[Evento Dinâmico] Como baratas mas bem pior

Como baratas mas bem pior

Dead Garden Archives

— Ano/Estação: 841 DG / Primavera
— Pessoas envolvidas: Raya Mikaela Sparks, Aella Calliope Silma, Ned Tennyson
— Localidade: Arquipelago Ruidoso, Hequa
— Descrição: Hequa,  ilha onde habitam os dragões de pena parece pacífica e pacata, porém dentro de seus enormes muros, debaixo de seus pés, uma coisa terrível está acontecendo. Encanadores do sistema de água da cidade relataram terem visto estranhas criaturas habitando o esgoto, criaturas que dito por eles eram seres anormais demais. Como precaução, os Dead Garden foram acionados pela governante da ilha, Aure Hequa, para investigar se as criaturas não poderiam ser os ditos e tão temidos Achytas.
— Tipo de aventura: Evento Dinâmico
— Aviso: Violência  

Depois de um tempinho de tranquilidade, os Dead Garden haviam me convocado outra vez. Tinha sentimentos conflitantes sobre combater os Achityas, pois só de pensar nessas criaturas nefastas eu me sentia incomodada, digamos que nosso histórico precedia minha entrada na organização. O alivio vinha ao saber que estava colocando meus talentos para tornar o mundo um lugar melhor. De acordo com as informações que recebi, a ilha de Hequa era um lugar tranquilo. Em parte por conta dos rumores de que parecia uma fortaleza sobre os mares. “Acho que estou prestes a descobrir.” Optei por uma chegada discreta, um pouco de charme – e uma sorte sobrenatural – foram o suficiente para convencer um jovem pescador em terras próximas a me levar até a ilha dos dragões. Contava apenas com meus pertences e a ilustre companhia de Strauss, meu familiar. Sabia que outros agentes foram convocados para a missão, apesar de não saber suas identidades. Por esses detalhes e a incrível habilidade de atrair confusão, preferi viajar de forma discreta. "Dead Gardens estão em todo lugar, eles não devem ter dificuldade para entrar. Se é que não chegaram antes de mim."  Se eles não fossem draconídeos, então minha cautela estava correta. Acabaríamos atraindo atenção demais.

O bote enfim se aproximava do porto, vívido com muitas pessoas circulando com suas mercadorias e demais afazares, apesar de não ser a entrada principal para a ilha, o local estava fervendo com tanta atividade. Draconídeos de todas as cores e tipos estavam presentes por ali e deixavam-me curiosa. Não conhecia muito bem esse povo, mas tive a impressão que eram amistosos, presenciar o aconchego de um dia comum aliviavia o espírito. Mas o que fez meus olhos brilharem eram as maravilhas arquitetônicas que pincelavam a paisagem, suas formas eram icônicas, como se uma pintura ganhasse vida. Quebrei o silêncio ao chamar a atenção do velho Strauss, que dormia em meu colo. – Incrível! – Num tom mais alto do que o normal, acabei acordando o pássaro, mau humorado por natureza, esperava uma reação negativa, mas nos dois dividíamos uma paixão pelo desconhecido, os edifícios a nossa frente fizeram com que a coruja tivesse uma reação semelhante a minha. Agora apoiada no meu ombro, esfregava os olhos e formulava uma resposta: – Encantador, de fato. Uma ilha tão pequenina mas avançada como uma metrópole continental... Só pode ser a obra de um gênio.  – Por alguns segundos, que pareciam horas, nos perdemos na admiração. “Agora tenho que explorar Hequa por completo, mal posso imaginar os segredos que os dragões escondem por aqui!” Enquanto a vista era novidade para alguns, era um dia como qualquer outro para nosso piloto. O fascínio foi quebrado quando seus pensamentos invadiram os meus por acidente. Uma das várias maldições - Ou benção, aos olhos de Strauss - vindas de minha mãe. “Essa moça nunca viu um prédio na vida?” um sinal de que talvez estivesse fissurada demais com a ilha que acabei de conhecer.  O bote não era nosso, afinal.

Me levantei e acenei para o piloto, sorrindo com um pouco de vergonha. – Muito obrigado! Tenho certeza que encontrarei os remédios que preciso por aqui. Tua caridade salvará a vida de muitos. – Uma mentirinha encerrava nossa conversa, enquanto partia rumo a cidade, quando Strauss, como o típico estraga-prazeres, lembrava-me de minhas obrigações: – Não vamos nos perder com distrações, minha querida imã de problemas. Temos uma ameaça para investigar. – Apenas assenti, ciente de que dificilmente outro habitante sabia do estrago que os malditos Achityas podiam causar. – Nossos dados dizem que há uma diplomata elfa por aqui, de certo é a sua melhor aposta. A menos que... – Sabia bem o que ele sugeria, e neguei de imediato. – Não, Strauss. Sei que tens um fascínio pelos meus poderes, mas não vejo necessidade para disfarce. Esconder minha identidade só ajudaria a quebrar a confiança das autoridades locais com a organização. – O pássaro refletiu um pouco e acabou concordando com  os argumentos, apesar de ouvir alguns resmungos pelo caminho. Não queria chamar atenção, mas usar meus poderes de transformação? Era passar dos limites.

Andar pelas ruas foi uma experiência incrível, uma cidade única, como nunca tinha visto até hoje. “Passar um tempo com esses dragões... Dragoas, de preferência, poderia ensinar-me muito.” E parecia que o sentimento era mútuo, pois aonde passava, atraía os olhares de quem estava a nossa volta. A tentativa de passar despercebida fracassou. E é claro, a coruja aproveitava disso para me provocar: – Ora, ora... Quem imaginaria que elfos não são comuns por aqui? Especialmente aqueles que possuem pernas que parecem brasas, ou o motivo do rebuliço seria seu olho vermelho? Posso apostar no braço mágico? Parece difícil passar despercebido com uma aparência assim. Uma pena que você não tem nenhuma forma de se disfar – E mais uma vez, o interrompi. Respondi o meu querido pássaro com um tom ácido: – Será que pássaros como tu são comuns por aqui? Pergunto-me quantas moedas eu consigo em troca de uma coruja falante... – E depois de uma caminhada considerável, estávamos diante do maior palácio desde que pus os pés na ilha. Só poderia ser o local de encontro com nosso contato na ilha. “Parece que chegamos... Será que perdi tempo demais na cidade? Espero que não esteja atrasada. Pelo menos que não seja a única.” Mas não podia esconder que tinha outros assuntos em mente. "Ele disse uma diplomata? E elfa? Aposto que é uma gracinha"

Quem diria que algumas horas de barco me levariam a uma ilha tão… – Branca. Bastante branco por aqui. – Beleza, eu entendo toda a estética e enxergo a beleza, mas só branco e azul… – Enfim, temos uma missão a cumprir não é Mu- – Me virava na esperança de encontrar meu Familiar, mas para surpresa de zero pessoas ele não estava lá. – Se for pra sumir era melhor mandar o Oswaldo! – Caminhava em direção a cidade enquanto reclamava aos ventos por ter um péssimo guia.

Era a primeira vez que visitava o continente dos dragões, calma… – Isso é um Continente né? De vocês dragões, certo? – Perguntaria pro primeiro sujeito que aparecesse em minha frente. Por sorte fui apenas ignorado, pensando melhor nem era uma pergunta tão difícil assim. Seguia meu caminho em direção ao que seria meu ponto de encontro, que além de não saber ao certo o caminho, conseguia me distrair a cada esquina andada. – Só tem prédios gigantes, imagino o trabalho que tiveram para fazê-los, ainda mais que são todos tão baixinhos por aqui… – Com ambas as mãos dentro dos bolsos, andava meio sorridente e cantarolando uma música pelo caminho – Tan tan tannn! Tanarana naranara naranaranara… – – Quem dera se tivessem uma pessoa gigante para os ajudar na época né, bem gigante... –

Seguia o resto do trajeto cantarolando e imitando uma bateria com as mãos, uma atividade como qualquer outra, mas aparentemente tive o azar de me encontrar a representante desta forma. – Desculpe o atraso, fiquei sem meu guia aí comecei a andar pela cidade e você sabe como é né, várias coisas pra ver, lugares pra ir, bela cidade vocês construíram por aqui ein. – Dizia com uma breve reverência, apesar de sentir seu olhar de julgamento sobre mim. – Mas esse pessoal aqui, são seus subordinados? Algo assim? – Apontaria para as duas… Bom, pelo menos uma moça que estava ali em volta. Me viraria pra elas dirigindo minhas mãos ao ombro de cada uma, quando a mulher parecia perder sua paciência cada vez mais.

– Você jovem rapaz, saberia que são suas colegas de trabalho caso tivesse o mínimo de compromisso… – Parava imediatamente com uma cara de surpresa. – ”Então foi isso que eles queriam dizer com “ache seu par”...” – Abria um sorriso para as duas, e estendia a mão. Prazer. Falava baixinho, somente para elas ouvirem, logo em seguida me virando em forma na direção da mulher de óculos. Viemos adquirir os fatos sobre o caso, pode ficar tranquila que tenho total confiança em meu time, definitivamente resolveremos seus problemas com o esgoto. Pode até nos chamar de encanadores se preferir. – Mantinha uma postura séria, já que estava claramente me esforçando pra evitar bobagens desnecessárias.

Após identificar-me corretamente em frente ao palácio, eu esperava o usual de uma missão. A apresentação, identificar o problema e resolvê-lo, da melhor maneira que conseguisse. O que não podia prever era a cena que se desenrolou a minha frente. Primeiro, tive o prazer de reencontrar Raya, uma slime da organização que conheci antes mesmo de me tornar uma agente e, infelizmente, a líder de Hequa exibia o preconceito esperado contra minha colega. “Quanta ignorância...” De certo, teria sido melhor se, assim como Strauss disse, tivéssemos encontrado com a diplomata. Mas o pior ainda estava por vir, fiquei desnorteada ao perceber a presença do próximo agente, um garoto que era bem desenvolto, mas não tinha lá jeito para lidar com autoridades, e pude perceber que não só a dragoa estava zangada, mas meu familiar também.   – Céus, que falta de... – E antes que a situação se tornasse mais constrangedora, precisei intervir. Delicadamente retirei a mão do garoto de meu ombro e prestei a devida reverência a quem nos atendia.

– Peço-lhe perdão pela nossa falta de modos, vossa alteza. Para ser sincera, perdi-me assim que estive perto de ti. Por um momento pensei que estivesse diante de um anjo, mas o título de regente lhe é mais que merecido. – O que mais poderia dizer? Não conseguia me controlar, não bastava pedir perdão pelos nossos erros, mas tinha que elogiar a beleza daquela beldade. Com delicadeza, me ajoelhei e estendi a mão, oferecendo o procedimento de beija-mão para a líder dos dragões. E a linda governanta concordava com meu gesto, parecia até que se corou um pouco. “Ainda bem que me lembrei de certos costumes da nobreza, Strauss pode ser burocrático, mas é um grande amigo.” Com as formalidades encerradas, dei minha atenção ao fenômeno que ocorria com minha gravitite, material que já estava acumulando poeira em meus bolsos. A ferramenta se agitou com a amostra, o que já me servia como confirmação de que os Achityas estavam realmente presentes na ilha.

Com a nova informação e o mapa em mãos, já começava a pensar em como poderia lidar com aquilo. “Não creio que sou a mais propícia a lutar em esgotos, mas tenho certeza que a natureza Slime de Raya será útil. Já o garoto... É um mistério. Precisamos nos conhecer melhor.” E após todas as considerações da governante, ajoelhei-me de novo, e com um sorriso no semblante, respondi ao seu chamado. – Lidaremos com a ameaça. Conte com minha palavra. – Assentindo com a cabeça, era como se minha presença deixasse a dragoa mais calma, bem, talvez fosse parte do charme como semideusa. – Claro, claro... Também peço perdão a vocês, que a verdade seja dita, Hequa está com problemas demais nos últimos tempos. Não estamos honrando com a nossa fama de ilha pacata... A ajuda da organização de vocês é mais do que bem-vinda. – Com os ânimos mais calmos, era hora de começar as preparações.

Me afastei da governanta e dirigi a atenção a dupla de colegas. A slime eu já conhecia, apesar de que ainda não pude cumprimenta-la.  – Radiante como sempre Raya, tens se alimentado de qual tipo de comida exótica dessa vez? – E após um riso tímido, era vez de lidar com o garoto. Estava um pouco irritada com o desleixo dele, e sabia que Arquimedes dividia do mesmo sentimento, mas seria profissional. Eu era boa até demais em mascarar meus sentimentos.   – Saudações, chamo-me Aella. E posso te chamar por? – Ofereci um aperto de mão com meu braço comum. Strauss, por outro lado, não deixaria barato: – Francamente, garoto, não leu os manuais de diplomacia da organização? Digo, ao menos o verbete 14 da seção 44 do código diplomático? Eu consigo lidar com uma desleixada, mas dois? Céus! – Eu revirei os olhos e acabei por tocar o ombro do rapaz. – E esse é meu familiar, Arquimedes Strauss. Um pássaro rabugento, mas de bom coração. – Mas o pássaro ainda estava encucado, e dessa vez fez a pergunta não só para o novo Dead Garden, mas para Raya também: – E onde estão os de vocês? – Por não achar o assunto tão apropriado para os aposentos reais, comecei a andar até a saída, virando o rosto para os dois como sinal para me acompanharem.

– Creio que está no momento de irmos. Temos muito a investigar. – Esperava que seguissem minha movimentação para fora daquela sala, mas de qualquer jeito, continuaria o assunto. – Antes de iniciarmos nossas buscas, conte mais sobre ti, garoto. Quais são suas especialidades? Nós duas somos colegas de longa data. – Encostaria em alguma parede, fitando as vestimentas do rapaz. – Tens umas roupas únicas, nunca vi alguém vestido como ti, em especial esse aparelho em vosso punho. O que achas, Raya? – Apesar de não ser muito comunicativa, vi a necessidade da comunicação surgir em meio a tensão com a líder de Hequa. E para ser sincera, tinha uma curiosidade genuína sobre os dois, não tinha outra forma de saná-la do que conversando. Assim eu tinha chance de descobrir o motivo da ausência dos familiares, e também conhecer melhor o garoto, e aprender o que Raya estava fazendo desde que nos vimos a alguns anos atrás. Qual tipo de novidade eles tinham para me contar?

O momento era animador para mim, porém com o tempo fui percebendo que o clima não estava tão ameno quanto esperava. A dragoa não parecia muito feliz com a nossa presença, talvez a minha presença, enfim. Devo ter piorado um pouco a situação, apesar de uma de minhas colegas apaziguar os ânimos, me sentia um pouco na obrigação de ajudar. – Desculpe por antes, estava um pouco animado, até demais, com o novo ambiente. Me chamo Ned Tennyson, portador do Omnitrix e o futuro símbolo da união em Erwood. Garanto que cuidaremos de seu problema. – Não me preocupava tanto com formalidades quanto deveria, mas imaginei que não seria necessário quando ela ouvisse um humano falando o idioma dracônico…

– Humm. Espero que todos cumpram com suas obrigações, é um assunto sério para Hequa. – Por fim, nos despedimos e cada um seguiu para seu lado. Me sentia mais livre, levantando ambos os braços para me espreguiçar e então interagir com minhas parceiras. – Oii! É um prazer conhecê-las, me chamo Ned Tennyson, imagino que sejam a dupla que me avisaram. – Diria com um grande sorriso no rosto, enquanto aceitava o aperto de mãos de Aella, contudo, seu familiar não parecia ter gostado tanto da situação… – Strauss… Bem esquentadinho ele né? Haha kkk. – Falava meio sem jeito. ”– E onde estão os de vocês? –” E de repente, descia em rasante um pequeno loro, mas verde, dos céus, pousando em minha cabeça. – Arquimedes Strauss… Faz tempo ein velhote? Rabugento como sempre. Liga não Ned, ele é tão velho tão velho que viu os dragões nascerem, e depois foi o responsável por ajudá-los a desaparecer do mapa. Tão velho tão ve- – Mutano finalmente havia aparecido, e bom, que momento mais conveniente né…

– Tá tá tá… Já entendemos. Bom gente, esse é Mutano, meu encosto… – Dizia tirando ele da minha cabeça. O clima parecia estar mais estabilizado e divertido agora, o que já era uma vitória para mim. Analisava melhor Aella após suas perguntas, e de fato suas roupas pareciam bem… Rústicas. – Ah, a roupa é meio que de família sabe? Meu pai, meu avô, todos foram usando essas roupas. Tal qual nosso relógio! Aproveite, e uma chance única poder observar o Omnitrix. – Dizia com a alegria de poder mostrar o relógio a mais pessoas. No fim, era uma sensação ótima de saber que finalmente tinha alcançado essa conquista, e agora seguia com os planos da família. – Investigação né? Bom, podemos ir caminhando já, não quero perder tempo. Talvez dê pra pegar a rodada de pizzas no fim de semana! Avante companheiros, vamos surrar alguns shapeshifters de merda! – Falava cerrando os punhos e saindo em alegria pro local marcado no mapa, buscava rapidamente por Mutano e o via já a alguns metros alçando voo. – Esse lugar é imenso Ned! Gostaria de passar em alguns lugares no caminho, então encontro com vocês na entrada! Valeeee eee ee eu. – E lá ia ele novamente… Era definitivamente um saco lidar com seu temperamento, mas já estava acostumado.