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Riki observou a cena, os olhos fixos no companheiro estirado no chão, sangue escapando pelos lábios entreabertos, enquanto o coelho gigante se voltava para Morrigan, sua fúria intacta. Siegfried, por outro lado, parecia definhar; seu rosto estava pálido, e a respiração soava irregular, mas ainda audível. Riki respirou fundo, sua mente aguda eliminando qualquer hesitação, os instintos assumindo o comando.

O dragão de cabelos verdes já estava para fora da água, vestindo-se apenas o necessário, as roupas molhadas aderindo ao corpo sem lhe causar desconforto; ele já estava completamente focado no movimento preciso e firme que aquela situação exigia. Suas espadas vibravam nas mãos, prontas para o embate. O coelho rugiu novamente, desta vez mirando a cabeça de Morrigan, e Riki soube que não poderia perder um único segundo.

— Morrigan, pra trás! — gritou com força, os olhos fixos na criatura enquanto avançava.

Os músculos, recompensas do treinamento diário, não o deixaram na mão. O espadachim cicatrizado se lançou em direção ao coelho, atingindo-o com um corte transversal no flanco, um movimento calculado para não apenas ferir, mas também desviar a atenção da criatura para ele. O rugido de dor que ecoou do coelho gigante parecia mais uma onda de fúria acumulada, e ele recuou, arranhando a terra, virando seu olhar assassino para o dragão.

Ao redor, sentia o ar denso com a energia instável que Morrigan carregava. Ela poderia estar segura se Riki conseguisse manter a criatura focada apenas em si. Afastando-se ligeiramente, ele buscava conduzi-la para um ponto onde Seiji e Morrigan pudessem coordenar um contra-ataque sem expor ainda mais o ferido.

Riki deslizou os olhos para o lado, capturando um vislumbre de Siegfried ao longe, sob os cuidados de Seiji. Aquilo era o que precisavam: tempo para que Siegfried se recuperasse, tempo para agir juntos e reverter a situação. Ele fixou os olhos no coelho gigante à sua frente, e o aperto em suas espadas intensificou-se.

— Não vai ser fácil, mas você não vai tocar mais ninguém — murmurou, mais para si mesmo, enquanto se preparava para a ofensiva seguinte.

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O coelho gigante lançou-se contra Seiji com uma ferocidade que poucas criaturas possuíam, o som seco dos dentes da criatura quebrando a espada de Seiji ecoou no ar. Por um breve momento, Riki cerrou o punho ao ver o amigo lançado para longe, acertando uma árvore com força. Seu instinto quase o impulsionou a correr em direção a ele, mas ele sabia que não havia tempo. A criatura ainda estava livre, e agora, a atenção sinistra voltava-se na direção de Siegfried.

Riki avançou sem hesitar, as chamas encantadas de Morrigan ainda dançando na lâmina em sua mão. Com um salto certeiro, ele cortou o ar, mirando a lateral do corpo do coelho, que se contorceu em um rugido de dor. Mas, no momento seguinte, a pata da criatura girou numa velocidade alarmante. Antes que pudesse se desviar, o dragão de cabelos verdes sentiu o impacto na lateral de seu corpo.

Uma dor intensa explodiu em sua costela, o estalo inconfundível de um osso quebrando. O golpe o lançou para trás, seu corpo colidindo com o chão em um baque seco. Por um instante, tudo pareceu girar ao redor dele. Ele apertou os olhos, lutando para conter o gemido de dor que se formava em sua garganta. Tentou se levantar, mas cada movimento fazia a dor crescer, queimando como uma lâmina afiada encravada em sua carne.

Com a respiração entrecortada e o gosto metálico de sangue preenchendo sua boca, ele cuspiu um filete vermelho. Ainda assim, não desviou os olhos da criatura.

O espadachim sabia que precisava ganhar tempo para que os outros se recuperassem. Se segurando ao chão, fixou-se de volta em pé, a mão apertada ao redor da espada e um olhar feroz voltado para o coelho, que agora o encarava de volta.

— Você não vai... — murmurou, a voz falha, mas determinada. O dragão solta um grunhido de dor.

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Riki observou a luta com olhos fixos, captando a intensidade do confronto enquanto a criatura concentrava-se em Morrigan e Siegfried trabalhava para abençoar o lago. Ele rangeu os dentes ao sentir o impacto da costela quebrada, mas rapidamente descartou a dor – não havia tempo para hesitação. A água do lago agora lhe parecia uma aliada improvável: se conseguisse empurrar o monstro para lá, os movimentos do coelho ficariam mais lentos, e o grupo teria mais chance de derrotá-lo. O dragão nem chegou a considerar que o lago sagrado poderia exorcizar a criatura demoníaca.

A fúria e a dor se misturavam dentro de Riki em um único impulso, e ele usava ambas como combustível enquanto corria para a criatura possuída. Seus pés afundavam na terra molhada, e a lâmina flamejante em sua mão ardia com um brilho que refletia em seus olhos. Ao alcançar o coelho, ignorou a dor lancinante na costela e cravou a espada com toda a força em sua barriga, mergulhando a lâmina fundo na carne pútrida e febril. O grito da criatura ressoou no ar, um som horrendo que parecia ter algo de humano e bestial ao mesmo tempo, um eco de pura agonia e raiva.

O espadachim apertou os dentes, apoiando o corpo contra o monstro, sentindo o calor das chamas irradiando da lâmina e aquecendo até mesmo sua mão. O peso da fera era enorme, quase imobilizante, mas Riki, apoiado por Seiji, manteve-se firme. Com o ombro pressionado contra o corpo do coelho e as pernas firmemente plantadas no chão, ele reuniu todas as forças e deu o primeiro impulso em direção ao lago, cada passo uma batalha contra a resistência do monstro.

O coelho, agora claramente aflito, tentava resistir, mas seus movimentos estavam descoordenados e enfraquecidos pela dor do ferimento e o peso combinado de ambos os dragões. Riki forçou mais uma vez o ombro, ignorando as pontadas agudas na costela, os músculos de suas costas e pernas se contraindo com a tensão. "Vamos, seu maldito... sucumba pelos dois dragões!" pensou, como se suas palavras pudessem incitar ainda mais força em si.

Finalmente, ao chegar à beira do lago, Riki fez um último esforço, aproveitando o próprio desequilíbrio do coelho para empurrá-lo com todo o peso de seu corpo. Com um urro gutural, ele sentiu o impacto, e tanto ele quanto o monstro caíram na água com um estrondo que ecoou pelo acampamento. As águas que ainda estavam sendo abençoadas se agitaram, ondulando com a entrada explosiva da criatura, e Riki, ainda submerso, sentiu a frieza do lago ao redor enquanto procurava emergir, sem deixar que a dor ou o cansaço o vencessem.

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