[Narrada/Fechada +18] Mil e uma noites

Levantei-me, sentindo o olhar de Vanessa me acompanhar. A intensidade do momento que compartilhamos ainda pairava no ar, mas a dúvida crescia. Ela sabia mais do que deixava transparecer, e, apesar de suas intenções nebulosas, sua presença era a única coisa em que podia me apoiar no momento. Não havia mais aliados verdadeiros, apenas manipulação.


— Precisamos agir antes que ele faça sua próxima jogada — Vanessa rompeu o silêncio.


Assenti. Eldric sempre estava à frente, prevendo nossos movimentos antes que os tomássemos. Ele desaparecera desde a morte de Valen, seu sumiço estratégico nos mantendo em alerta constante. Sabíamos que ele ainda nos observava, esperando o momento certo para atacar novamente.


Saí do quarto, sentindo o frio dos corredores penetrar meus ossos. As luzes fracas criavam sombras distorcidas e ameaçadoras nas paredes. Ao longe, ouvi passos — talvez de outro sobrevivente, preso em seus próprios pensamentos. Ninguém falava mais sobre o que acontecia; todos sabiam que qualquer palavra poderia condená-los.


Passei pelo salão principal e vi Isabella, sentada, olhando para o chão com exaustão. Ao perceber minha presença, levantou os olhos, mas não disse nada. As palavras haviam se tornado desnecessárias. Todos sabíamos a gravidade da situação.

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— Estão falando de um julgamento — disse ela, finalmente, com a voz rouca. — Querem respostas para as mortes... mas sabemos quem está por trás disso, não sabemos?


Assenti lentamente. Isabella estava certa, mas a verdade já não importava. Eldric havia manipulado tudo tão bem que, mesmo sabendo que era o culpado, não tínhamos provas. Ele se distanciara das mortes, usando peões, e agora a ideia de justiça era uma miragem.


— O julgamento não resolverá nada — respondi amargamente. — Eldric já garantiu que qualquer acusação contra ele seja desacreditada.


Isabella suspirou, os olhos cansados encontrando os meus. — Então, o que fazemos? Esperamos que ele mate todos nós?


Essa pergunta pairava sobre nós há dias. Sabíamos que as mortes não haviam terminado. Cada um poderia ser o próximo, e não havia escapatória das garras de Eldric.


De repente, Helena apareceu, apavorada, gritando que Eldric estava ali, nos observando. Uma figura fantasmagórica. Olhei para Vanessa, e trocamos um olhar de entendimento. Precisávamos agir imediatamente, antes que ele fizesse sua próxima jogada.


— Precisamos nos preparar — disse Vanessa, resoluta.


Mas a questão pairava: como enfrentar alguém que controlava as próprias sombras?


A escuridão na mansão parecia ganhar densidade à medida que avançávamos, como se a própria estrutura estivesse conspirando contra nós. Eldric estava jogando conosco, e sabíamos que ele estava no controle. Pelo menos, por enquanto.

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O tempo na mansão parecia arrastar-se, os dias e as noites se fundindo em um ciclo interminável. Após a última aparição de Eldric, a atmosfera tornou-se sufocante. Todos estávamos presos em uma teia de desconfiança e medo, como se cada respiração fosse uma preparação para o fim inevitável. E, no centro de tudo, estava eu, tentando achar uma saída em meio ao caos.


Vanessa e eu mantínhamos uma distância cautelosa desde nosso último encontro. Apesar da proximidade física, nossas mentes estavam separadas por um abismo de desconfiança. Não se podia confiar em ninguém. O toque dela agora parecia distante, uma lembrança obscurecida pelas camadas de incerteza que cresciam. Ela parecia me estudar, buscando uma fraqueza, e eu fazia o mesmo.


No entanto, havia algo que todos compartilhávamos: o medo de Eldric. Desde a execução de Valen, os murmúrios entre os habitantes da mansão tornaram-se mais desesperados. Alguns falavam em fugir, escapar antes que o caos tomasse conta. Mas, de alguma forma, todos estávamos presos ali, como se a mansão fosse uma prisão invisível.


Naquela manhã, quando desci para o salão principal, encontrei Isabella perto da lareira, seu olhar fixo nas chamas. As sombras que dançavam em seu rosto a faziam parecer uma figura sombria, quase fantasmagórica.

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— Rhānshi, precisamos conversar — disse ela, sem levantar os olhos. Havia algo em sua voz que me fez parar. Não era medo, mas uma urgência que antes não estava lá.


— Sobre o que? — perguntei, aproximando-me e sentando diante dela.


Ela ergueu os olhos lentamente, e pude ver o cansaço em seu rosto. A morte de Valen, as manipulações de Eldric, e a desconfiança geral estavam consumindo-a.


— Não podemos continuar assim. Eldric está nos manipulando, nos quebrando aos poucos. Sabemos que ele virá atrás de nós. Precisamos reagir, encontrar uma forma de enfrentá-lo antes que seja tarde.


Fiquei em silêncio, refletindo sobre suas palavras. Isabella tinha razão, mas como enfrentar alguém como Eldric? Ele controlava tudo, não apenas a mansão, mas também nossas mentes. Ele nos fazia duvidar de nós mesmos.


— Como você sugere que façamos isso? — perguntei, cético.


Isabella suspirou e recostou-se, encarando o fogo. — Não sei. Mas esperar para morrer também não é opção. Precisamos descobrir onde ele está se escondendo e como obteve esse poder. Há algo que não estamos vendo.


Ela estava certa. Havia algo mais. Eldric não era apenas um homem poderoso; ele usava algo além da nossa compreensão para manipular tudo.


Vanessa apareceu na entrada do salão, seu olhar firme. Ela nos observou por um instante antes de se aproximar.

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— Algo está acontecendo — disse, a voz carregada de preocupação. — As portas estão trancadas. Ninguém pode sair.


Meus olhos se estreitaram, e o peso da situação tornou-se claro. Estávamos presos. Eldric fechara a armadilha.


— Estamos à mercê dele — murmurei, mais para mim mesmo do que para os outros.


Vanessa assentiu. — Precisamos agir. Se ele trancou as portas, está se preparando. Talvez não tenhamos muito tempo.


Meu coração acelerou. A ideia de estarmos presos, sem saída, era sufocante. Eldric estava nos preparando para o golpe final.


Olhei para Isabella, depois para Vanessa. Apesar da desconfiança, eu sabia que não poderia enfrentar isso sozinho. Precisávamos, de algum modo, trabalhar juntos.


— Precisamos investigar — disse, levantando-me. — Descobrir se há uma saída ou, ao menos, encontrar Eldric. Ele não pode estar longe.


Vanessa concordou, mas Isabella permaneceu em silêncio por um momento antes de finalmente se levantar e juntar-se a nós, sua expressão resoluta.


— Se vamos fazer isso, temos que ser rápidos. Não sabemos quanto tempo temos.


Nós três saímos do salão principal e caminhamos pelos corredores agora mais opressivos. Cada passo era pesado de expectativa, como se Eldric nos observasse, aguardando o momento certo.


À medida que passávamos pelos quartos abandonados, tudo parecia diferente. A mansão, antes símbolo de luxo, agora parecia uma tumba. As paredes pareciam se fechar, o silêncio quebrado apenas pelo som dos nossos passos.

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— Aqui. — Vanessa parou, apontando para uma porta discreta ao final do corredor. Eu nunca a havia notado antes.


— O que é isso? — perguntei, me aproximando.


Vanessa se agachou para examinar a fechadura. — Não tenho certeza. Mas sinto que pode nos levar a algo que Eldric não quer que vejamos.


O ar ficou mais denso, e sabíamos que abrir aquela porta nos aproximaria do perigo, mas também sabíamos que ficar parados significava morte certa.


— Abrimos — respondi, minha voz firme, mas hesitante.


Vanessa sorriu de leve e, com destreza, destrancou a porta. Um cheiro de mofo e escuridão escapou, como se o lugar estivesse fechado há séculos. O caminho à frente era um túnel escuro que se estendia além da nossa visão.


Enquanto nos preparávamos para avançar, um silêncio inquietante tomou conta do ambiente. Vanessa pegou uma lamparina, iluminando o caminho à nossa frente, revelando paredes estreitas e um chão de pedra irregular.


— Vou na frente — disse ela, começando a descer pelo túnel. Isabella e eu a seguimos, atentos a qualquer som ou movimento. O ar estava frio, o cheiro de mofo intenso, mas o que realmente nos incomodava era a sensação de que algo nos aguardava.

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Finalmente, o túnel se abriu em uma pequena câmara. A luz da lamparina revelou um altar de pedra no centro, com gravuras antigas nas paredes. Algo sinistro pulsava naquele lugar.


— O que é isso? — sussurrou Isabella.


Aproximei-me do altar. As inscrições eram antigas, e eu sabia que aquilo explicava muito. Eldric usava esse lugar para canalizar algo além da nossa compreensão.


— Precisamos destruir isso — disse Vanessa, com determinação.


Antes que eu pudesse responder, um som baixo ecoou pelo túnel. Alguém estava vindo.


— Rápido! — sussurrei. Começamos a correr, com a sombra nos perseguindo. Ao chegar ao corredor da mansão, trancamos a porta atrás de nós.


Eldric estava mais poderoso do que imaginávamos, e não havia mais tempo.


Quando finalmente emergimos no corredor da mansão, trancamos a porta atrás de nós, ofegantes. O ar denso e úmido do túnel havia ficado para trás, mas a sensação de estarmos sendo observados continuava presente.


Vanessa, Isabella e eu trocamos olhares rápidos, cientes de que Eldric era muito mais poderoso do que havíamos suposto. E sabíamos que o tempo estava contra nós.


— Precisamos de um plano — disse Isabella, sua voz carregada de urgência. — Ele vai nos caçar.


— Eu sei — murmurei, observando ao redor. A mansão parecia mais ameaçadora do que nunca. — Mas, da próxima vez, estaremos prontos.

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Restava pouca esperança, frágil e oscilante, mas a certeza de que não podíamos recuar era clara. A batalha estava longe de acabar, e Eldric ainda guardava muitos segredos.


Se quiséssemos sobreviver, precisaríamos enfrentá-lo com todas as forças.


O tempo estava se esgotando, e a escuridão que avançava era mais densa e perigosa do que imaginávamos.






Enquanto olhávamos para o túnel escuro à nossa frente, um silêncio inquietante tomou conta do ambiente. A respiração de Vanessa e Isabella era lenta e controlada, mas o ambiente ao redor estava carregado de uma sensação perceptível de inquietação. Eldric estava em algum lugar, observando e manipulando. A cada passo em direção à escuridão, o peso da situação se tornava mais real.


— Vou na frente — disse Vanessa, segurando uma lamparina. O feixe de luz revelou um chão de pedra irregular e paredes estreitas, como se o túnel quisesse nos engolir.


Concordei com um aceno, e seguimos atrás dela. O som dos nossos passos ecoava pelo túnel, como se fôssemos os únicos seres vivos ali. As paredes cobertas de musgo e umidade transmitiam uma sensação de abandono e perigo oculto.


Por minutos caminhamos em silêncio, cada um imerso em pensamentos, atentos a qualquer som ou movimento. O ar estava frio, com um cheiro intenso de mofo, mas o que realmente nos incomodava era o pressentimento de que algo nos aguardava.

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Finalmente, o túnel abriu-se em uma pequena câmara. A luz da lamparina de Vanessa iluminou o espaço, revelando um antigo altar de pedra no centro. Gravuras complexas cobriam as paredes, símbolos antigos que não conseguíamos decifrar. O lugar emanava uma aura sombria e inquietante, como se fosse o coração da escuridão que dominava a mansão.


— O que é isso? — sussurrou Isabella, com o olhar fixo no altar.


Aproximei-me lentamente, observando as inscrições. Eram antigas, além de qualquer coisa que imaginássemos. Eldric estava envolvido com forças que não entendíamos, usando-as para manipular e controlar.


— Isso explica muita coisa — murmurei, sentindo uma estranha vibração ao me aproximar do altar. — Ele está canalizando algo aqui. Algo poderoso.


Vanessa, ainda segurando a lamparina, olhou ao redor da câmara. — E se ele estiver usando isso para nos prender aqui? Pode ser isso que o mantém no controle.


— Ou pior — completou Isabella. — Talvez ele esteja absorvendo algo de nós. Cada morte, cada sacrifício… pode estar alimentando um poder maior.


A ideia me fez estremecer, mas fazia sentido. As mortes e manipulações pareciam fazer parte de um plano maior. Eldric não estava apenas matando por vingança; ele seguia um ritual sombrio que precisávamos entender e interromper antes que fosse tarde demais.

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— Precisamos destruir isso — disse Vanessa, determinada, aproximando-se do altar.


Antes que eu pudesse responder, um som baixo e quase imperceptível ecoou pelo túnel. Viramos ao mesmo tempo, nossos corações disparados. Não estávamos sozinhos.


Uma sombra se movia pelo túnel, confirmando nossos piores temores.


— Rápido! — sussurrei, puxando Vanessa para longe do altar. — Precisamos sair daqui!


Corremos de volta pelo túnel, os sons dos nossos passos ecoando enquanto a sombra se aproximava. O pânico crescia em meu peito, mas sabíamos que parar não era uma opção. Eldric estava mais próximo do que nunca.


Quando finalmente emergimos de volta ao corredor da mansão, trancamos a porta atrás de nós, ofegantes. O ar pesado do túnel ficou para trás, mas a sensação de sermos observados permaneceu.


Vanessa, Isabella e eu trocamos olhares rápidos, todos com o mesmo pensamento: Eldric estava mais poderoso do que jamais imaginamos, e o tempo estava contra nós.


— Precisamos de um plano — disse Isabella, com urgência. — Ele vai vir atrás de nós.


— Eu sei — murmurei, observando ao redor. A mansão, mais ameaçadora do que nunca, parecia nos engolir. — Mas da próxima vez, estaremos prontos.


O que restava de nossa esperança estava por um fio, mas sabíamos que desistir não era uma opção. A batalha estava longe de acabar, e Eldric ainda não havia revelado todo o seu poder.

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Se íamos sobreviver, precisaríamos enfrentá-lo com tudo que tínhamos.


O tempo estava se esgotando, e a escuridão que se aproximava era mais profunda e perigosa do que poderíamos imaginar.


O peso da expectativa era quase tangível. O esforço para descobrir a verdade sobre Eldric agora se transformara em um jogo mortal de gato e rato. Enquanto processávamos o que havíamos encontrado na câmara subterrânea, nossos pensamentos estavam focados em uma missão: parar Eldric antes que fosse tarde demais.


— Precisamos de mais informações sobre esse ritual — disse Vanessa, entregando a lamparina para Isabella. — Há algo nos símbolos que pode nos ajudar a entender o que ele está fazendo.


Isabella, agora segurando a lamparina, observava atentamente os símbolos nas paredes. — Esses sinais estão ligados a antigos cultos de sacrifício. Se conseguirmos decifrar o que significam, talvez possamos reverter o processo ou impedi-lo de completar o ritual.


Aproximei-me de Vanessa e murmurei: — O que sabemos sobre os aliados de Eldric? Alguma pista sobre quem ele pode estar manipulando?


Vanessa hesitou, olhando para o chão. — Sabemos que ele tem aliados, mas a maior parte é manipulação direta. A presença desse altar, no entanto, sugere que há algo mais profundo em jogo.

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