Depois dos ocorridos apenas conseguia olhar pela pequena janela suja de poeira o inerente vazio e a escuridão das ruas, já tinha se passado muito tempo desde que viu o último raio de sol bater no chão. O que restava era certa angústia por habitar um lugar tão pútrido que era o continente inteiro, vastas terras que conseguiam ser um total perigo até mesmo para os dinossauros. Que irônico. O coração se revirava em tumulto com as próprias ideias, todo aquele sangue já não tinha a mesma graça de antes.

— Eu quero ver o sol outra vez. Quero ver as tempestades e o mar calmo. Eu já cansei daqui.

O vampiro abriu um sorriso largo deixando os dentes salientes à mostra enquanto forçava as unhas longas contra o vidro o fazendo trincar aos poucos.

— Eu quero ver tudo.

Se virou em um giro sorrateiro, se mover sem fazer muito alarde ou sons era uma especialidade muito peculiar que tinha adquirido naquele pequeno intervalo de tempo em particular. Seus olhos estavam tremendo, não conseguia expressar muito bem o sentimento atual, não conseguia distinguir seu medo, sua excitação. Deu passos largos até chegar ao lado de uma larga banheira encarando o corpo boiando ali e sendo algo voltado para o lado mais “cão” da força, aquilo parecia certamente um gato tentando fugir.

— Você exagerou outra vez. As coisas saíram totalmente do controle

Tentou não olhar muito para os olhos do predador — Já que nunca é uma boa ideia fazer isso. — enquanto olhava o corpo procurando por qualquer parte que se recusasse a se cicatrizar. O vampiro sentou na borda mais grossa que servia de apoio para um braço ou perna de frente para a companhia, algo que definitivamente estava submerso na água. Tanta sujeira, tanto sangue misturado a terra e o que quer que fosse o resto, aquilo era algo muito fora da elegância que um ser deveria ter.

— Seus dentes trincam quando você morde aquilo que não conhece. Mesmo que regenere tão fácil, não é para sair abusando da sua força.

Um corpo daqueles, esculpido em cada detalhe, cada músculo definido. Ela era não só especial, ela era única. Respirando fundo o vampiro retirou um pedaço de trapo limpo de dentro do bolso mergulhando-o na banheira, depois torceu para não o deixar mais pesado do que deveria e primeiramente passou nos ombros para remover as marcas de sangue seco.

— O seu coração ainda está acelerado? Relaxa. Só um pouquinho. Não é sempre que temos velas e água quente para limpar esse seu corpinho.

Aos olhos de qualquer espectador aquilo era uma provocação, algo com duplo sentido, mas, era apenas uma fagulha de desespero. Calmaria sempre evitava sujeira, e aquele vampiro odiava todo aquele acúmulo de sujeira à sua volta ou no seu corpo. Sua mão depois de massagear um pouco deixou o pano cair e viu ele escorregar pelo corpo da lycan até afundar e sumir da sua vista. Soltou uma risada baixa e nervosa. Se aproximou um pouco dela e como se fosse algo natural agarrou o seio esquerdo da lycan o apertando e brincando um pouco, não levou muito tempo com aquilo e aproximou a boca do pescoço dela a chupando com força e forçando seus dentes contra sua pele.

Criado por Ani para Sasory

Ver Natasha em um estado - mesmo que forçado - tranquilo daquela maneira era uma cena presenciada por poucos. Estava exausta de sua última pequena aventura provinda de um descontrole, uma fome insaciável, um vício obscuro presenteado junto de sua benção por Ela, alguém que a Lycan sequer sabia dizer o nome.

As íris douradas buscaram as do vampiro assim que ele começou a falar com ela, os olhos arregalados, mostrando a esclera tão negra quanto a vasta noite. Ela rosnou quando ele mencionou seu descontrole, mostrando as presas que poderiam facilmente ser confundidas com trituradores de metal. O corpo remexeu-se na água, como quem se prepara para avançar, mas ficou ali por mais um tempo. Ela sentia estar queimando, como se ardesse em uma febre intensa. Aquilo era desejo.

— Fala isso um pouco mais perto. — Rosnou, notando como ele evitava olhá-la no olho. O vampiro estava aprendendo rápido a evitar os conflitos desnecessários que a própria lycan criava para saciar sua sede imensurável.

Ela permitiu que ele se aproximasse, no quesito de não tentou alcançá-lo com as garras assim que se aproximou. A dor no corpo já estava indo embora, mas aquela água quente... Ela só piorava a sensação do corpo queimar, de clamar pelo prazer, de acender o desejo dentro do peito e querer destruir a pélvis daquele vampirinho. Natasha umedeceu mais os lábios com a língua, saboreando em antecipação um pedacinho do morto-vivo.

— Meus dentes vão entrar no seu crânio se continuar me desmerecendo, sanguessuga. — Retrucou ríspida, com a respiração um pouco mais ofegante. Aquele cio maldito estava consumindo sua mente, mesmo depois de tudo que havia acabado de passar, suja de sangue, coberta de feridas, o corpo lhe implorava para atacá-lo. Mas não do jeito convencional, é claro. Precisava se satisfazer.

O peito parecia pulsar, os suspiros ficavam cada vez mais carregados e esconder o desconforto de estar se segurando estava ficando mais difícil. O maldito parecia saber. — Não me dou bem com água quente. — Falou sem dar explicações, apesar de que fosse evidente. Os olhos seguiram o pedaço de pano ao cair perto do próprio corpo, sequer se mexeu, mas assim que recebeu o toque no peito, sensível como estava, ela partiu os lábios para grunhir por baixo da respiração.

Os lábios em seu pescoço, por outro lado, a fizeram subir a mão direita até a cabeça do rapaz, segurando-o no lugar enquanto ele forçava os dentes contra pele morena da lycan. — Tira a roupa. — Ordenou, puxando-o para trás e levantando-se de uma vez da banheira, deixando a água quente escorrer pela pele e transbordar para fora da banheira. Ela sequer esperaria ele começar, a garra da mesma mão foi até a gola do rapaz e desceu com tudo, rasgando a parte de cima da vestimenta até a cintura. — AGORA. — Naquele ponto, ela estava prestes a começar a salivar. Sua respiração já era ruidosa e pesada, o corpo assumia uma postura selvagem. Já não era possível recuar.

Criado por Ani para Sasory, emprestado para Natasha

O semblante do vampiro se manteve calmo, não esboçou nenhuma reação para aquele ato de tamanha crueldade contra seus sentimentos, apenas deu um passo para trás para encarar os olhos dourados a sua frente. Conviver com a lycan era como jogar uma roleta russa com a própria Morte e na vez dele o tambor sempre estava cheio. Passou a mão no próprio peito tirando os restos de farrapos que ali estavam.

— Eu odeio quando você estraga minhas roupas novas, Natasha.

Conviver com uma loba alpha era um destino um tanto inusitado que os deuses lhe deram, não tinha de fato do que reclamar fora as roupas constantemente rasgadas, sua fúria contra ele nunca tinha ido muito além disso. Infelizmente aquele pavio curto considerava tudo uma provocação. Lidar com qualquer pessoa era fácil demais, “ler” os pensamentos, ver os sentimentos presos, os tiques corporais. Toda raça e ser não fugiam dos mesmos padrões quando se trata da psique. Mas, Natasha era algo que parecia um borrão e não um texto a ser lido.

— Não vou fazer nada para você até terminar o seu banho… E eu conseguir algo para o meu. E obviamente roupas novas.

Depois das palavras ele voltou a se aproximar dobrando um joelho e resgatando o pano do fundo da banheira e gentilmente como sempre iria esperar ela voltar a se deitar para conseguir esfregar melhor seu corpo. As velas eram as únicas coisas deixando a ambientação quente e agradável. Mesmo que estar com uma loba de dois metros e vinte seja quente como o inferno.

— E nunca mais você vai chegar perto de água fria outra vez. Ou de poças de água. Se depender de mim até da chuva eu te deixo bem longe.

Estava determinado a deixar a lycan extremamente limpa, com suavidade ele se manteve esfregando todo o corpo dela, seu prazer era ver ela como deveria ser: uma bela dama-lobo. Pretendia lavar o cabelo dela, mas não tinha água o suficiente para isso e normalmente não se molha a cabeça dos animais quando se dá um banho e isso deveria servir para ela.

— Tão gostosa quando não tá banhada em sangue e usando viseiras de echarpe. Usar corpos alheios como adorno é algo totalmente deselegante. Menos aquele escalpe de lobo que você usa, aquilo te deixa simplesmente a mulher mais gostosa de todo esse mundo.

Agora só restava voltar às provocações, já não tinha muito o que fazer naquela casa depois do pequeno estrago inesperado. O vampiro curvou o corpo apoiando a palma da mão na barriga da lycan para então começar a deslizar os dedos por toda aquela região.

— Me mostre seus dentes outra vez, minha dama.

Criado por Ani para Sasory