[Narrada/Aberta/+18] O lar dele

Krov via uma sujeira em meu rosto e sem perder tempo ela me segurava e lambia meu labio onde estava o doce e me dava uma leve mordiscada no fim puxando meu lábio e me deixando levemente excitado.

Me sentia estranho, quase como se tivesse que virar outra pessoa, ou quem sabe sumir por um tempo, não entendia muito bem essa sensação mas continuava para o navio acompanhando Krov.

Ela falava com seus servos e eu via um homem correndo desesperado com uma carta em mãos, mas ele não se dirigia a mulher e sim a mim, o que me fazia ficar confuso então eu ia ao seu encontro na frente do navio.

— Se acalme homem, está tudo bem a carta foi entregue obrigado.

Pegava a carta e a começava a ler e cada linha eu ficava mais preocupado, minhas asas e minha forma verdadeira se mostrava com tamanho impacto do que eu lia ali, meu pai precisava de mim...


— Merda pai... porque você foi fazer isso seu lagarto idiota, MERDA!

Voava com velocidade para Krov e abaixava a cabeça triste e sem ideia de como dizer e o que fazer exatamente.

— Krov meu pai... Ele... Precisa de mim urgentemente, o maldito dragão velho foi se envolver com os anjos que mataram meus pais biológicos e agora ele foi capturado.... Eu preciso resgatar ele antes que ele vá para a cidade de prata...

Cerrava os punhos com força, não queria me separar dela novamente, tínhamos acabado de se reencontrar, mas a situação não era positiva, a abraçava com força enquanto ficava pensativo um tempo.

— Alguém me traga um papel e lápis por favor.

Me abaixava no chão e escrevia para Krov em meu nome uma carta de recomendação e colocava um pouco de minha mana e uma pena minha para que as pessoas vissem que era verídico.

— Meu bem.... Eu tenho que ir resolver isso para meu pai, mas eu irei voltar! Você deve ir para o arquipélago ruidoso e focar em seus objetivos, não se preocupe de meu velho pai cuido eu.

Dava um beijo com força enquanto a abraçava, não sabia quando eu a veria de novo ou mesmo se voltaria vivo, mas uma coisa era fato, eu queria voltar um dia quando fosse possível e beija-la novamente.

Esperava um pouco para o que ela quisesse me dizer no fim, mas não podia esperar mais, tinha que voar para lá o mais rápido possível, dava um sorriso e fazia um carinho em sua cabeça mais uma vez.


— Por favor Krov fique bem sem mim, não se envolva em brigas desnecessárias e não fique mais viciada ainda do que você já é em seu emprego haha...

Abria minhas asas e então alçava voo em direção a onde meu pai estava, mas olhava para trás mais uma vez, deixa-la doía mas por algum motivo eu sentia que era o certo a se fazer mesmo que parecesse errado.

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A calmaria era interrompida pela chegada a bordo de uma figura desconhecida a procura do anjo dracônico, um tanto afobado e confuso. A corva trazia algumas palavras e era um pouco curioso ouvir um pouco do meu timbre ali, como uma cópia de vários tons incluindo o meu que ela teria ouvido, aprendendo gradualmente seus significados para empregá-los. Ainda era um pouco como a comunicação de uma criança ou de alguém recém aprendendo um idioma, porém...

Bem, quanto tempo há para dissertar-se sobre a eloquência de uma criatura? As asas abrindo-se intensamente moviam sutilmente a minha franja de lado. Tomava a minha atenção enquanto deslizava os fios para fora do rosto novamente, em busca de observar o dragão que parecia um tanto perplexo. Parece que evocamos de forma desagradável o tal homem que ele chama de pai ao mencioná-lo, já que tão logo o citamos ele tornou-se uma notícia urgente, digna de alguns xingamentos que são mais do meu feitio do que Bael.

Passeio os olhos de um lado a outra, percorrendo as sobrancelhas suadas mesmo sem esforço e os olhos que enxergavam as preocupações além de mim, quase como se eu fosse transparente. Nem mesmo minha energia passiva que me ajudou até aqui parecia ter um peso relevante em mantê-lo completamente calmo, apesar de talvez ter tido algum efeito conforme ele falava? Bem, o que importa agora... Se as decisões já pareciam ter sido tomadas e elas certamente não me incluíam.

O calor da saída de Darkaria e a luz do sol era um conforto bastante supérfluo em afastar os temores dos dias frios que estavam por vir, e, o som do papel sendo preenchido era como uma sutil canção cuja melodia era a incerteza de quando ele voltaria... e se... ele voltaria. Mas que direito tenho eu de prendê-lo, se ele sempre foi um espírito livre. Não seria eu a preocupá-lo com os meus receios invernais. Ele me envolvia e seu beijo e bem... O doce do bolo se esvaía e como todo doce, as vezes, tem um gosto um tanto amargo.

Seus olhos se prendem um pouco em mim e dou um soco em seu peito. Não para machucá-lo é claro, a mão para perfeitamente na carne de seu peitoral. - Vê se não morre e tãnãnã... Minha frieza mais típica e próxima dos nossos encontros iniciais, enquanto enfio um pirulito recém criado na boca dele,  era o máximo de complacência que eu podia oferecer.


Era melhor que ele não pensasse em mim quando estivesse lutando pela própria vida. - Vai logo fih. Reviro os olhos deixando a feição leve e confiante de sempre retomar seu espaço .

O soldado na sombra dele saía ao barco e eu já retomava em um arfar as instruções de antes. - Bem, fique na sombra da Asmodian agora. Talvez meu tom soasse um pouco mais ríspido do que deveria, mas, logo amansava a voz novamente. - Um pedaço de papel é mesmo o suficiente? Pergunto de forma retórica, já imaginando que só isso não seria tão abre portas assim... Mas, ajuda é ajuda. - Bem, chega de drama, temos negócios a fazer, continuem com esse navio...

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Três dias passaram-se desde que Bael havia partido e a viagem seguia relativamente tranquila, dentro que uma viagem dessas pode oferecer. Marasmo não levava "mar" em si atoa, ao menos, enquanto tudo que se tinha do mundo de água era um vai e vem sem fim de leves ondas. Por outro lado, o mesmo mar escondia dentro de sua quietude uma inquietação quase vil, já que o mesmo que oferecia apenas uma pacificidade anil, por vezes, também reservava os maiores perigos que o mundo pode oferecer...

Seria esse o caso? Uma bruma peculiar ficava ao nosso redor, pairando. Não era uma navegadora experiente, então era difícil supor algo de forma muito precisa, mas, Asmodian ainda na forma humanoide alertava me causando um frio na espinha. Sua intuição não costumava falhar, foi graças a ela e a Nadhezda que consegui sobreviver às situações mais intensas e arriscadas em busca de dinheiro na infância.

- Fiquem alerta... Digo fechando os punhos mais firme na corrente normalmente enrolada em torno de meu braço. Era um risco naval? De inimigos? - Tem alguma coisa errada Asmodian? Tipo, além da névoa? Ao mesmo tempo que pergunto levo a língua entre os lábios para fora, sibilando, procurando algum sinal de mana sendo utilizado ou alguma magia em curso se fosse o caso. No mesmo movimento com a língua enviava um eco ao redor, inaudível para todos os presentes que não eu, ou, algum lobo se tivesse um escondido ali, tentando mapear toda a área ao redor com certas limitações pelo tipo de ambiente.

Se houvesse algo que parecesse inimigo, me prepararia para lutar confrontando com as correntes, seja para um bloqueio com os braços ou para lançá-las afim de imobilizar o que fosse as enrolando. Se notasse algum risco físico, como um obstáculos, tentaria dar instruções rápidas sobre o ambiente ao redor para que evitasse uma colisão ao homem na direção do navio e me prepararia para segurar em algo caso fosse haver algum choque iminente.

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Asmodian não conseguia sentir nada e eu tampouco conseguia extrair muito do ambiente. O eco dos estalos era consumido, como se devorado por aquela névoa que como um todo parecia feita de mana, dificultando ainda mais a percepção ao meu redor. Um ataque? Nunca veio. Uma calamidade? Também não... Tão misteriosa quanto a sua chegada, foi a sua partida, como se perdesse o interesse em nós, como se não tivesse encontrado o que procurava ali.

Tão sorrateira a névoa se foi, após algumas horas de incertezas, algumas outras semanas nos trouxeram o vislumbre de Rozzovvyy, a ilha dos dragões, de Bael. Os olhos passeiam as encostas largas e algumas edificações sobre elas, chamativas. O mar adiante não era seguro, então logo ergo minha mão na direção da pessoa na condução do leme. Apenas um reforço, considerando que ele por si mesmo devia ter uma boa ideia de que não era seguro prosseguir dali.

Com o navio ancorado em alto mar era fácil notar que estávamos sob vigília, com alguns draconídeos armados com lanças nos observando. Ter um rosto escamoso facilitaria as coisas certamente... Talvez Asmodian na sua forma humana como estava podia confundi-los um pouco até um pouco mais perto com um dragão de penas? Bem, não... Pelas conversas com asmodian eles também tem escamas, não vai durar muito como um blefe...

Bem, ficar olhando eles ali também não seria a melhor das escolhas, era melhor tentar confiar que não receberia um ataque imediato sendo carregada que nem princesa pelos céus por uma criatura que parece um pouquinho uma parte da raça deles, do que morrer de fome em alto mar pensando numa solução mirabolante. - Asmodian, hora de me pegar, na forma humana mesmo. Virar um corvão, bem, vai atiçar os lagarto ali à querer espetar a gente... Sem tropas, sem conhecimento de terreno além de descrições e sem o poderio pra isso, lutar seria burrice, não confiança, confiante eu estava sobre poder convencê-los a me deixar entrar.

Quando Asmodian colocasse os braços, me jogaria, segurando em seu pescoço para deixar mais fácil que ele me carregasse, levando a carta comigo. Se eles fossem ao encontro e parecessem hostis, levantaria a mão falando em um tom amigável, irreverente, mas diplomático como eu costumava abordar isso. - Opa, calminha. Sei que esta não é das condições mais nobres, apesar de chamarem isso de ser carregada como princesa e tanãnã, mas sou uma marquesa de um país distante, não trouxe tropas em números, pois não tenho nenhuma intenção hostil, é apenas uma visita diplomática ao lar de alguém que me era importante... As palavras acompanhariam o gesto de levar a carta na direção de quem abordasse. Se enquanto seguíamos nenhum deles viesse, pediria a ave para ir na direção de algum, já que seria muito suspeito eles simplesmente nos "deixarem entrar", soando mais como emboscada, falando as mesmas palavras.

Tentaria não me mostrar hostil, como ficar pensando ou observando de mais por várias formas de enfrentá-los, de qualquer forma isso seria complicado.

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Bem, dava pra dizer que não ser atacadas de imediato era algo bom? Pelo menos o espaço pro diálogo foi aberto, ainda que um pouco sem jeito. Me ajeito no colo da corva para ficar uma posição melhor depois da movimentação, escutando o homem atentamente. Seus olhos passeavam sem disfarçar tanto, atento ao barco, e, era possível notar mais movimentações vendo que eles buscavam até se tinham mais pessoas conosco do que as que estavam à vista. Aquilo me deixava com uma certa felicidade, afinal, se meus negócios futuros ali prosseguissem com sucesso e eu os apoiasse em um conflito, o melhor é que tenham pelo menos essa maestria militar para eu não estar entrando em um barco furado.

- Cahãm, certo. Digo abrindo um sorriso, escalando a Asmodian de certa forma, até que pudesse parar sentada em seus ombros ao invés de no colo, de modo que pudesse ficar frontalmente, apesar de ainda meio patético? Seria melhor eu falar para Asmodian ir pra corvo logo? Bem... A transformação poderia parecer uma manobra de combate, melhor não. - Sou Krov' Chernaya, primeira de meu nome, regente do marquesado de Chernaya na nação de Schande em Darkaria, e, por consequência, uma marquesa. Há alguma pompa misturada ao tom ainda um pouco irreverente.

Ele tinha um olhar um pouco curioso, investigativo. Será que deveria dizer mais alguma coisa? Explicar assim de cara e para um guarda meus motivos de estar ali, não era muito bom. Oi, vim apoiar vocês na guerra! Que guerra? Pois é neh... Não, talvez algo sobre as nossas raças? Bem, vampiros normalmente não inspiram muita confiança, mas, minha linhagem talvez ajudasse. As Iroboros, como nos chamam, são conhecidas pelo apelido nada carinhoso de dragões amaldiçoados, e, não por algum tipo de inimizade, mas, por nossa longevidade espelhada e nossa forma de serpente... Bem, não custava tentar.

Ergo as mangas até a altura que minhas glândulas de veneno pudessem ficar aparente, no caso, a luminescência local onde elas estavam alocadas logo abaixo. - Se isso te faz curioso sou uma Iroboros, sabe, as cobras das cores, serpentes divinas, ou, dragões amaldiçoados, nos chamam de muitas coisas ao longo do tempo. Após fazer o pedido, não me restava muito se não aguardar. Era possível que ele mesmo nem pudesse decidir por conta própria e só levasse o que eu falei adiante a outra pessoa talvez. Ou será que fui num peixe grande de cara?

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Como era suposto, ele por si só não detinha tanta autonomia assim, apenas repassando o que falei através de outros guardas sem maiores delongas. Quase me balanço com a espera, mas, o desiquilíbrio ali nos ombros da minha familiar logo me contém apesar de tudo. O homem parecia mais relaxado e isto era bom, só temia pela resiliência da minha parceira, mas, com sorte mais um pouco podíamos voltar a caminhar. Ainda assim, a sugestão dele era bem vinda. - Só. Vamos fazer isso então.

Saltava pousando ao barco antes mesmo que ela chegasse até ele para aliviá-la tão logo pudesse, ela logo voltaria a me carregar mesmo. Caminho até ela com um sorriso no rosto que quase escondia um restinho de melancolia presente por completo. - Você tem sido uma corvinha... Deslizo o dedo pelos lábios dela deixando uma tintura dourada brilhante, percorrendo sua extensão como uma espécie de batom. - Brilhante. A palavra vem com uma piscadela criando um espelho na minha outra mão para que ela pudesse ver. Sabia que ela ficava ansiosa sem ganhar um agradinho com o tempo, assim como eu também que já ia fazendo um pirulito e colocando na minha boca.

Sentia o Djhin murmurar um pouco, mas, bem, acho que ele gosta de ser útil... Ou, deveria dizer que ele não gosta de sentir-se inútil como algum tipo de ego? Me pergunto qual a aparência teria aquela criatura que habita em mim por um instante, mas, logo acaba. Isto pois levei quase uma hora pra indagar-me à respeito e também era o tempo que os homens levavam para me notificar. - Jaé, só escrever aqui e tanãnã, neh? Digo colocando o nome ali, o mesmo enunciado. Krov' Chernaya, nem mais e nem menos, antes de combrar o sobrenome do marquesado eu nem mesmo tinha um.

Após isso, novamente me jogava nos braços dela modo princesa que era mais simples de carregar e equilibrar para entrar logo no objetivo. Rozzovvy estava ali, à minha espreita por detrás de grandes estruturas montanhosas. Um arrepio quase me percorre, precisava fazer tudo correr bem, estourar algumas tretas, investir aqui e ali, fazer dinheiro, voltar para Chernaya e fazer tudo de novo. - Me aconselha algum lugar que eu deveria ir primeiro? Questiono ao guarda antes de seguir adiante.

Usaria sua instrução como um ponto de partida, talvez, se não fosse nada muito mirabolante. Ainda era muito cedo para pensar em só ir direto aos líderes locais, ou, assim esperava, então podia ver um pouco do que o lugar tinha a oferecer primeiro.

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