[Narrada/Fechada +18]- You Are my Specialz

A sorte parecia um pouco tímida, mãos pouco favoráveis para lidar com tantas baratas e como se não bastasse, um arrombado dentre arrombados parecia muito disposto a tornar toda aquela experiência em seu espetáculo à parte. Saberia ele que aquele local era pequeno demais para dois indivíduos completamente escrotos? E eu não estava a fim de ceder espaço, principalmente naquele momento em que tudo o que mais me interessava era não ter de lidar com aquele projeto de ameaça e a infestação involuntária e inconsequente do meu nobre e pouco favorecido de inteligência Blackwater. - Eu já falei que chamar as baratas foi assim, uma das cinco maiores burrices da história recente desse continente? - comentava com o necromante enquanto observava não apenas os galhos da árvore serem despedaçados pelo gelo, como também a natureza daquelas criaturas irritantes, que pareciam mais fortes do mais completo e absoluto foda-se e como se isso não bastasse, o doidão flutuante parecia interessado e torná-las elétricas. - No que aquele arrombado tá pensando, ainda tá mole! - reclamava, claramente puto da vida enquanto observava as baratas voadoras super nutridas vindo em nossa direção.

Além do mais, o que acha de usar essa indignação para fazer alguma coisa além de pedir ajuda?! Não tá vendo que o meu amigo ali tá passando fome?! - comentava, observando meu ilustre novo amigo de soslaio, por mais que Akame e a Barata fossem ótimas para lidar com as baratas, o custo de invocar criaturas tão fortes certamente haveria de ter exaurido boa parte de sua mana. - Tu não consegue usar esse teu poder do amor, pra dar uma chupeta nele e de repente fazer ele ressurgir das cinzas de inutilidade como um velho broxa após tomar um afrodisíaco de uma garrafa estranha com animal morto em um bar de esquina estranho? Sei lá, só dando uma dica! - por mais que falasse sinceramente e com o mínimo possível de educação para que a mulher fosse ‘útil’ naquela situação, compreendia que não era exatamente uma obrigação dela prestar ajuda, ainda mais considerando que a merda não havia sido feita por ela.


Mãos ágeis moviam o baralho com uma destreza única, compreendia que embaralhar era inútil, uma vez que a prestidigitação tradicional de nada servia perante a magia naquele artefato, mas ainda sim era um vício de apostador. - Dá pro papai aqui, algo bacana! - tirava uma carta, revelando o Dez de Espadas, agora sim! Algo promissor surgia à minha frente, porém a surpresa vinha na segunda carta. Jogando o Dez para o alto e o segurando em minha boca, realizava um truque bobo com cartas, mas que ‘revelava’ assim o Ás de Espadas. - AH É! A SORTE SORRIU O SUGADO NO GETO!! - gritava para o necromante, o nome esdrúxulo dito era irrelevante, mas tinha como base uma história real, um termo jocoso dado a pessoas que tinham sua primeira experiência em bordéis e pela falta de grana, realizavam a prática em um beco escuro. Se eu tivesse de apostar dez peças de ouro que aquele um ali havia sido um desses estranhos, certamente eu ganharia, mas isso era uma história a ser dita após tudo aquilo, afinal de contas. A situação era uma merda, mas quem disse que eu iria perder?


Revele-se… - puxava o Ás de Espadas para uma das mãos e mantinha o baralho na outra, a carta sacada era dobrada em formato cilíndrico e assim a magia se iniciava com um brilho levemente azulado. - …Katana de Gávillan! - assim sacava a relíquia do Ás, uma antiga Katana cujo poder reside tanto no aço quanto na magia presente nela. - Ei! Preciso que a Akame acompanhe meu ritmo! Se você for tão bom quanto sua família é descrita, devo presumir que essa invocação tem todas as capacidades de quando ela era viva, certo? Se sim, ela tem uma capacidade de ilusão, use-a! - dizia, enquanto lhe mostrava a primeira carta. - Quando eu ativar a magia, vou precisar que você reúna o máximo de baratas próximas a ela, pode fazer isso? - com uma confirmação do Blackwater, guardava o baralho em minha cintura e tomava a espada em posição de combate, pousando a mão livre em sua lâmina. - Vocês não são as únicas que gostam de brincar com raios! Rune Amplification… Thunderclap Fists!(C)

Com a ativação da magia embuia a lâmina com eletricidade e assim avançava contra as baratas, confiando de que o necromante usaria da habilidade daquela criatura para dar-me a oportunidade de agir. Ainda sim, teria como objetivo principal as baratas fortalecidas pois tinha a sensação de que efeitos sonoros pudessem perder efeito com a vibração de suas asas. Executaria cortes rápidos potencializados pela magia de raio e uma vez que o senso de direção das criaturas estivesse afetado, prosseguiria junto das invocações em uma franca ofensiva. Se notasse alguma tentativa ou acúmulo de baratas próximo a mim em algum ponto do local, lançaria o Dez de Espadas, ativando a magia. - Lâminas Etéreas! - as projetaria em forma de lâminas, para potencializar não apenas o poder de perfuração como de corte e assim atingir o máximo possível de alvos. - Esse é o sinal! Reúna elas ao redor das lâminas! - diria logo após a ativação da magia. No entanto, não seria apenas um ataque desenfreado, usaria Akame como parceiro de luta e intercalaria com a mesma os ataques e eventualmente a usaria de escudo se necessário para evadir-me de perigos ou mesmo fintar as criaturas. - Fazia tanto tempo que não pegava uma espada, lá ele, admito que estava com saudades! Lá ele infinito. - dizia, ao mesmo tempo que o baralho chiava intensamente em meu ouvido, ele próprio parecia sentir minhas intenções, bastava apenas aquele desgraçado também voltar sua atenção para a gente. - Isso é o que eu chamo de controle de pragas!

Havia uma certa dose de nostalgia, por mais que lutar com magia ou mesmo os punhos fosse divertido, tinha sido sob uma lâmina meu primeiro contato com o combate, a sensação de retomar a prática era intensa, especialmente por notar que não havia perdido nem um pouco do talento e da habilidade, era preciso reconhecer que o necromante também sabia o que estava fazendo, mesmo seguindo minha estratégia, sua habilidade em coordenar as invocações era realmente digna da fama de sua família, porém não era ele o principal atração daquele local. E nem mesmo eu, apesar de reconhecer meu extremo valor e relevância perante aquela imensidão de gente comum e pouco interessante, mas sim aquela figura estranha que havia surgido do nada e auxiliado as baratas quase como um arauto daquilo que é mais desprezível em um ser humano, o simples fato de ser um ‘pau no cu’. Ele havia desaparecido em dado momento, mas não pude segui-lo com o olhar por estar demasiadamente ocupado em exterminar aquelas pragas da forma mais eficiente possível. Com a explosão do dez de espadas e os ataques de Blackwater, a situação parecia enfim mudar de lado, porém não era o fim definitivo da ameaça.

A ilusão pareceu bem efetiva pra mim! - comentava ao mover a katana, removendo o sangue presente nela enquanto dizia aquilo ao necromante. - Acha que é possível reuni-las novamente? - questionava-o, observando-o de soslaio enquanto mantinha a katana repousada em meu ombro. Se questionado, apenas sorriria. - Pretendo acabar com tudo isso de uma vez, essas coisas já me atrasaram demais. - a voz carregava confiança, mas também um sentimento muito confuso, fruto da mana agindo pelo meu corpo, como se instintivamente a mesma se planejava para algo grande que residia apenas em minha mente, conforme a calmaria no olhar escondia o agito dos pensamentos e dos ruídos do baralho. - Não adianta lutar contra mim. - pensava intimamente. - Você é uma criação sacana de alguém, mas talvez não esperasse cair nas mãos de alguém muito mais ardiloso? - com a mão livre, puxava o baralho, num ponto onde Thunderclap começava a se desfazer.

Ei! Blackwater! Pode ficar de boa, sua mana e suas invocações podem ser úteis para outra ocasião, deixa que eu assumo a partir daqui. - a voz carregava extrema confiança, enquanto o baralho dançava elegantemente pela mão, permitindo que dedos ágeis removessem três cartas. - Destiny Draw! - sussurrei, enquanto notava a energia esvai do meu corpo e a vontade do baralha tentar sobrepujar a minha, era um embate bem mais complicado do que aquele que enfrentava, pois ao invés de executar um pequeno ato de infração perante as regras daquele artefato, concentrava minha energia em uma espécie de grande ‘golpe’ como um furto bem orquestrado ou uma extorsão bastante inconveniente. - Na luta entre os canalhas, ninguém é capaz de vencer a mim, saiba disso! Agora entregue o que eu quero! - os pensamentos eram resilientes e aos poucos as cartas eram reveladas.

Assim vinha o valete de espadas, ativando com ele o Miasma Espiritual, uma habilidade que fazia a energia da vontade vazar pelo meu corpo e inundar aquele local com uma sensação de perigo iminente, logo em seguida a habilidade Decrepitar também se fazia presente, dando a energia um odor fétido de morte. Em seguida, vinha a Rainha de Espadas com a sua habilidade Laço Espiritual, que me permitia acesso a uma característica dos Youkais, a qual acessava a visão espacial ampla dos Tsugi no Usagi, a qual usava para imediatamente captar todas as informações possíveis do cenário e do inimigo que antes estava auxiliando as baratas. - Você perguntou se eu tinha um inseticida, não é? - comentava com Tidus. - Eu tenho algo muito melhor que um inseticida! Não fique muito perto, senão vai ser abatido igual essas baratas. - sorria para ele da forma canalha possível, enquanto revelava a última carta, o Rei de Espadas. Com a carta, utilizava o Laço Mortal, habilidade que me permitia acesso a uma habilidade dos Undead, sendo Adaptação Ambiental a escolhida, porém não era apenas isso.



Ao exibir a última carta, a mesma se desvanecia e surgia novamente à minha frente junto de outras quatro, o Rei era honrado com a presença das quatro cartas anteriores em uma combinação perfeita, Rei, Rainha, Valete, Dez e Às. Mesmo a katana desaparecia conforme uma imensa onda de miasma cobria meu corpo em uma espécie de clausura temporária, podia sentir meu corpo transbordar de energia e força ao mesmo tempo em que a sensação da pele rasgar e dos ossos saírem pelo corpo também era sentida. Não era exatamente algo agradável, mas a sensação de poder era realmente boa, mas junto a isso os ruídos do baralho passavam a ganhar voz clara e objetivo, capaz de ser ouvida junto a minha ao sussurro da primeira palavra. Vestes pomposas e uma aura imponente eram revelados aos poucos, conforme a magia da combinação de cartas era revelada em título e nome.


Neste ponto, já aguardava que o Blackwater teria dado seu jeito de reunir mais baratas, se é que fosse preciso considerar que fôssemos naquele momento para elas um alvo a ser atacado, uma respiração profunda poderia ser sentida. - A quanto tempo moleque. - o comentário era para mim, pois entendia rapidamente que era a invocação a falar e não eu. - Tirou a sorte grande de novo? - seu sarcasmo era notável, conforme percebemos o ambiente e eventualmente mais inimigos. - Ha! - o riso vinha com o som de ambas as vozes. - Sim, mas diferente de antes, você só está aqui pelo prazer de poder exibi-lo para o Mundo. - minha gargalhada ecoou pela mente como um grito  de um penhasco, que respondia igualmente com uma risada. - Espero que tenha um desafio melhor para mim, aqueles bêbados sequer mataram o meu tédio.

Com a invocação findada, era mestre de suas forças, mas também era um refém de seus caprichos e Simón era do tipo preguiçoso, eu permaneceria parado em aguardo da investida inimiga, deixando que Atmosfera agisse sobre as mesmas a fim de frear os primeiros ataques. - Vamos então. Bōryū! (Fluxo da Profanação) - quando fosse atacado, contra atacaria com a magia, evocando sua primeira fase. - Namiben! - com um movimento de garra, transformaria o miasma do baralho de espadas em lâminas de água que atacaram as criaturas a minha frente e me permitiria prosseguir enfim com Hyofu, fazendo a água se converter em gelo, cobrir-se ao meu redor e assim explodir em estilhaços. Se percebesse o homem misterioso em dado momento, fixaria meu olhar no mesmo. - É aquele arrombado que vamos matar!

Sentia-me caminhar por um campo escuro, onde a neblina jamais cessava. Passos lentos em um terreno lamacento invisível aos meus olhos, uma pressão sob cada centímetro da minha pele como se milhões de agulhas me perfurassem a cada simples movimento, ainda sim não era isso que meus olhos enxergavam, neles ou através deles enxergava muito bem todo aquele cenário caótico de batalha porém, não estava só naquela perspectiva. - Criaturas fascinantes, apesar de frágeis. - A voz amarga ecoava em minha mente, por mais distorcida que fosse, reconhecia nele o mesmo timbre que o meu, como uma espécie de variação bastante particular de minha própria voz. - Hmm, parece que até pra falar você precisa de mim. - respondia em um tom claramente debochado. - Na mente tudo pode ocorrer em uma fração de segundos. - continuei até ver-me no interior da minha própria mente. - Parece que enfim podemos trocar algumas palavras, Simón. - sorri enquanto da neblina emergia a figura do Shogun, como um reflexo disforme de mim através de um espelho. - É muita insolência da sua parte me tratar como um dos seres repugnantes com os quais você convive. Principalmente quando você recorre a mim por ajuda. - ela não parecia irritada, apenas suavemente ofendido pelo tratamento tão formal.

Externamente, a manifestação do poder bruto parecia interagir com aqueles presentes nos arredores e, mediante a visão ampla, podia constatar que Blackwater havia pelo menos cumprido com o que havia pedido e se afastado do local. - Ah, o necromante! Ele parece interessante, embora sua magia seja bem…rasa. - ele parecia testar-me, como se falasse com alguém que se preocupava integralmente com as consequências da combinação do baralho. - Até mesmo a água rasa é capaz de refletir a luz da lua, mas sendo bem sincero, você não sabe o suficiente para confirmar o que diz. - retrucava, notando em seu semblante um riso de consternação. - E você sabe? - ele andava ao meu redor, medindo-me através do olhar. - É claro, o que eu não saberia? - cruzava os braços, gesticulando com a cabeça em um sinal de tranquilidade. - Você testa a sua sorte moleque. Eu poderia agora dobrá-lo perante a minha vontade.

Enquanto tudo aquilo ocorria no interior de minha cabeça, o corpo agia pela vontade do Shogun, erradicando uma grande quantidade de baratas em questão de segundos, como se aquilo fosse uma demonstração prática de seu poder perante mim. - Você poderia, mas não vai, não é mesmo? - sorri e Simón avançou. - Você não é o primeiro a ter esse baralho. - sua voz soava ameaçadora, mas eu respondia confiante. - Mas eu sou tudo aquilo que esse baralho quer. E acredite amigo, só lhe invoquei porque tenho pressa, do contrário eu teria levado essa luta em um ritmo mais interessante. - sentia as agulhas queimarem, conforme também notava uma tentativa poderosa da possessão tomar o controle da situação. - Eu sou mais fraco que você, é verdade. Mas não pense que é com força que você irá suprimir a minha vontade, você não me representa ameaça nesse campo. - mantinha a postura firme e o riso boba na face, enquanto as baratas do lado de fora pareciam se organizar para algo grande.

O que te faz achar que eu não posso dominá-lo? - o Shogun pareceu interessado naquelas palavras, as quais lhe direcionei a seguinte resposta. - Ah, isso é fácil. É o mero e simples fato de que eu sou simplesmente foda para um caralho, eu dobro esse baralho a minha vontade, assim como eu faço com a sorte e se você quiser, posso dobrá-lo também, basta eu querer. - aquilo arrancou risos histéricos de Simón. - E porque você não quer então? - Apontei-lhe o dedo. - Por que eu sei o que você quer e isso se encaixa bem nos meus planos! - ele inclinava a cabeça para os lados. - Planos? Conte-me mais. O que eu quero e o que você teria a me oferecer? - sorri enfim, era uma boa jogada no fim das contas. - Você pode lutar com meu corpo, mas não pode usar minhas habilidades se eu não permitir, ainda sim vamos vencer essa peleja irritante. Seu interesse prova que mesmo em posse do meu corpo, você não tem acesso a minha mente e as minhas memórias, senão toda essa divagação não teria sentido, então lhe falerei o que sou, o que pretendo e no que você pode ajudar. - chamava-o para perto. - Por que quando você aceitar, lutaremos em unidade. Por que você pode ser um Shogun, mas eu sou um…

Externamente, com o zumbir estridente das baratas, olhos de azul profundo cintilavam através daquela carranca demoníaca que havia emergido de minha face. - Bem jogado… - a voz saia duplicada, como em um eco enquanto movia os dedos em círculos, fazendo a água de Namiben girar e se fundir com o miasma. - Hyõfü! - reiniciaria o ataque, continuando com o Fluxo da Profanação, mas desta vez em uma magia de gelo, disparando estilhaços contra as baratas. - Criaturas irritantes, deviam ter permanecido naquele buraco imundo! - Imediatamente após a execução de Hyõfü, me viraria de frente as baratas não cedendo um milímetro de espaço para seus avanços. Respiraria profundamente, antes de atacá-las com Honõhen, uma massa flamejante que avançaria em uma área cônica de encontro a elas. A partir dali, tomaria como ação reagir perante as ameaças que sobrevivessem à onda de gelo e fogo, especialmente as mais resistentes, com a quais prosseguiria com o combo, atacando-as com Raimei ao estalar os dedos e infundir com magia as massas de ar frio e quente.

Se ainda restasse baratas distantes estaria pronto para agir a distância, embora o mesmo fizesse caso as ameaças menores tivesse sumido e restado somente aquele desgraçado de antes. Pegaria a carcaça de uma das baratas atingidas por Raimei e arremessaria ela na direção do desgraçado, ou se ainda houvesse mais baratas, arremessaria mais de uma carcaça nas direções para as quais elas fugisse, o objetivo? maximizar potência a alcance da magia que viria a seguir. - Sucumbam! Hankyõ! - bateria palmas, fazendo as carcaças explodirem em ondas sonoras violentas o suficiente para destruir o que estivesse ao redor ou fosse suficientemente sensível a barulhos estridentes. Fato era, uma vez que as baratas estivessem finalizadas, partiria rumo ao homem que havia cooperado com elas. - Parece que essa cidade é pequena demais para dois filhos da puta! - diria ao me aproximar daquela figura estranha e patética.