[Narrada/Fechada +18] - Eu, você, duas lagartixas e um canalha

Uma série de eventos inesperados me levou até um beco com uma dupla de estranhos que conheci em um bar e agora estavamos juntos em busca de um trabalho fácil que nos rendesse algum dinheiro, afinal de contas eu precisava recuperar o que tinha perdido naquele carteado idiota se quisesse continuar minha jornada, não podia ficar preso naquele porto caindo aos pedaços por mais tempo, havia muito a ser feito se quisesse chegar até Mana e consequentemente me vingar de Gier.

- Você parece que conhece bem a região, Floco de Neve. - Comentaria com o humano de cabelos brancos sem olhar diretamente em sua direção. - Então onde encontramos a guilda por aqui? Não pretendo ficar por muito tempo na região. - Cruzaria os braços por dentro das longas mangas do quimono. - Eu vim até Satar em busca da primeiro reino, Ilusyon. - O reino fundado por magos, as lendas diziam que o lugar era protegido por uma magia misteriosa e outros duvidavam de sua existência. O mais engraçado nessa história é que mesmo sendo seguidores do caminho da magia eles seguiam sua própria religião, uma que estava além até dos meus conhecimentos. -  De alguma forma  aqueles caras conseguiram esconder uma cidade inteira com magia e eu quero encontrar a pessoa por trás disso, se é que essa história é realmente verdade. - Não havia motivo algum para compartilhar meus planos com aquelas pessoas, apenas quis dizer para que soubessem que eu estava ali apenas de passagem.

De qualquer forma tínhamos um objetivo em comum no momento: a guilda dos aventureiros. - Enfim, acho melhor focar no problema atual.. - Com o objetivo traçado começaria a caminhar em direção a guilda com a cabeça erguida e um leve sorriso confiante no rosto, mesmo estando em uma situação desfavorável no momento não podia me deixar abalar por futilidades.

histórico:

Quando eu tinha pego aquele barco rumo a Foz Dourada, o meu objetivo era bem simples: abandonar aquela vida miserável de sobreviver com pequenos roubos e tentar me tornar um aventureiro de verdade, conquistando fama e riquezas no caminho. Sonhador demais? Talvez, mas ajudava a manter a motivação. Colocando numa algibeira as poucas moedas que tinha conseguindo juntar, eu viajei pelos mares, cheguei numa nova cidade, fui até uma taverna, conheci uns malucos e...

- "Perdi tudo, é claro." - eu levei a mão ao rosto com uma risada, provavelmente ainda um pouco sob os efeitos do álcool. A melhor parte era que as coisas só começaram a ficar estranhas a partir daí, com aquele painel esquisito e a malhação num beco sem movimento. Mas seja lá o que - ou quem - tivesse nos levado àquilo tudo, dava pra sentir os resultados na pele. - Eu já vaguei um bocado por Satar, mas só ouvi boatos sobre Ilusyon. Uns dizem que existe mesmo, outros que é só história pra boi dormir. - comentei, olhando pro homem de cabelos brancos antes que ele pudesse fazer algum trocadilho - Não o da sua história, é claro. Esse parece que teria sido mais feliz se tivesse continuado dormindo, sem saber de nada. - sorri com ironia.

FIquei surpreso com o fato de que ele parecia ter algumas conexões com o tal reino lendário, apesar dele próprio não parecer se importar muito com isso. Bom pro nosso amigo draconídeo, já que aquilo provavelmente servia pelo menos como uma pista. O que ele disse depois foi mais interessante ainda, no entanto. - Enquanto eu vim pra cá pra me aventurar...eu estaria mentindo se dissesse que não estou curioso pra testar os resultados...disso. - eu fiz um sinal com a mão para o beco, me referindo aos exercícios e ao repentino surto de força que tomou conta de cada um de nós depois deles. Um estabelecimento focado em lutas parecia um ótimo lugar pra isso.

- Topa? - voltei o olhar pro draconídeo, e depois de um instante, franzi as sobrancelhas. Me referir a eles por sua raça e uma ou outra característica física estava começando a ficar chato. - E aliás, talvez seja meio tarde pra isso, mas eu já sei até o nome do mendigo que levou meu dinheiro e não sei o de vocês. Podem me chamar de Sieg...e vocês, como eu chamo? - eu me virei pros dois, esperando uma resposta. De qualquer forma, se todos estivessem de acordo, eu seguiria com eles até o local apontado pelo humano. Era hora de fazer dinheiro de verdade.

histórico:

Existiam momentos na vida em que você se questiona: o que estou fazendo aqui? E esse era exatamente um desses momentos, comecei a me perguntar o quão proveitoso a companhia daqueles dois estava sendo, tirando a informação de fonte duvidosa envolvendo o reino mágico, sua primeira opção para conseguir algum dinheiro era um clube da luta? Uma opção bárbara e não muito valorosa, o que uma arena em um subúrbio acabado como aquele podia oferecer de bom? Sequer serviria como um teste? - Hrum, vocês realmente se contentam com pouco. - Suspirei comigo mesmo, talvez eu estivesse esperando muito de um humano sem qualquer perspectiva de vida e um trombadinha. - Se acham que isso é bom o suficiente. - Suspirei demonstrando minha decepção. - Espero que este clube tenha mais do que mendigos e bêbados a oferecer. - Estava sempre disposto a colocar minhas habilidades à prova, mas ao mesmo tempo era um desperdício utilizá-las contra adversários sem qualquer valor.

Antes de partir, o sujeito menos irritante fez um pronunciamento curioso, uma apresentação? Sinceramente sequer me passou pela cabeça tal necessidade. Sieg, um nome simples de lembrar, mas já o humano… Bem, eu me surpreendia genuinamente com sua capacidade dele falar tanta asneira por segundo. - Você realmente gosta do som da própria voz, não é? - Ri contidamente. - Um belo discurso, Floco de Neve, quase digno de aplausos, mas não precisava se dar ao trabalho já que eu não sou muito bom com nomes. - Mantive os braços cruzados observando com certo desdém sua tentativa pífia de provocação. - Mas se quer um nome pode me chamar de Kain. - Gravar o nome de criaturas passageiras não era exatamente algo com o qual me preocupava, se parasse para me importar com o nome de todos com qual encontrei nesses setecentos anos provavelmente ficaria louco.

De qualquer forma começamos a caminhar pela cidade, o humano liderou o caminho já que era o mais familiarizado com a região, pelo menos foi isso que pensei até que chegássemos até a guilda por engano. - Alguém precisa saber onde é, certo? - Aquele cara era realmente convencido, até mesmo quando se perdia fazia parecer que estava no controle da situação, uma figura de fato.

O interior do estabelecimento era bem mais convidativo que a taverna de mais cedo, talvez fosse a primeira vez que cheguei em Foz Dourada que estava vendo alguma civilização de verdade. Caminhei para o interior do lugar logo após o humano, o mesmo como sempre era inconveniente e prepotente em suas abordagens. - Aaah… - Suspirei comigo mesmo enquanto me aproximava do quadro de missões. - Ignorem o rapaz, ele bebeu demais e está alucinando com uma realidade alternativa. - Pararia próximo ao grupo mantendo os braços ainda cruzados por dentro das mangas. - Estamos atrás de trabalho, algo que pague bem e com algum desafio que faça valer o meu tempo. - Olharia na direção do humano. - Se houver algo envolvendo o clube talvez seja uma boa opção, mas não é uma prioridade. - Voltaria a encarar o grupo responsável pela organização e aguardaria uma resposta.    

histórico:

Volker e Kain. Eu repeti os nomes algumas vezes mentalmente, assim como fazia quase que por instinto sempre que conhecia alguém novo. Talvez fosse uma parte de mim tentando evitar que essas lembranças acabassem se perdendo também, como já tinha acontecido com boa parte do meu passado. Estava no grupo mais estranho que já tinha visto em toda a minha vida, e logo nós três saímos andando pelas ruas de Foz Dourada, em busca do tal Clube da Âncora, até nos depararmos com a entrada do que parecia ser uma filial de guilda de aventureiros, bem movimentada.

- "Acho que teria sido meu primeiro destino depois de sair da Taverna se não tivesse acontecido o que aconteceu...quem diria." - apesar de não ser exatamente o lugar que estávamos procurando, se tinha algum lugar na cidade em que encontraríamos gente capaz de lutar e que podia conhecer o tal clube, era ali. Dito isso, nosso caro amigo de cabelos brancos realmente gostava de chamar atenção por onde passava. Sem papas na língua, ele se pôs a falar logo que entramos no prédio, inventando alguma história e mentindo como respirava. Dava até pra chamar de talento.

- É, ele não fala nada com nada desde quando ainda estávamos na taverna. - complementei as palavras de Kain, dando uma olhadinha no quadro de missões pra ver se encontrava algo interessante. O clube parecia uma boa pedida na minha opinião, mas como o draconídeo tinha dito, não era a nossa única opção. - Estamos atrás de algo mais...perigoso. Monstros, bandidos, vocês que sabem. Só não nos mandem carregar caixotes ou coisa parecida. - diria, ansioso por ver como seria a minha primeira missão como um aventureiro, ainda que imaginasse que enquanto estivesse acompanhado daqueles dois, esse dia seria tudo, menos normal.

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