[Auto Narrada/Fechada +18] - Aos Verdadeiros...Foz Dourada

Se não for para apostar tudo, qual o sentido de estarmos vivos? - gargalhava, em resposta ao draconídeo, enquanto distribuía as cartas. - Isso é papo de quem nunca transou no mar HAHAHAHA! Mas eu peguei a ideia! E não, não tenho um nariz tão bom a esse ponto, só estou acostumado com viagens! - após distribuir as cartas, notava a língua de Neirelle se aproximar com o cachimbo. - Obrigado querida! - dizia, pegando o cachimbo com a boca. - Melhor deixar as roupas para depois mesmo, tem uma Tauren que está me olhando demais desde que cheguei, tenho medo do que ela pode fazer se ver meu corpo escultural. - continuava a rir, soltando a fumaça com tranquilidade, enquanto observava minha mão. - Pai tá com sorte! - dizia, mesmo sabendo que a mão era perigosa. - Já coloque as moedas na mesa! - dizia, tirando três cartas do baralho com velocidade assombrosa, deixando-as no centro da mesa.


Realizava um suspense, virando-as em seguida, uma combinação horrenda. - Misericórdia! Isso é sorte! - ria, suspirando, enquanto relaxava sob o corpo de Neirelle. - É meu amigo Aquino, acho que você vai ter de dormir na sarjeta de novo, mas pelo menos você vai ter companhia hoje. - apontava para a dupla, enquanto puxava duas cartas, deixando-as sobre a mesa. - MAIS UMA RODADA! MELHOR, DUAS! - gritava, sinalizando com o braço levantado. - Senhores, temos mais duas cartas para revelar, já que é tudo ou nada, não existe dobrar, cobrir, ou desistir. Vão ter de virar o caneco! - pegava a bebida assim que ela surgia na minha frente. - Ao destino? - alargava o sorriso, esperando que eles me acompanhassem. - A propósito, quando perderem, o que pretendem fazer? Vocês não parecem estar aqui pela esbórnia. - puxava um assunto inusitado, ao menos para mim.

Apegar? - gargalhava da forma mais irônica que encontrava antes de virar o copo de uma única vez. - Seja como for… - ria, como se desistisse de comentar algo naquele momento. A mão era péssima, mas nem por isso iria me inibir do direito de me divertir, além do mais, pelo menos três naquela mesa ficariam sem nada, o mínimo que me interessava era saber mais sobre eles. Mesmo que estivesse alto demais para reter coisas triviais. - Hmm falando em apego, vocês dragões parecem apegados demais a essas coisas. - fazia pouco caso, aproveitando do momento para alfinetar, em meio às gargalhadas sinceras daqueles que nos acompanhavam. O draconídeo parecia ser tão prepotente quanto eu, uma bela qualidade, se ele não parecesse tão gogó, mas sendo um dragão pelo menos provocá-lo parecia ser uma ideia divertida.

Era apenas por um relance, mas enquanto os risos permaneciam o meu se fechava sutilmente, enquanto soprava a fumaça do cachimbo, como se escutasse algo realmente de valor, ou pelo menos algo que não valesse meu desdém. - Admirável, ficaria mais poético em uma circunstância que não fosse essa. - o comentário poderia ser confundido com um deboche, mas o olhar tranquilo e um sorriso mais suave davam a indicação de que respeitava aquilo. - Não estou interessado na aniquilação de Deuses, lamento. Como você deve imaginar, isso parece ser um trabalho de séculos, e eu já me sinto mais pra lá do que pra cá. - gesticulava com as mãos, balançando-as em sinalização ao que comentava. - Com ou sem vitória, eu devo procurar algo para fazer. Ganhar de vocês só me trará mais alguns dias de hospedagem, mas pra ser sincero isso tudo só vai custear dois dias aqui e duas noites com ela. - apontava para Neirelle, que ria da situação toda.

Parece que nosso amigo aqui se perdeu na bebida já. Tá tudo bem meu nobre? - questionaria o rapaz de capuz, logo dando atenção ao baralho. - Vamos matar a curiosidade. - dizia. Puxava as cartas, revelando inicialmente um cinco de paus e logo em seguida o seis de mesmo naipe, mostrando minhas cartas em seguida, observando a dos demais também. - Oh! Uma trinca! - comentava. - Parece que a sorte lhe sorriu lagarto! - olhava-o de soslaio, mas podia sentir o toque de Aquino na mesa, revelando suas cartas. - Três e dois! TRÊS E DOIS!! CARALHO! HAHAHA! - explodia em risos, batendo na mesa com o que via em minha frente. - PUTA MERDA AQUINO! STRAIGHT FLUSH! - puxava as cartas dela, organizando-as na sequência numérica. - Nosso nobre desdentado aqui, conseguiu uma sequência de cinco cartas do mesmo naipe em ordem numérica. Ele é a mão mais forte! - jogava as moedas na direção dele. - A sorte, tende a ser bem mais justa que o destino não é mesmo? - comentava para os dois ali, entregando o cachimbo para Neirelle. - Eu sei que você não se importa de ficar com ele, mas desculpe por você na aposta. - olharia para o homem. - Pelo menos vai ser um trabalho rápido e não um pernoite. - ria, dando na mulher um longo beijo. - É, hora de ir pra sarjeta! - dizia com descontração.

Nossa, quantas metas audaciosas! - comentava entre os sorrisos, observando que as palavras do encapuzado saiam com a mesma facilidade que a bebida entrava. - Mas ainda sim, meio romântica essa visão de heroísmo não é mesmo? Hahaha. - não tirava sarro, só achava que era um fator demasiadamente destoante para o Mundo um sentimento de heroísmo. Preferiria deixar aquilo para outras pessoas, ou se não para os nobres e afortunados, a eles canções bonitas e pinturas de feitos lhe serviam como uma luva. - Bom, minha meta é não morrer de fome nos próximos dias, embora eu não saiba o que é pior. Ter fome ou sede! - diria com um olhar bobo, erguendo o copo e o virando, mostrando que o mesmo já se encontrava vazio. - Azar no jogo, sorte no amor! Deveria procurar um par de coxas para recostar a cabeça enquanto o azar está fresco! - olhava para Neirelle. - Não leve para o pessoal querida, mas talvez ele prefira calor como qualquer dragão. Além do mais, a falta de coxas você compensa com…bem, essas tetas incríveis! Mas confesso que quando você me pediu pra morder, tive medo delas soltarem veneno! - gargalhava.

Ahhhh larga de ser mau perdedor. Com isso tudo de dinheiro e dois dentes, Aquino terá umas noites de rei! E o melhor de tudo, sem ter nada para governar depois, considere isso uma vitória absoluta! - dizia, levantando-me, beijando Neirelle uma última vez antes de comentar. - Nunca trabalhou como mercenário? - odiava o termo aventureiro, uma palavra suave para um trabalho nada poético. - É divertido, pagando bem. Só um minuto, preciso recolher minhas coisas! - andava cambaleante até o andar de cima, retornando minutos depois, sem nada nas mãos. - Esqueci que apostei as coisas que tinha, o máximo que posso ter deixado por aqui foi um filho! Hahahaha - ria da situação, mas ao ouvir o que falava o draconídeo, assenti com a cabeça. - Então eu não to bêbado demais né? - apontava para o nada. - Fazer alguns exercícios é isso mesmo? Talvez devêssemos fazer isso em algum lugar mais isolado. - coçava a cabeça. - Se algo acontecer, pelo menos não vamos envolver mais ninguém. - as palavras saiam de forma espontânea, com uma suave seriedade.

Bom, já que está decidido, está decidido! - coçava a cabeça, passando a acompanhar aqueles dois rumo a uma zona menos movimentada do porto, ainda que fosse bastante desafiador achar algum canto livre da presença de pessoas por lá. O que já era uma tarefa não tão fácil, parecia ficar pior com minha passagem, afinal, podia não ser íntimo de ninguém importante ali, mas as pessoas simples eram as melhores de conviver. - FALA AE! GRANDE! - berrava a plenas pulmões, chamando a atenção de um anão que transitava com caixas pelo porto. O homem respondia com uma piada de baixo calão, arrancando risos de seus companheiros e meus. - Eae Nelore! Tá sumido do bar hein! Esposa brigou? - dizia para um Tauren, que se lamentava pela rigidez da companheira. - Eu não brigaria com ela também! Você faz certo! - mantinha o sorriso, infelizmente não na mesma constância que o meu caminhar. Com uma pluralidade de raças e mercadores, conhecer rostos simples não era um problema, mais algumas piadas para um grupo de Gnomos, uma laranja quase perfeita de agrado por parte de um grupo de Felídeos. - Esses caras comem frutas? - pensava talvez alto demais, porém agradecido pelo alimento. De um grupo de Orcs, velhos conhecidos ganhava um caneco de bebida o qual precisei virar no local para não ter de carregar uma caneca velha e de uma roda de Avians, assobiava uma canção com a mesma intensidade de quem cantava a melhor das melodias, embora fosse um fracasso total. - Ah, parem com isso! Vocês também cantam muito mal! - brincava, gesticulando com os braços o bater de asas.

Alcancei a dupla alguns minutos depois, chegando a tempo de ouvir uma reflexão interessante sobre o ambiente realmente tranquilo. - Ah sim! Eu imaginei que fosse aqui! - colocava as mãos na cintura e olhava ao redor de uma forma nostálgica. - Quando eu era mais jovem vim de favor no barco de uma orquisa, que eu achei ser uma elfa durante toda a viagem. - respirava fundo. - Talvez eu estivesse muito bêbado durante tudo isso, mas fato é que eu abati minha dívida aqui e quase perdi meu mini-eu por ter esquecido dos dentes dela. - olhava para a dupla e suspirava, mudando para uma expressão levemente preocupada. - Falando agora me bateu um arrependimento e uma tristeza… - ficava mudo, observando a disposição notável do Draconídeo em fazer exercícios. - Você sabe que se morrermos, vamos ser lembrados com o trio que perdeu tudo para um mendigo com sobrenome Rego, né?! - soltava um sorriso. - Perdemos e tomamos no “Rego”. HAHAHAHAHA - gargalhava de tossir, começando a fazer as flexões logo após a dupla começar. - Um…dois…três…quatro… - começava, mas logo passava a sentir o corpo pesado e pesado até, bem o inevitável.

Despertava com um susto. - O que será útil? - não notava, mas parecia que havia realmente apagado de sono no meio do exercício. - Porra o sono tava bom… - bocejava, notando que bem pelo menos um dos dois não havia explodido. - Olha só! Você não morreu! - dizia com espanto, notando que havia feito apenas dez flexões. - Eu teria apagado por horas, foi você? - pensava, olhando para minha cintura, onde o baralho parecia grunhir em minha mente. - Desculpem, eu vou acelerar as coisas. - colocava-me em posição e reiniciava as flexões. Os treinamentos militares não eram um hábito, mas já estavam gravados em meu corpo e isso se refletia na velocidade e perfeição de execução dos movimentos, realizando o objetivo rapidamente embora a quantidade e o esforço cobraram seu preço, logo em seguida, ou pelo menos por alguns segundos. - AH! Agora entendi! - sentia-me sóbrio subitamente. - Eu me sinto da mesma forma, mas parece que vou precisar de mais bebida. - olhava para os dois. - Então o do capuz e Lagartixa voadora, eu conheço alguém que pode nos oferecer um trabalho. - dizia com um sorriso, mas não antes de lembrar algo importante, que me fazia remover o sapato. - AH SIM! PORRA EU ESQUECI! AQUI! - tirava quinze peças de prata. - Eu “esqueci” desse dinheiro aqui. - mostrava para eles o calçado, com as peças em seu interior. - Peguem, dá cinco para cada! Não é muito, mas dá para pelo menos começarmos algo por aqui!