próximo a eles, emitindo uma melodia contagiante e sombriamente harmônica. Enquanto a música sinistra e os grunhidos de alegria dos mortos preenchiam o ambiente, gritos de tristeza e desespero também podiam ser ouvidos, principalmente vindos de dentro de casas e estabelecimentos, onde o quarteto podia observar diversas pessoas vivas, humanas, assistindo horrorizadas pelas janelas, que estavam reforçadas com placas de madeira e grades de ferro.

— Ai, que saudade tenho, dos bailes de outrora ♪ Das valsas bem rodadas, de Branca e Aurora ♫ Das rondas de serestas, nas noites de Lua ♪ Dos jovens namorados, aos pares na rua ♫

Cantarolava uma voz masculina, acompanhando o ritmo da valsa que os mortos bailavam e atraindo os olhos afiados do anjo para sua origem. No local em que parecia ser uma praça, uma figura se destacava com seu violino vermelho-carmesim em mãos, balançando-se de um lado para outro em passos sincronizados. Era um homem alto, mais alto do que Parsifal, muito mais alto que Caelestis e Mazel, mas um pouco menor que Ciaran; trajado com roupas formais escuras, desgastadas pelo tempo, mas tinha seus pés descalços em contato direto com a terra. Ele parecia ser humano, mas tanto sua beleza extravagante quanto sua presença sobrenatural indicavam o contrário.

— Avante, Konosuba.

E com aquelas simples palavras, o anjo imperial, no máximo de sua velocidade [60 Iniciativa + Aceleração], desapareceu de sua posição inicial, percorrendo a distância que separava ele e Rasputin — 30 metros — em pouco mais de um segundo, enquanto carregava em suas mãos um martelo de guerra criado a partir de seu éter [Projeção de Armas], bem próximo de acertar em cheio a cabeça do necromante. No entanto, Rasputin, em um movimento evasivo de dança, conseguiu desviar do golpe por reflexo, exibindo um sorriso cínico enquanto voltava seu olhar para Caelestis e seu grupo.

Sem hesitação para demonstrar seu talento, Rasputin continuou a tocar seu violino sangrento, porém, com mais paixão e magia do que antes. Ao seu redor, seis esqueletos emergiram da terra [3x Valsa dos Mortos], com dois deles seguindo em direção a Celeste, um contra Mazel, um contra Parsifal e os dois últimos contra Ciaran. Os seis esqueletos atacariam com seus próprios ossos, mas exibindo poses e passos de dança em seus movimentos, surpreendentemente bem-coreografados. Todavia, a dupla que escolheu confrontar o anjo não perdurou muito, com o primeiro tendo seu corpo inteiramente desmontado por um giro do martelo e o segundo sendo esmagado de cima para baixo pela arma divina, reduzindo-o a cinzas ósseas.

Ponto-Situação do Personagem:

Mini-Ficha:

Objetivos:

De longe, Caelestis observou, por um breve instante, o quarteto de esqueletos invocados por Rasputin avançarem contra os membros de seu grupo. Embora as circunstâncias não fossem as melhores para esse tipo de postura, ainda era a primeira missão do grupo, também a primeira vez que lutavam juntos, e, por isso, o anjo tinha interesse em avaliar cada um de seus protegidos. Não tinha intenção de permitir que algum deles se machucasse muito, porém compreendia que era necessário deixá-los resolver seus problemas sozinhos o máximo possível… Afinal de contas, ele era um juiz, não uma babá para início de conversa.

Parsifal foi a primeira a tomar uma reação para o combate iminente. O esqueleto encurtava a distância entre si e a kitsune rapidamente, com seus movimentos velozes e coreografias ao ritmo de valsa, e a Yokai aguardava paciente o mesmo se aproximar, disfarçando um sorriso ardiloso de quem parecia estar com um plano em mente. Quando o morto-vivo chegou próximo demais, Parsifal atacou com um chute impiedoso, exalando chamas azuis que facilmente poderiam reduzir aquela pilha de ossos a mera cinzas… Isso, no entanto, caso tivesse acertado seu alvo.

A raposa maligna, provavelmente, subestimou seu adversário, imaginando que um único golpe, sem técnica ou foco em sua execução, poderia finalizá-lo; esquecendo-se totalmente que aquele era um dos servos de um chefe de masmorra. O esqueleto dançarino, em passos fluidos, saiu da trajetória do chute com uma simples esquiva lateral e — aproveitando-se da falta de reação e pensamento da adversária, surpreendida —, rodopiou em seu próprio eixo, aplicando um tabefe de palma aberta na lateral direita do rosto de Parsifal, depois inverteu o eixo do giro, dando um segundo tapa, desta vez, na lateral esquerda do rosto, provocando um estalo doloroso a cada impacto. Finalizando, o esqueleto parou na frente dela e, com um pontapé ensaiado, a chutou no centro dos peitos, enviando a mesma para 10 metros longe, fazendo-a bater contra o solo e ser arrastada durante todo esse percurso, caída no chão.

Enquanto isso, a poucos metros dali, Mazel também parecia cometer os mesmos erros que sua aliada. Não apenas subestimou seu inimigo, como também agiu de forma desleixada e, pior ainda, muito lenta. Antes que conseguisse desferir seu corte, ela foi recebida com uma joelhada ossuda na testa, com tamanha força que levantou seu pequeno corpo para cima e a fez cair num mortal de cara no chão. Não o bastante, o segundo esqueleto pulou em cima do corpo da menor, e com a elegância de um dançarino, começou a sapatear em suas costas, aplicando força precisa em cada pisada que esmagava as costelas da criança contra o solo, arrancando-lhe o ar de seus pulmões em cada golpe.

Quando o morto-vivo estava prestes a tentar finalizá-la, pisoteando-lhe a cabeça, no entanto, Mazel era salva por uma flecha de luz que, embora não acertasse o alvo, forçou o esqueleto a interromper sua tentativa e sair rapidamente de cima da criança, afastando-se cerca de 10 metros de onde estava, desviando por pouco da explosão divina que sucedeu.

Simultâneo aos eventos, Ciaran, por sua vez, demonstrava um pouco mais de cuidado em relação ao seu desafio em particular, que consistia em dois esqueletos dançarinos em vez de apenas um. Com suas habilidades divinas e pontaria, o vampiro-elfo disparou duas flechas contra a dupla de mortos-vivos que, desesperadamente, fizeram questão de esquivar e sair da trajetória dos projéteis, correndo cada um para um lado oposto ao seu. Cerca de 10 metros distante, eles pararam de correr e viraram-se para encarar Ciaran; porém, eles não avançaram de novo, mostrando evidente repúdio a natureza sagrada do seguidor de Rihla. Momento este que o sonhador aproveitou para disparar uma terceira flecha, essa com alvo no esqueleto que pisoteava Mazel, salvando por acaso sua aliada de uma derrota prematura.

Por fim, Caelestis continuava seu embate direto contra Rasputin. Durante esse tempo, o anjo havia manifestado suas asas angelicais [Manifestação de Asas] e sobrevoava acima do necromante, disparando vários projéteis básicos em forma de halos flamejantes [Auréola Celestial] contra o musicista, porém este se defendia com uma barricada de ossos formada a partir de uma dança coletiva junto aos esqueletos que existiam nas redondezas [Requebra o Esqueleto], ao mesmo tempo que tocava seu violino de maneira frenética [Melodia Infernal], mas que também pouco fazia contra o paladino além de mantê-lo distante do alcance técnica, recuando de imediato [Aceleração] assim que sentiu a dor em seus ouvidos.

A luta de todos estava somente no começo. A Equipe Konosuba precisaria ditar o seu próprio ritmo naquela batalha, senão as consequências poderiam ser piores do que imaginam. Rasputin logo mudou seu ritmo atual para um novo [Ritmo de Samba], mais energético e contagiante, fazendo com que todos ali fossem influenciados pela melodia, incluindo os esqueletos que voltavam a avançar contra seus respectivos alvos, mas desta vez com uma sequência de movimentos e passos diferentes de sua outra coreografia de dança.

Considerações:

Ponto-Situação do Personagem:

Mini-Ficha:

Objetivos:

Técnicas: