[Narrada/Fechada +18] Mil e uma noites

Violette estava ali, de pé, olhando o horizonte, com as mãos pousadas sobre a balaustrada. Sua postura controlada parecia ligeiramente relaxada, como se permitisse por um momento sentir o peso da noite. Sua presença era serena, mas havia certa inquietude no silêncio dela.


— Lady Violette — chamei suavemente, para não assustá-la.


Ela virou-se lentamente, e a luz da lua refletiu em sua máscara, iluminando suavemente seus olhos. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios, mas havia uma sombra nele.


— Rhānshi — ela disse, sua voz baixa e melancólica. — Você também sente, não é? Esta noite... há algo errado.


— Sim — respondi, aproximando-me. — A atmosfera está densa, e os convidados parecem conscientes de algo que ainda não foi revelado.


Ela suspirou, como se minha confirmação reforçasse seus próprios medos. — Este baile... está se tornando algo muito mais perigoso do que deveria. Não queria acreditar, mas agora vejo que não há como fugir do que está por vir.


Ela hesitou, ponderando se devia compartilhar o que sabia. Havia uma vulnerabilidade em seu olhar que eu não tinha visto antes. Sempre tão controlada, Violette parecia à beira de uma revelação pesada.


— Preciso saber de algo? — Perguntei, tentando não pressioná-la, mas mostrando que estava atento.


Ela deu um passo à frente, a intensidade entre nós crescendo. Seus olhos estavam fixos nos meus, e percebi que isso não era apenas sobre a festa.

Criado por Ani para Sasory

— Existem coisas, Rhānshi, que ninguém aqui ousaria falar. — Sua voz era quase imperceptível. — Mas quando tudo desmoronar, haverá lados. E espero que você escolha o certo.


A atmosfera entre nós se tornava mais carregada, uma mistura de advertência e convite. Ela era um enigma. A atração era evidente, mas havia algo mais em jogo.


Antes que pudesse responder, passos interromperam o momento. Virei-me e encontrei Helena, seu vestido de seda verde brilhando sob a luz da lua.


Ela havia nos seguido, e a maneira como seus olhos cintilavam ao nos encontrar sugeria que havia testemunhado mais do que esperávamos.


— Espero não estar interrompendo — disse ela, com um sorriso leve, embora seus olhos estivessem fixos em Violette.


— Não está — respondeu Violette, com um tom frio, porém controlado.


Helena deu alguns passos em nossa direção, sua presença tornando o ambiente ainda mais carregado. — A noite está ficando cada vez mais interessante, não acha, Senhor Rhānshi?


Ela se virou para mim, seus olhos brilhando com uma curiosidade predatória. — Parece que a festa nos reserva mais surpresas do que imaginávamos. Talvez seja prudente manter nossos aliados por perto.


— Estou começando a perceber isso — respondi, mantendo minha voz firme.


O olhar de Helena passou de mim para Violette, e o silêncio entre as duas era carregado de uma intensidade perceptível. Algo maior parecia estar em jogo, além das intrigas e segredos da festa, uma batalha de poder entre os próprios convidados.

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Helena aproximou-se de mim, suas mãos tocando levemente meu braço. — Cuidado, Rhānshi. Às vezes, aquilo que parece ser uma escolha fácil pode se revelar uma armadilha.


Sua voz era sedutora, mas havia uma advertência oculta em suas palavras. A intensidade entre nós aumentava, e embora o desejo fosse inegável, sabíamos que o jogo era muito maior do que qualquer atração física. Algo mais sombrio e perigoso espreitava, e todos nós estávamos apenas começando a desvendá-lo.


Eu sabia que a noite estava longe de terminar, e cada interação parecia trazer novos segredos à tona. As máscaras, tanto literais quanto figurativas, começavam a cair, revelando as verdadeiras intenções de cada um. O perigo real ainda estava por vir — e, com ele, mais escolhas difíceis.


À medida que a noite se aprofundava, a perturbação no ar tornava-se palpável, como uma corda esticada até o limite, prestes a arrebentar. O corpo encontrado havia transformado o baile em algo muito mais sombrio e imprevisível. O ambiente, que antes exalava frivolidade, agora estava mergulhado em medo e desconfiança. Eu sabia que precisaria lidar com os convidados com extrema cautela, observando cada detalhe e cada gesto.


Enquanto me movimentava pelo salão, percebi que Helena estava próxima, sozinha, observando os outros com uma expressão pensativa. Aproximando-me devagar, sentia que algo naquela mulher, em sua maneira de se comportar, era mais complexo do que aparentava à primeira vista.

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— Senhor Rhānshi — disse ela suavemente, seus olhos fixos nos meus enquanto eu me aproximava. — Creio que estamos diante de algo que vai muito além de um simples assassinato. Você também sente isso, não sente?


Assenti. — Há algo oculto nesta noite, algo que muitos ainda não compreenderam.


Helena deu um pequeno passo à frente, quebrando a distância formal entre nós. O salão, com todo o seu caos, parecia desaparecer por um instante. A intensidade daquele momento crescia, e algo inegavelmente forte estava presente.


Ela olhou profundamente em meus olhos, como se estivesse tentando desvendar meus pensamentos.


A atmosfera carregada de intimidade era inegável, embora nada tivesse sido dito explicitamente. Conduzindo-me para uma ala mais reservada da mansão, Helena afastou-se da agitação do baile. Os sons da festa se tornaram apenas um eco distante. Chegamos a um salão escuro e reservado, onde ela se virou para mim, e a intensidade de seu olhar revelava um desejo de conexão. O silêncio entre nós era repleto de possibilidades.


Antes que qualquer palavra ou ação pudesse se concretizar, um som sutil interrompeu o momento. Passos ecoavam suavemente no corredor próximo, lembrando-nos de que não estávamos sozinhos. Alguém nos observava.


Ela suspirou, visivelmente relutante em deixar aquele momento escapar sem resolução, mas o perigo parecia exigir nossa atenção.

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— Parece que a noite não nos dará trégua — disse ela, seu semblante tornando-se mais sério.


O momento foi ofuscado, e voltamos ao salão principal. As sombras que cobriam os corredores e os mistérios da Mansão Ravenswood continuavam a nos envolver. Contudo, eu sabia que aquela breve conexão com Helena não seria a última, e que outros segredos mais íntimos ainda estavam por ser revelados.


De volta ao centro do baile, notei que Lorde Eldric nos observava de longe, com aquele olhar astuto de uma raposa e sereno. A noite estava apenas começando, e a teia de segredos e desejos que envolvia a todos parecia apertar cada vez mais.


Com o passar do tempo, a apreensão no ar parecia crescer, a corda invisível que nos envolvia ficava cada vez mais próxima de seu ponto de ruptura. A revelação do corpo havia trazido à tona uma nova realidade no baile, e agora, cada movimento, cada palavra, parecia carregado de significado. O clima de leveza e frivolidade havia sido substituído por uma atmosfera de cautela, onde todos os convidados pareciam estar escondendo algo.


Eu sabia que estava caminhando por um terreno perigoso, e que cada passo dado poderia me levar mais fundo em uma trama de segredos. Cada olhar trocado entre os presentes revelava que o verdadeiro jogo daquela noite era muito maior do que eu inicialmente imaginava.


E, em algum momento, eu teria que fazer uma escolha.

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A Mansão Ravenswood estava envolta em um silêncio opressivo após o trágico incidente com o jovem caído. As conversas, outrora marcadas por sutilezas e insinuações, tornaram-se abafadas enquanto os convidados tentavam processar o ocorrido. A morte repentina dominou a noite, lançando uma sombra densa sobre o baile.


Movimentei-me entre os convidados, a mente ainda agitada pelas revelações. À distância, avistei Violette, conversando nervosamente com um pequeno grupo, seus olhos vasculhando o salão, como se aguardasse que outro desastre se abatesse sobre nós.


Enquanto eu me aproximava, um som cortou o ar — um grito agudo que congelou todos os presentes. Era diferente do alarme anterior, mais estridente e carregado de pânico. Rapidamente, os convidados começaram a se aglomerar em direção ao som, e eu os segui, sentindo o coração acelerar. Sabia que a situação estava saindo de controle e que mais um incidente poderia mergulhar o baile no caos total.


Helena, que havia se separado de mim após nosso último encontro, estava entre os primeiros a chegar à porta de um quarto adjacente. O grupo que já estava ali parecia apavorado, como se o que vissem fosse incompreensível. Com firmeza, empurrei a porta e entrei, ignorando os murmúrios nervosos ao redor.

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No centro do quarto, uma jovem jazia imóvel, os olhos fixos no teto. Seu vestido, antes vibrante, estava amassado e rasgado, e uma leve marca no pescoço sugeria que algo terrível havia ocorrido. As suspeitas logo se confirmaram — ela estava morta, assim como o jovem no salão. Outro crime havia sido cometido, e o assassino ainda poderia estar entre nós.


— Não toquem em nada! — Ordenei, alto o suficiente para ser ouvido por todos. A multidão recuou, temendo se aproximar.


Lorde Eldric, que também chegara, observava a cena com a calma imperturbável que lhe era característica. Parecia compreender o que se passava — ou, no mínimo, sabia mais do que demonstrava.


Helena se aproximou, o rosto tomado pela confusão.


— Isso está fora de controle, Rhānshi — sussurrou ela. — Quem faria isso tão rápido, com tamanha precisão?


— Isso não é obra de um amador — respondi, sem desviar o olhar da vítima. — Alguém está no controle deste baile, jogando com nossas mentes.


Entretanto, algo me dizia que este não era um simples assassinato. A sensação era de que os corpos faziam parte de algo maior, envolvendo cada convidado de uma forma ainda incompreensível.


A atmosfera do baile, já tensa, se tornara insuportável. Todos olhavam uns aos outros com desconfiança. As máscaras, antes meros adornos, agora simbolizavam um perigoso jogo de enganação e dúvida.

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Violette se aproximou, visivelmente abalada.


— Senhor Rhānshi, o que faremos? — sussurrou ela. — Este baile está condenado. Não há mais segurança aqui.


Encarei-a, ponderando nossas opções. O isolamento da mansão tornava qualquer fuga arriscada, e o fato de o assassino ainda estar entre nós significava que ninguém poderia sair sem se expor ao perigo.


— Ninguém pode sair até descobrirmos quem é o culpado — declarei com firmeza. — O assassino está aqui, e todos são suspeitos.


Meus olhos vasculharam o salão, observando os convidados trocando olhares desconfiados. O mistério não seria resolvido por meios convencionais. Eu teria que usar todas as minhas habilidades para desvendá-lo.


A noite se transformara em um jogo de sobrevivência, onde a verdade era o prêmio, mas a que custo?


Os corredores da mansão, antes iluminados pelo brilho suave dos candelabros, agora pareciam sombrios, como se as sombras tivessem ganhado vida. O pânico se espalhava lentamente entre os convidados.


Violette permaneceu ao meu lado, observando os criados levarem o corpo da jovem. A presença de Lorde Eldric, sempre vigilante e sereno, sugeria um plano meticulosamente orquestrado.


— Rhānshi — chamou Eldric, a voz calma cortando o ar pesado. — Precisamos de controle. Deixe-me conduzir os convidados ao salão principal. O caos não nos ajudará.

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Por um instante, concordei, mas algo em mim resistia a ceder o controle. Eldric era peça-chave nesse quebra-cabeça, mas eu ainda não sabia de que lado ele estava.


— Fique atento a tudo, Eldric — falei, tentando não soar desconfiado. — Vamos resolver isso, mas ninguém pode sair.


Ele assentiu com a calma de quem já enfrentara situações semelhantes. Contudo, Helena se aproximou novamente, o medo estampado no rosto.


— Precisamos descobrir o que está acontecendo — murmurou ela. — Se mais alguém morrer, será um massacre.


— Concordo — respondi, observando ao redor. — Mas há uma peça que não se encaixa. As mortes, o baile, o clima carregado... tudo segue um padrão, mas ainda não vejo o quadro completo.


A música que antes tocava de fundo havia cessado, e o silêncio era perturbador. O vento contra as janelas criava um ambiente sombrio, oposto ao que esperávamos naquela noite.


— Sei por onde começar — disse Helena. — O lugar que mostrei a você mais cedo. Os segredos da mansão estão lá.


Ela se referia a um pequeno salão reservado, onde havíamos escutado conversas suspeitas. Algo ali ainda precisava ser explorado. Concordei e a segui discretamente, para não levantar suspeitas.


À distância, Violette observava, mas nada disse. Havia confiança em seu olhar, como se soubesse que eu estava perto de descobrir a verdade.

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Chegamos ao salão discreto, onde as tapeçarias e o ambiente fechado criavam uma atmosfera sufocante. O ar parecia carregado com os segredos escondidos.



— Há algo mais que você não viu — disse Helena, nervosa.


Ela puxou uma tapeçaria, revelando uma passagem secreta. Uma escada de pedra descia até o que parecia ser um porão oculto.


— Isso esteve aqui o tempo todo? — perguntei, surpreso.


— Sim, mas poucos sabem — ela respondeu. — Descobri recentemente. Há algo aqui embaixo que pode nos dar respostas.


Descemos a escada de pedra, sentindo o ar mais denso a cada passo. Quando chegamos ao fim, nos deparamos com uma porta de madeira intricadamente entalhada, parecendo proteger algo.


— O que acha que está aqui? — perguntou Helena.


Respirei fundo, ciente da atmosfera carregada. Empurramos a porta, revelando um antigo estudo, cheio de livros e pergaminhos. No centro, uma mesa de pedra com uma adaga incrustada com jóias vermelhas e um pergaminho aberto, evidenciando um ritual.


— Isso não é bom — murmurei.


Antes que pudéssemos discutir mais, passos ecoaram na escadaria. Alguém estava descendo.


— Rápido, precisamos nos esconder — sussurrei.


Nos escondemos atrás de uma estante, mal respirando enquanto uma figura entrava. Ela se aproximou da mesa, examinando o pergaminho e a adaga.


Se fôssemos descobertos, nossa história poderia ter um final trágico.

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A pressão no estudo era esmagadora, rompida apenas pela respiração pesada do estranho que vagava pelo ambiente. Eu e Helena permanecemos escondidos atrás da estante, imóveis, atentos a cada movimento daquele intruso. O ar denso parecia nos sufocar.


De relance, observei o homem parar diante da mesa de pedra. Ele examinava os símbolos no pergaminho, passando as mãos pelo texto como se estivesse confirmando algo. Havia uma certeza em seus gestos, como se aquele lugar lhe pertencesse. Em seguida, ergueu uma adaga antiga, observando as pedras rubras sob a luz fraca das velas.


Helena apertou minha mão, seus olhos fixos no homem. Era possível ouvir o murmúrio de suas palavras, como se estivesse recitando algo. Não compreendi as frases, mas soavam como um encantamento antigo, impregnado de poder e intenções sombrias.


— Precisamos sair daqui — sussurrei para Helena, sem emitir som.


Ela acenou levemente, seus olhos ainda focados no estranho. Pude sentir seu medo crescer, mas também a determinação. Algo estava prestes a ser revelado, e ser capturado antes de descobrirmos tudo não era uma opção.


Quando o homem se virou de costas para a mesa, aproveitamos para nos mover em direção à saída, com passos cuidadosamente planejados. O som de nossos movimentos parecia amplificado no espaço silencioso.

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